Pra me refazer

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"Eu nunca pensei que encontraria uma saída

Nunca achei que ouviria o meu coração bater tão alto

Eu não consigo acreditar que ainda há algo no meu peito

Eu nunca soube que tinha a chance de voltar a dançar

Mas, caramba, você fez eu me apaixonar de novo"

As luzes da sirene haviam invadido a casa de campo em poucos segundos, polícias arrebentaram a porta enquanto a ambulância carregava o corpo desacordado de Hoseok. Por entre a agitação que aquela noite havia começado, a chuva do lado de fora deixava a atmosfera ainda mais pesada, entretanto em meio a tanta bagunça Yoongi permanecia quieto.

Havia sido arrastado por entre o mar de pessoas até uma ambulância mais próxima e lá estava sendo encaminhado para o hospital. Contudo, mesmo que tudo parecesse correr em uma velocidade absurda para qualquer um que observasse aquela situação o Min ainda estava preso em pequenos segundos.

O espaço de tempo que havia se estendido desde o tiro até seu transporte para o hospital, Yoongi estava em estado de choque. A cada misero segundo sua mente revivia os acontecimentos anteriores o forçando a ficar preso em um momento decrepito onde seu melhor amigo havia sido baleado e seu padrasto algemado e preso na sua frente.

Parte de sua mente não conseguia processar o que havia acontecido enquanto a outra parte permanecia em negação. Mesmo que estivesse em um lugar seguro, sendo medicado e atendido enquanto seu maior pesadelo estava sendo preso e com certeza pagaria por seus crimes, Yoongi não conseguia sentir felicidade alguma.

Hoseok havia sido atingido e aquela altura poderia até mesmo estar morto, o homem que havia lhe criado era um monstro e estava preso, Yuju estava morta, não sabia por onde andava Dahyun e Taehyung... bem o Min não conseguiu falar ou ver o alfa. De alguma forma, mesmo que tudo caminhasse para lhe provar que o pior passou, Yoongi sabia que era mentira.

O ômega foi criado por Jungsoon e Seulgi, ambos eram monstros que destruíam tudo que tocavam. Yoongi se sentia como eles. Todos que amavam se machucavam por sua culpa, de alguma forma era como se o Min também fosse amaldiçoado. Poderíamos pensar que tudo estava bem, pensar que a tempestade cessou, entretanto, o oceano depois de uma tormenta, mesmo calmo nunca mais seria o mesmo.

Yoongi sabia disso agora. Como se um véu descortinasse em sua frente lhe revelando uma verdade que negou tanto a aceitar. Mesmo fugindo de seu passado, ignorando o abuso, negligenciando sua dor e o efeito que isso possuía em si, finalmente era hora de encarar a realidade.

O Min havia morrido naquela noite. Não era uma morte física, ainda respirava no final das contas, mas de algum modo sentia que não morava mais em seu corpo. O ômega já havia sentido a vida, como um dos mais belos jardins em primavera, contudo agora era apenas como um grande campo deserto, sem sinal de flores ou alma viva. Yoongi estava em milhares de cacos, partido ao meio.

— Senhor? Poderia me responder? — Yoongi queria poder responder, mas como se um nó estivesse preso em sua garganta ele não conseguia falar nada. Não achava as palavras, sabe-se lá em que parte de si, estavam estas perdidas, porém o Min não conseguia pensar em nada. Sua mente era um zumbido.

— Ele está catatônico. Não irá te escutar — O Min ouvia perfeitamente a conversa dos enfermeiros ao seu lado, ao contrário do que elas pensavam. Somente não conseguia se ater naquelas palavras. Sua mente girava em espirais sucessivas sem chegar a lugar nenhum.

— Acha que devemos dar um tranquilizante a ele? — O enfermeiro perguntou e Yoongi não conseguiu escutar resposta alguma vindo do outro, porém mesmo assim ele reuniu todas as forças que tinha para encolher-se sobre a maca em posição fetal. Não queria ser sedado. Precisava estar acordado, sentia que precisava passar por aquilo sem fingir mais.

13 lições de um sexólogoOnde histórias criam vida. Descubra agora