Capítulo 6

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Trevor

Dormi cedo e no outro dia fui pro colégio com o Jensen de novo. As aulas passaram rápido e no almoço fiquei no grupo com os meninos do time no refeitório.

Eles planejavam uma festa de conformidade no fim de semana. Só pra festejar a maturidade que eles estão tendo em se conformar com a nossa derrota na partida do último fim de semana.

Qualquer motivo pra beber.

- Não sei se vou. - contava eu. - Não posso beber. Tô tomando remédio pra meu pé sarar logo.

Merda de situação que me encontro. Mal vejo a hora de tirar esse gesso e ter um pouco da minha dignidade de volta.

- Não precisa beber.

- Tá e que porra eu vou ficar fazendo lá? Porque dançar eu não posso. Acho que nem transar eu consigo... - imaginei a dor do meu pé.

- Tá foda. Mas duvido a Hillary não ir. Mesmo sem você. - Evan cogitou com uma cara de quem nem liga pra isso.

Claro que ele não liga. Não é a vida dele.

- Que vá. Eu não ligo. - dei de ombros.

Meu namoro com Hillary é só fachada, só por popularidade mesmo.

Dei uma observada ao longo do corredor é no final estava a Alícia, guardando os livros, ou tentando. Quando ela abriu o armário caiu tudo pra fora.

Não me lembro dela ser tão desastrada.

- Olha lá a nerd... - um dos menino apontou. - Cê acredita que ontem ela teve a audácia de jogar na nossa cara a derrota do jogo?

Bem a cara dela.

- A gente podia dar uma lição nela. Já faz muito tempo que essa nerdzinha fica afrontando a gente. Quem ela pensa que é? - Evan comentou estalando os dedos.

- Irmã do Jace... - Jensen lembrou.

Muito bem lembrado, Jensen.

- Jace nem estuda mais aqui. - Evan justificou.

- Ninguém faz nada com ela. - ordenei.

- Porque não? - Evan cogitou.

- Só eu tenho passe livre da zuera. Tá ligado? Deixa eu me recuperar do pé que ela vai ver. - dei um sorriso convincente.

Alícia, Alícia... Você tem que entender as regras.

- Tudo bem. Vamos achar outro por hora.v- eles ficaram olhando o pessoal passeando pelo corredor.

Alicia conseguiu guardar os livros e entrou no refeitório.

Ela sempre olha pra frente, mas seus olhos nunca ficam em ninguém. Filha da mãe esnobe.

Acho que esse foi o mecanismo de defesa que ela criou pra aguentar todo mundo.

Passou pela gente com o nariz empinado e foi direto pegar o almoço dela, depois sentou sozinha na mesa e um tempo depois um garoto sentou com ela.

Eu não conheço ele. Nunca tinha reparado que ela andava com algum cara por aqui. Eles parecem se dar bem, ela até sorri conversando com ele. A coisa mais difícil é fazer a Ally sorrir.

Ela só sorri quando ganha algum prêmio ou quando está sendo debochada.

Ali não parece nenhum desses dois sorrisos.

Tô surpreso.

E o sorriso dela é bem bonito. Não me lembro dela ter usado aparelho alguma vez. Sempre teve os dentes certinhos, assim como os fios do cabelo.

Não sei porque ela gosta tanto de se auto-excluir. Porque feia ela não é. Nunca foi. Mas ela se fecha do mundo e abraça esses livros como se eles pudessem proteger ela de tudo junto com a porta do seu quarto que só vive trancada.

E, ela derruba todo mundo com os livros também, literalmente. Na 8° série ela deu uma voadora num garoto, como um livro do Stephen King. Coitado foi parar na enfermaria.

- Trevor!!! - levei um tabefe na cabeça pelo Jensen. - Ficou surdo?!

- Não. Cê tava me chamando antes?- olhei pra ele confuso.

Não posso passar um segundo pensando que tem alguém falando comigo. Mas que droga...

- Só umas mil vezes. - me seu outro tabefe. Deixa eu poder me levantar e dar um soco que ele vai ver. - O que vai fazer depois daqui?

- Tenho uma aula e um compromisso.

- Compromisso? Com a Hillary? - ele franziu o que pode do rosto.

- Não. Outra coisa. Porque? - peguei o refrigerante e dei um gole.

- A gente vai na praia.

Praia? Eu gosto de praia. Cacete! Queria ir!

Foi difícil responder a isso. - Da próxima eu vou.

Tenho que fazer minha parte do trato, infelizmente...

The New Bad BoyOnde histórias criam vida. Descubra agora