𝗢 𝗜𝗿𝗺𝗮̃𝗼

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𝐒á𝐛𝐚𝐝𝐨, 𝟎𝟑 𝐝𝐞 𝐉𝐮𝐧𝐡𝐨 𝐝𝐞 𝟏𝟗𝟖𝟗

- Bem, conversei com a sua mãe e, ela me disse que foi você que tomou a iniciativa de vir aqui. Acho que realmente vai gostar muito da América.

- É, espero que sim. - A menina respondeu, timidamente, como se temesse alguma coisa .
Aquele sentimento era uma mistura de medo e de alegria ao mesmo tempo. Como se, de alguma maneira houvesse acordado para a vida real, sentiu um peso nos seus ombros.

Medo por estar do lado do homem no qual sua mãe sempre a ensinou a odiar. Olhava para ele e não conseguia ver aquele aspecto monstruoso que sempre imaginou.

Com uma blusa desabotoada na parte de cima, olhos cansados e um cheiro de cerveja misturada com desodorante masculino, Bunch, ainda com tudo isso, tinha sua beleza. Via que ainda tinha bondade e esperança nos olhos, e era isso que importava.

Chegando na casa, o pai ajudou a menina a descarregar as malas. Charlotte observou a casa por fora atentamente, apreciando cada detalhe do lugar, que parecia estar um pouco mal-cuidado.
Deu um suspiro de esperança, e abriu a porta.

Tudo era como a britânica imaginava. A sala tinha um sofá marrom escuro de couro que dava um aspecto tampouco sombrio na casa. Na mesa de apoio, no centro, haviam milhares de latas de cerveja e um cinzeiro no meio. A casa fedia a álcool e a cigarro.

Já estava sentindo falta do seu apartamento na Oxford, mas, vida para frente ! Sabia que mudaria totalmente o aspecto daquela casa, sentia que conseguiria.

Bunch mostrou o andar debaixo do casarão para a menina, que continuava em silêncio. A dupla subiu a escada, indo para o andar de cima, que dava diretamente para uma porta marrom escura.

- O que foi pai ? - Uma voz respondeu, logo após o homem bater na porta com violência.

- Espera ... eu tenho um irmão? - Charlotte perguntou desesperada.

- Ah ! Sua mãe não te contou ?! - O homem exclamou surpreso.

Nesse mesmo momento um menino loiro, com a aparência idêntica de sua mãe e com um mullet abriu a porta.

- Ah, então é ela ? A garotinha ? Prazer, Henry, ou melhor, seu irmão mais velho. - Menino se apresentou não muito animado.

- Prazer, Charlotte. - A menina disse olhando para baixo.

- Filha, infelizmente o quarto de visitas está entulhado com um monte de coisas. Até o final do mês já deve estar livre para você, mas, enquanto isso, vai ficar no quarto do Henry.

Já sem palavras, A britânica entrou no quarto, com roupas para todos os lados e muito sujo, colocou suas malas do lado do seu novo e manchado colchão e começou a arrumas as suas coisas, sem ao menos dirigir uma palavra ao irmão. Alguma coisa a dizia que o menino tinha algo de errado.

Logo Henry saiu com os amigos, e, a menina que poderia aturar tudo menos sujeira, tratou de procurar produtos de limpeza na sua nova casa e limpou o quarto, que parecia não ser limpo desde o milênio passado

[...]

Entrou no carro azul ainda com cheiro de novo, onde estavam seus fiéis amigos de gangue, Belch, Victor e Patrick. Ele tinha ódio no olhar.

- Ela chegou.

- Sua irmã ? - Victor, o de cabelos descoloridos e logo mais inteligente do grupo perguntou com animação, recebendo apenas um "sim" com a cabeça.

Henry estava mais mal-humorado que o normal, seus olhos estavam perdidos na sua inveja. Mal conhecia a menina, mas sabia que ela já havia conquistado o coração do pai. Seus pensamentos malignos foram interrompidos pelas perguntas dos amigos.

- Qual o nome dela ? E, como ela é ? - Patrick fazia infinitas perguntas ao menino que estava concentrado.

- É o meu pai, só que mais atraente. O nome dela é Charlotte, Charlotte Bowers. Veio de Londres.

- Espera, ela tem quantos anos ? - Belch se intrometeu na conversa pela primeira vez.

- Treze ou quatorze, ainda não sei. Só sei que esse verão vai pegar fogo para ela, bem no estilo de Derry e isso que importa.

A Extraordinária História de Charlotte Bowers (PRIMEIRA VERSÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora