𝗔 𝗙𝗲𝘀𝘁𝗮 𝗱𝗼 𝗣𝗶𝗷𝗮𝗺𝗮

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Com a respiração ainda um pouco ofegante por ter passado a tarde toda nadando, a menina chegou em casa com um pouco de receio de seu irmão ter contado alguma coisa sobre as pedreiras para seu pai. Não estava afim de receber sua primeira bronca americana.

Como na maioria das vezes, o homem estava sentado no sofá, ainda com a roupa do trabalho e com uma lata de cerveja na sua mão. Via um dos poucos programas que a TV a cabo tinha e, essa era sua vida, de alguma maneira ele parecia ser feliz vivendo assim.

- E aí pai ! Como foi seu dia ? - A menina disse, chamando a atenção do pai.

- Foi bastante cansativo. Um amigo do Henry desapareceu e passamos a manhã toda investigando. Patrick, conhece ?

- Esse nome não me é estranho ... - logo mudou de assunto, sem comentar do soco do seu irmão - posso te perguntar uma coisa ?

- Claro, Charlotte ! - O homem respondeu, levantando uma sombrancelha e pensando ser algo sério.

- Posso ir dormir na casa de uma amiga minha ? Por favor - a britânica disse com uma voz mais fina que o comum, tentando convencer Bunch.

- Posso saber quem é essa amiga ?

- Beverly Marsh - respondeu engolindo seco por conta da má fama que ela tinha.

- Bem, nunca ouvi muitas coisas boas à respeito dessa menina, mas vou te deixar ir, apenas tome cuidado.

Então, a garota subiu as escadas com um leve sorriso no rosto, ela estava animada e ao mesmo tempo aliviada. Arrumou sua bolsa com as coisas necessárias e depois tomou um banho, quem saberia o que poderia ter naquela água.

Saiu o mais rápido que pôde, para não se encontrar com o irmão. Por sorte,a casa da sua amiga era apenas duas ruas atrás de sua casa, então conseguiu encontrar com facilidade. Chegando lá, foi logo para o quarto da menina, sem nem mesmo cumprimentar seu pai, que parecia ser tampouco estranho.

Olhou para o quarto que era bem feminino e deu um sorriso de lado, estava feliz por finalmente dormir em um lugar bonito e que dava gosto de ver. Charlotte tirou um radinho da sua mochila e colocou "Mamma Mia", do Abba para tocar.

- Mamma mia ? Sério ? - Beverly riu.

- Qual o problema ? Me respresenta muito  - a menina começou a cantar em um tom desafinado, influenciando a amiga a fazer a mesma coisa .

" Olhe para mim agora, será que eu vou aprender?
Eu não sei como mas de repente eu perco o controle
Há um fogo dentro da minha alma
Apenas um olhar e eu posso ouvir os sinos tocarem
Apenas mais um olhar e eu esqueço de tudo"

Então, inesperadamente a porta do quarto se abriu: era o sr. Marsh, pai de Beverly. Tinha um aspecto cansado e, parecia estar bêbado. Charlotte sentiu pena de sua amiga, percebeu que as duas se davam tão bem pois enfrentavam problemas parecidos e, de alguma forma encontraram amizade na dor. Ás vezes a resposta está na dor.

- Beverly, dá para calar a boca ? - O homem gritou, entrando no quarto sem nem mesmo bater na porta e fazendo a filha ficar cabisbaixa - da próxima vez me avisa quando trouxer suas amigas aqui.

A menina dos cabelos vermelhos como o fogo não queria que Charlotte descobrisse que seus problemas eram muito piores. Ela era forte, forte como um leão, mas, ao lado do pai se sentia apenas uma formiga inútil.

Depois do homem bater a porta com violência, a ruiva tirou do bolso um maço de cigarros e acendeu um. A fumaça que entrava dentro de seu pulmão a fazia lembrar-se dos bons e velhos tempos, fazia lembrar-se de sua mãe, que foi vítima de um dos milhares desaparecimentos de Derry.

