RICO (SPIN OFF DA TRILOGIA PERDOAR)

CAPÍTULO 2

ENRICO FONTES

Eu era um homem abençoado. Digo isso sem soberba, pompa ou arrogância.

Era apenas um fato que aprendi a não contestar. Tenho pais maravilhosos que sempre me apoiaram e me guiaram para ser a melhor pessoa que eu poderia ser. Meu pai me ensinou a ser forte, a assumir as minhas escolhas e a honrar com elas.  Ensinou-me a ser transparente comigo mesmo e com os meus sentimentos e a nunca recuar. Minha mãe me ensinou a ter orgulho da minha cor, desde sempre me guiou para saber lidar com racistas que inevitavelmente apareceriam pelo meu caminho, através dela, eu me espelhei a ser sempre o melhor, pois ela era uma das CEO mais respeitadas do mundo. Por isso me concentrei nos estudos, em conseguir um diploma e escolhi estudar na UFRJ onde me formei em economia e apesar de ter conseguido um bom emprego na área, não fiquei por muito tempo, não nasci para viver atrás de mesas trabalhando em um escritório.

Por isso peguei a minha parte que me cabia dos negócios dos meus pais e investi o dinheiro em ações, firmei sociedades, comprei e vendi propriedades e me concentrei na minha verdadeira vocação: Desafiar a velocidade.  Adorava correr estrada a fora em cima de uma moto.

Moto GP começou como hobbie mas logo virou profissional. Conquistei meu legado no esporte, foi tudo rápido, intenso, como eu gostava. Quando eu tive uma excelente reserva financeira, eu me lancei no mundo de vez... Desde adolescente, eu já gostava de viajar, fazia questão de planejar as férias com a minha família, depois quando me tornei maior de idade passei a planejar minhas viagens, seja sozinho ou com amigos, sempre procurava destinos inusitados nas férias da faculdade, aos fins de semana ou feriados, por muitas vezes arrumei uma mochila e parti para Gamboa, terra da minha mãe. Curtia, passeava, às vezes pegava a lancha até Morro do São Paulo só para curtir a balada e a vida noturna mais agitada. Meus pais ficavam preocupados com isso mas confiavam em mim, eu nunca dei motivos para despertar desconfianças deles, pelo contrário, nunca menti sobre nada e apesar do meu espírito livre, gostava de estar sempre perto da minha família, por isso minha morada sempre foi o Rio de Janeiro.

Agora, aos 28 anos eu já conhecia a maioria dos países, aprendi várias línguas, fiz inúmeros intercâmbios, adorava estudar sobre a cultura dos países que visitei, eu tinha uma sede insaciável para o conhecimento. Eu sou de fato um cara apaixonado pela vida que levo e grato por poder desfrutar de tudo um pouco.

Eu nasci para ser livre, não seguia rotinas normais. Eu era acostumado a acordar no meu apartamento no Rio de Janeiro e querer anoitecer nos lençóis Maranhenses ou em um avião indo para Bahamas e fiz isso, muitas e muitas vezes. Nunca fui homem de degustar pequenas porções, sempre fui de engolir, de me jogar, de aproveitar tudo que eu podia proporcionar e gostava de proporcionar prazer, diversão, alegria para quem está do meu lado.

Meu nome é Enrico Pereira Fontes, mas gosto que me chame de RICO.

Rico não é só meu apelido, é quem eu sou. Sou Rico além de ter muito dinheiro. Tenho riqueza em família, em amor, em sexo, em vitalidade, em alegria. Sou rico em minha essência. Sou abundante. Tudo em mim é demais.

Eu dou um último mergulho no mar de búzios antes de sair. Era um fim de tarde lindo de segunda-feira e eu não queria desperdiçar em meu apartamento na capital, por isso resolvi esticar para búzios, como sempre, decidi de última hora visitar meu irmão, minha cunhada e minhas sobrinhas. Apareci de surpresa na noite anterior com sacolas lotadas de presentes para Liz e Pérola que se esbaldaram com as bonecas, roupas e mais jogos de vídeo games. Maya e Raví já haviam parado de tentar me controlar no que se dizia respeito a mimar minhas sobrinhas. Gostava de vê-las sorrir, de fazer algazarra, de leva-las para passear de lancha ou só brincar de bonecas ou qualquer bobagem que elas inventassem. Além disso, meu sobrinho estava para nascer e eu mal podia esperar para também mima-lo.