𝗔𝘀 𝗣𝗲𝗱𝗿𝗲𝗶𝗿𝗮𝘀 (𝗣𝗮𝗿𝘁 𝟮)

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Algum tempo já havia passado do ataque. O assunto já era outro e, a boca da menina já até havia parado de sangrar, mas o fato era que aquelas crianças nunca tinham paz.

Richie estava entediado, olhou para a direita e viu a mochila de Ben. Sua curiosidade foi maior que a sua educação (como na maioria das vezes), então ele abriu e viu uma pasta. Lá dentro haviam diversas xerox de jornais antigos, falando sobre acidentes que haviam ocorrido em Derry.

- Espera ... Ben, você está estudando nas férias ? - O menino irritou o novo amigo.

- Ei ! Isso não é da escola - o nerd respondeu, ficando com as bochechas rosadas.

Logo o objeto estava nas mãos de todos os pré-adolescentes, que se arrepiavam toda vez que liam os fatos. Algo de ruim estava ali do nascer ao pôr do sol.

O trashmouth não ficou satisfeito, então, continuou mexendo a bolsa de Ben, achando um cartão postal, dessa vez.

- O que é isso ?

- Não é nada.

-  É- é algum p-projeto de história ? - Bill perguntou se referindo á pasta.

- Na verdade ... não. Quando me mudei pra cá, não conhecia ninguém. Então comecei a passsar meu tempo na biblioteca e, acabei descobrindo que o número de desaparecimentos aqui é sete vezes maior que a média nacional.

- Você leu isso ? - Beverly indagou ao menino, já com dúvidas se ao menos terminaria o ensino médio.

- Esse número é só para adultos, com crianças é maior ainda.

Todo o grupo permaneceu olhando para o chão, sem nenhuma coragem de dizer alguma outra coisa. Todos tinham perguntas dentro de suas jovens cabecinhas. Nenhuma criancinha deveria ser condenada a viver em uma cidade infernal como aquela.

Charlotte estava certa de que o serial-killer era seu irmão, Henry, mas, após manusear as folhas, que agora já estavam um pouco amassadas e úmidas, percebeu que o grande número já se fixava desde o século passado. A menina respirou fundo, e tomou coragem para dar seu palpite.

- Vocês acham que ... meu irmão pode estar envolvido nessas mortes ? - Disse se segurando para não chorar.

- Eu tenho certeza que é ele. Na verdade acho que seu pai também pode estar envolvido nisso. - Eddie respondeu, logo sugando a sua bombinha como de costume.

- E-eu acho q-que ele pode estar encobrindo o s-seu irmão, j-já que ele trabalha na p-polícia - o loiro, que estava revoltado por conta da morte do irmão e tentando achar alguma resposta para isso se preciptou, fazendo com que a britânica chorasse de vez.

-  Calem a boca idiotas ! Vocês não estão vendo a menina chorar ? - Beverly repreendeu os amigos - ei, Lottie, não liga pra eles, tá ? E esses assassinatos acontecem desde 1800 - a ruiva tentou acalmar a amiga, enxugando as suas lágrimas e colocando os negros cabelos da mesma atrás das suas orelhas.

- Mesmo que Henry não tenha nada haver com esses assassinatos, ainda continua violento. Lottie, você acha que é seguro voltar pra casa ? - O judeu disse, logo desviando o olhar da menina.

- Calma Stannie ! Você só vai no baile com a rainha Elisabeth, não é namorado dela, que você quer... - Richie riu, deixando o ar mais leve, era isso o que ele fazia de melhor - quem sabe um dia vocês não se casam e têm vinte filhos. O primeiro vai se chamar Richard Uris, já que eu que juntei vocês dois.

- Olha ... se quiser pode dormir lá em casa hoje. Quem sabe não fazemos uma festa do pijama ? - Beverly cortou o menino que, de vez em quando falava demais.

- Hmmmm ... - Richie irritou mais uma vez.

- Com certeza seria ótimo ! Só preciso falar com o meu pai - Charlotte disse dando um sorriso radiante.

- Espera ... vai ficar por isso mesmo ? Tudo o que lemos aqui ? - O asmático exclamou, quase gritando.

- Pensando bem, eu posso tentar descobrir alguma coisa do trabalho do "meu velho" - ela imitou o irmão, fazendo com que todos rissem e esquecessem onde estavam.

[...]

A porta da casa dos Uris se abriu. O sol já estava se pondo e, com ele, todas as energias do menino iam embora.

O cheiro de carne cozida vinha da cozinha. Lá estava ela, a pessoa favorita de Stanley no mundo: sua mãe. Andrea era seu nome, poderíamos descrevê-la como uma bela mulher. Com cachos na maioria das vezes presos em rolinhos, um sorriso marcante e com o coração provavelmente mais bondoso de toda a cidadezinha ela vivia a sua exultantemente.

A mulher conhecia o filho mais do que qualquer um, assim como a maioria das mães, sempre era o conforto doce do menino. Naquele fim de tarde percebeu que algo de errado hava acontecido pelo olhar dele.

Stanley sentou-se na mesa da cozinha e permaneceu ali, com o olhar vidrado em um ponto qualquer. Seu olhar estava perdido.

- Como foi o dia, querido ? Se divertiu muito ? - Andrea disse largando a panela, pegando um copo d'água e se sentando á mesa junto ao filho.

- Fomos à pedreira.

- Aconteceu algo que queira me contar ? Deixa eu adivinhar ! Aqueles meninos de novo ?

O assunto, de fato tinha alguma coisa haver com um dos "meninos", mas o pequeno judeu não se sentia totalmente preparado para contar a mãe de sua paixão e, na verdade nem sabia qual seria a sua reação, já que, na maioria das vezes conversavam sobre o futuro e coisas do tipo. Ele sabia que a situação era como "Romeu e Julieta", já que ele era judeu e sabia que o pai da menina já até tinha chegado a desenhar uma suástica uma vez.

- O cheiro está bom. O que teremos hoje para o jantar ? - O menino perguntou, tentando tirar o assunto da cabeça.

- Salada e carne. Ah ! E falando nisso hoje fui ao açogueiro e, um menino da sua idade está trabalhando lá. Talvez fosse legal se você fizesse amizade, o nome dele é Mike.

- Que bom - Stanley respondeu, sem conseguir expulsar o pensamento da sua mente - mamãe, a senhora sabia que o Sr. Bowers tem uma filha ? Ela veio passar o verão aqui.

A reação da mulher foi apenas se engasgar com a água que estava tomando.

- F-filha ? De onde ela veio ? E ... quantos anos ela tem ? - Andrea disse começando a se tremer toda.

- Está tudo bem com a senhora ? Veio de Londres, e, deve ter a minha idade - Stanley respondeu se questionando sobre a reação da mãe, que agora, tremia ainda mais e quase chorava.

- Meu Deus ! Ela pode estar viva ! Mas ... como ela conseguiu mandar essa menina pra cá ? Filho, vá para o seu quarto, preciso resolver algumas coisas.

                                        [...]

Notas : Perdão pela inatividade ! Prometo de coração me esforçar para postar mais capítulos por semana ! 🥰

A Extraordinária História de Charlotte Bowers (PRIMEIRA VERSÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora