Point Of View Alissa Baldwin
Consultei o celular mais uma vez à espera da mensagem de Devon e ele ainda não me respondeu. Passei o dia anterior e boa parte daquela manhã guardando tudo que havia no meu apartamento em San Francisco. Felizmente, não tenho muitas coisas. Mas depois de dirigir sozinha durante 6h, a exaustão está bem nítida em meu rosto. O cabelo está preso com um elástico que encontrei jogado no carro, num coque frouxo no topo da cabeça. Normalmente meus olhos são castanhos claro, mas agora estão uns tons mais escuros, graças às olheiras que os acompanham.
Levei uma batata frita até a boca e a mastiguei enquanto deslizava os dedos na tela do celular procurando por produtos para fazer skincare, os que eu trouxe na mudança estão para acabar. Levantei o olhar em direção da janela da lanchonete e deu para ver que está ventando forte pelo balançar das folhas das árvores.
Bufei, vai esfriar e Davon até agora não deu sinal de vida.
Quando fui voltar minha atenção para o celular percebi que um garoto de cabelo curto e escuro está olhando em minha direção, seu braço esquerdo é coberto por tatuagens e a mão está relaxada ao lado do bolso enquanto o braço direito está apoiado na bancada. Ele aparenta ter a minha idade. Analisei mais o rosto dele e reparei em uma tatuagem ao lado do olho esquerdo e outra acima da sobrancelha direita, não da para ver bem qual desenho é pois está escuro, ele tem um semblante meio provocante e seus olhos escuros não escondem muito bem suas intenções. Pela roupa toda preta que ele está vestindo e pelo jeito que ele olha, provavelmente espantaria qualquer garota que anda sozinha na rua a noite, outras provavelmente se derreteriam com seu jeito descolado. Eu seria a garota que provavelmente andaria rápido.
Meus olhos foram até a sua boca que ali está se formando um meio sorriso. Acho que o olhei demais. Pelo jeito ele entendeu errado, eu estou o olhando porque senti que ele está olhando e não porque eu estou com a mesma intenção, mesmo que ele seja bonito. Revirei os olhos e voltei para a tela do celular até sentir ele vindo em minha direção, sentando no banco vago em minha frente enquanto eu o acompanho com os olhos. Droga.
- Oi! - ele disse se inclinando para frente, relaxando os braços em cima da mesa.
- Oi! - respondi com indiferença.
- Você vem sempre aqui? - inclinou um pouco a cabeça para o lado enquanto analisa discretamente o meu rosto, mas não foi tão discreto assim.
- Você sempre vem?
- Sim.
- Então deve saber que não venho sempre aqui. - respondi olhando séria para ele, deu pra perceber que ele se incomodou com a resposta pela maneira que se ajeitou no banco. Ele me encarou por um tempo e eu fiz o mesmo, o confrontando.
- Allie Baldwin… sempre curta e grossa quando não se sente confortável com algo. - quando meu nome saiu de sua boca, fiquei levemente espantada mas não queria demonstrar isso.
- Como sabe meu nome? - um certo medo passou pela minha coluna. Só falta ser alguém desagradável do meu passado que eu não me lembro por, na maioria das vezes estar bêbada em festas, na época em que eu morava aqui. Ele riu pelo nariz, o que me preocupou mais ainda.
- Sou o Christian Beadles… estudávamos na mesma sala… - fiquei pensativa tentando resgatar algumas memórias mas não conseguia me lembrar, entortei a boca e olhando pra ele esperando que ele se explicasse melhor. Ele relaxou os ombros e um tom de decepção e seriedade passou pelo seu rosto. - Eu conversei com você depois que um cara tinha te magoado na festa de despedida do ensino médio, você tinha se perdido da sua amiga, quando você estava chorando fui falar com você. - péssima lembrança, mas pelo menos me recordei.
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Running over
FanficQuando Allie Baldwin se muda para o apartamento de seu irmão, Devon, a fim de se dedicar ao trabalho de modelo, não imaginava reencontrar Justin Bieber em sua pior fase. Um relacionamento de amizade acaba surgindo por escolha de ambos, como um meio...