- Até você com essa maldição, Bev ? Larga isso ! Isso vai te matar lentamente - Charlotte disse tentando tirar a droga da menina.

- E quem disse que eu quero viver ? - Ela riu. De alguma forma, as gargalhadas sempre deixavam tudo mais leve.

- Viver é bom ! O que seria de nós duas sem sem pular nas pedreiras ou sem rir das piadinhas sem graças de Richie ? Bem, eu não seria nada.

- Mas você chegou aqui anteontem - Bev riu.

- Talvez eu não soubesse o que era viver antes de anteontem - Charlotte disse, roubando o cigarro da mão da amiga e jogando pela janela - e ... além do mais acho que você não quer ficar com uma cara de setenta anos daqui há dez anos, quer ?

A menina dos cabelos ruivos com certeza ficou com um pouco de raiva, mas não importou, já que sabia que Charlotte apenas queria o seu bem. Sentia que a britânica era como uma resposta divina, talvez ela fosse ser a amiga que nunca teve. Não fazia nem dois dias que as duas se conheciam e já se tratavam como irmãs.

Então, inesperadamente a menina dos cabeos pretos como o carvão se levantou e tirou algo de dentro da sua mochila. Beverly tentou espiar o que era, mas não conseguiu enxergar muito bem.

- Adivinha o que eu tenho aqui !

- Lá vem você com as suas maravilhas!

A menina mostrou um lindíssimo vestido de baile verde que, combinaria perfeitamente com os cabelos cor de fogo da menina. Já que as duas iriam ao baile juntas, Charlotte decidiu emprestar um de seus vestidos para a nova amiga, que estava com um sorriso mais radiante que o sol ao meio dia.

 Já que as duas iriam ao baile juntas, Charlotte decidiu emprestar um de seus vestidos para a nova amiga, que estava com um sorriso mais radiante que o sol ao meio dia

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- O que achou ? Chanel, baby !

- É ... é simplismente lindo ! Obrigada Lottie - as duas amigas se abraçaram.

- Na verdade, eu também trouxe o que eu vou usar, só pra saber a sua opinião - Charlotte disse mexendo mais uma vez na sua bolsa mas, dessa vez ficando em silêncio.

- O que foi ? Aconteceu alguma coisa ?

- M-meu vestido favorito ... está despedaçado - a menina disse olhando em volta do seu antigo vestido, que agora não era nada mais nada menos do que talhos de pano de luxo.

- Deixa eu ver - disse a amiga esticando o vestido, de uma maneira que desse para ver um imenso rasgo em forma de "H".

- Foi ... foi aquele desgramado do meu irmão ! Era VERSACE ! VERSACE - ela gritou com toda a sua raiva.

- Calma ! Vamos arranjar um jeito de arrumar isso aqui !

- Não dá ! Gianni desenhou pra mim ! Ele é amigo da minha mãe e com certeza não vai desenhar um vestido pra mim ! Não a tempo do baile ! Aqui tem algum shopping ?

- Não, mas tem um na cidade vizinha. "Starcourt" o nome, se eu não me engano. Essa franquia tem em toda América e, dizem que lá tem ótimas lojas.

- Então podemos dar um jeito de ir até lá, o mais rápido possível !

Charlotte ficou com um pouco de ódio no coração por conta do que Henry havia feito com o seu vestido e, de fato, iria revidar de alguma forma.

A noite passou, as duas conversaram sobre todos os assuntos existentes na face da Terra até o sol nascer. Talvez as duas finalmente houvessem encontrado o verdadeiro sentido da vida.

A sua boca já estava cicatrizada e, era assim que a menina entendia o mundo. Para ela tudo tinha cura, para ela, todas as feridas se cicatrizavam, e, a sua mágoa com o valentão também.

[...]

A Extraordinária História de Charlotte Bowers (PRIMEIRA VERSÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora