4° Capítulo

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Ficamos brincando de verdade é desafio, sabendo de tudo sobre todos. Agora era a vez da Mari, ela não é boa na brincadeira.

- Mariana olhou para o Carlos.- Carlos, verdade ou desafio?- Carlos demorou um pouco para responder.
- Verdade!- Responde Carlos.
- Você já ficou com alguém desse círculo?- Com malícia Mari pegunta.
- Verdade.- Todos ficaram se olhando, talvez se perguntando com qual das irmãs.
- Verdade ou desafio?- O alvo foi Lucas, mas ele só olhava para a garrafa.

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- Volta para o rio piranha!- Escuto pessoas gritando e meu rosto molhado.

Mariana e Cecília, jogaram água em meu rosto, com todos ao redor zuando, menos Carlos, que também acordou molhado. Olhei para o lado, estávamos emaranhados juntos entre as cobertas, tínhamos colocado os colchões na sala e ficamos assistindo até tarde. Antigamente tínhamos o costume de sempre fazer isso, principalmente para assistir rebelde, aquele momento era de pura loucura. Todos estão rindo de nossas caras, fuzilei cada um com o olhar, levantei do chão e fui para o banheiro. Na casa dos Andrades tem quartos de hóspedes, sempre utilizamos eles, fui para o quarto que sempre costumo ficar e peguei uma muda de roupas.
Assim que terminei o meu banho quentinho, fui para o quarto vestir a roupa, mas fiquei reparando no quarto. Paredes bege, cama de casal com jogo de cama branco, mesas de cabeceiras da mesma cor e um guarda roupa também branco, era um quarto impessoal, perfeito para hóspedes.
Eu já possuo 17 anos, trabalho em uma das lojas da minha mãe e as vezes como modelo, lá em casa todo mundo já tem seu próprio dinheiro, não são todas nós que trabalhamos na empresa de nossa mãe, mas todas começamos lá. Eu sou determinada em tudo o que faço, esse ano vou terminar o ensino médio e ingressar no superior, tenho muitos planos e estou correndo atrás, minha mãe sempre me ensinou a ser independente e é assim que quero ser, ninguém sabe por enquanto, mas quero passar em uma faculdade longe do Rio, quero uma nova experiência, já até escolhi o lugar.
Fico pensando, o quanto a vida muda. Um dia você tem suas amizades de anos, está apaixonada por alguém, e no outro, descobre a grande mentira, que todos te traíram, estou querendo recomeçar, dar uma nova chance, sei que se eu sair dessa cidade, sem ter resolvido nada, não vou me sentir bem, irei me sentir presa ao passado. Ouvindo as conversas do lado de fora, percebi que fiquei muito tempo pensando e nem me troquei. Para ficar durante a tarde, decidi vestir um vestido florido e rodado, sua cor é maravilhosa, fundo branco e rosas vermelhas e outras flores de cor salmão, tênis branco e estou pronta.

- Cheguei!- Pulei batendo palmas para entrar na sala de jantar, fui desfilando até chegar no meu lugar, no meio do Carlos e Lucas.- Bom dia a todos.- Todos responderam ao meu bom dia.
- Como está sendo o último ano letivo para vocês?- Tio Bernardo pergunta, ele é o pai do Gustavo.
- Uma loucura, faltam só 2 meses e eu nem escolhi meu vestido.- Mari responde, ninguém escolheu o vestido.
- Está cedo Aninha.- Lucas respondeu, ele é o único que a chama assim.
- Mari o fulmina com o olhar.- Não está cedo! Faltam só 2 meses, eu não vou conseguir achar o vestido perfeito, todas escolheram azul clássico, espero que ninguém use o mesmo que o meu.
- Todas nós esperamos, é bom começarmos a ver se elas escolheram o vestido, assim ninguém vai igual!- Eu dou a ideia e as meninas concordam. Assim começamos a tomar café.

Rio de Janeiro, cidade maravilhosa, de um estado brasileiro, Brasil o país tropical, que parece queimar igual o rabo de quem está na seca. Muito calor por aqui, decidimos tomar um banho de piscina, peguei o meu biquíni estilo cortininha branco. Já na parte de trás da casa, onde tem a piscina com um deque de madeira e mesas com cadeiras também de madeira e guarda sol, encontrei todo o pessoal, assim que entrei Carlos e Rodrigo olharam para mim, todos olharam para minha direção, a procura do que eles estavam olhando.

- Sabe Mel, acho que alguém merece um castigo.- Gustavo se dirige a Ceci, ela o olha confusa.
- Castigo?- Ele confirma, ela ainda confusa pergunta.- Por que castigo? Alguém fez algo de errado?
- Fez sim, algo muito errado, sabe não se deve deixar os amigos.- Seu olhar se dirige a mim.- Amizade não pode ser ignorada.

Assim que o Gustavo diz isso, percebo que o mesmo tinha saído da piscina e estava vindo em minha direção, logo coloquei meus cambitos para mexer, corri e fui para a parte da frente da casa. Gustavo é rápido e estava me alcançando, fui para trás do carro e começamos a rodear. Quando pensei que o mesmo estava cansado, comecei a correr rumo ao espaço da piscina, mas infelizmente Gustavo me alcançou.

- Não consegue fugir do lobo mau.- Comecei a bater em suas costas. Mesmo sabendo que não passava de uma brincadeira, eu me desesperei.- Para mulher, isso dói!- Me deu um tapa na bunda.
- Você é um ousado e troglodita, me põe no chão! Eu não fiz nada!- Continuei socando suas costas.
- Fez sim, deixou a minha amizade, só conversou com o Lucas.- Em sua voz mostrou a mágoa.
- Vocês Andrade me traíram, mentiram para mim, vocês merecem...- O idiota me jogou na piscina. Engoli só um pouco de água.
- Eca Gustavo! Você me paga, engoli água, fico imaginando o tanto de vezes vocês mijaram aqui, seus porcos!- Vou lavar a boca com água sanitária.
- Não viaja Alana, não mijamos na água. Agora nada Sereia.- Rodrigo zombou.

Brincamos de quem aguenta mais tempo por baixo d'água, briga de galo... A zoeira só acabou quando estava perto de anoitecer, as meninas e eu tínhamos um compromisso.

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Daqui do pé do morro escutamos o som alto, sinal de que o baile começou, aproveitamos que víamos para cá, para visitar nossa vó, nossa amiga é irmã do dono do morro, chamou para virmos nesse baile, comemoração de 22 anos da mesma. Comecemos muitas pessoas daqui, acabamos conhecendo a Luana, o seu irmão virou dono faz pouco tempo, odiamos essa ideia, viramos amigas dele e nenhuma de nós 4 aceitamos sua escolha, nem mesmo Yasmin que assim que soube sumiu, era sua namorada e não sabia que ele era do crime. Vovó nos contou as novidades do Vidigal e fez uma janta maravilhosa, assim que comemos subimos o morro, todos como sempre nos olham, alguns até nos chamam de piranha e falsas, por andarmos com o dono e sua irmã. Logo na entrada do baile, os vapor todos cheios de armas, Bruno tentava ao máximo tirar os meninos do movimento, mas quando está dentro, dificilmente você sai, então existe muito pivete com armas maiores do que eles. Acho muito triste essa situação, todos tem oportunidades, só que alguns escolhem o caminho mais fácil. Graças a Deus, minha mãe nos protegeu, acredito que se tivéssemos continuado no morro, não iríamos para a vida do crime, pois nossa mãe sempre nos deu exemplos e não iria permitir. Bruno foi fraco e sabe disso, ele mesmo já quis sair do crime, mas dessa vida você só sai de uma forma. Encontramos Luana comprando bebida, comprimentos ela e a parabenizamos. Logo tocou as músicas que gostamos. Pedi uma vodka com gelo de água de côco e já fui descendo ao som da música. Suada e com a camiseta colando, fui pedir whisky puro, hoje quero curtir.

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Já era 3h da manhã e ainda estávamos no pique, nosso quarteto estava dançando todas e chamando atenção de todo mundo. Já tinha ficado com dois, lá do cantinho eu via Bruno me encarando, mas eu sabia que seria só mais uma, e eu não quero, nossa amizade é muito boa, não quero vacilar de novo. Eu já estava muito alterada, bebi todas e acabei exagerando. Peguei meu celular e liguei para quem não devia.

Ligação...

- Oi Alana- Ele atendeu sonolento.
- Eu tenho saudades, não quis prejudicar nossa amizade, me odeio por me apaixonar por você. Vocês Andrades mentiram para mim!- Eu disse embolado.
- Não culpe todos, Alana a culpa é minha, desculpa, vamos resolver isso?-Luana pegou o meu celular e desligou.

Fim da ligação...

- Você está louca? Não se liga para ex depois que bebê! Eu devia ter pego os celulares.- Luana bufa e revira os olhos.

Eu comecei a chorar e me sentir mal. Luana chamou minhas irmãs e fomos para sua casa, assim que chegamos eu vomitei horrores, lavei a boca e dormimos na sala mesmo.

Menina SoltaOnde histórias criam vida. Descubra agora