Alícia
Meu dia estava ótimo, indo de bom para melhor a cada centímetro que eu andava. Eu estava blindada com minha jaqueta de couro e a touca de lá em meus cabelos.
Quente e nem aí pra ninguém.
As pessoas no ônibus não me zuaram, nem no corredor por eu ser inteligente, também, agora eu sou oficialmente o orgulho dessa escola.
E eu reparo em tudo. O fato de eu andar sempre sozinha me faz sempre reparar em tudo e todos.
E não me incomodo de não ter amigos. Todo mundo nessa escola é podre. Todo mundo.
Sempre lutando pra ver quem é o mais popular.
Eu luto pra tirar boas notas e terminar logo essa fase da minha vida. Não quero holofotes, luto pra não ser notada.
Mas é porque sou anti-social ou deprimida? Não!
É só pelo fato do meu irmão ter sempre sido a droga do popular que me infernizou durante todo o tempo que esteve aqui.
E é óbvio que todo mundo fez o mesmo que ele. E eu virei a chacota da escola.
Por isso quero que todos se fodam.
Assim que entrei na sala, recebi um bilhete da professora. - O treinador deixou pra você. - ela disse.
Franzi minha testa sem entender o que se passava, desdobrei o papel e só falava que era pra eu comparecer a sala dele.
Fui lá imediatamente, carregando minha mochila.
No caminho passei pelos idiotas do time. Tinha chegado o dia deles me respeitarem. Enquanto eu trouxe prestígio pra escola, eles levaram o time pro buraco. Então quem tá por cima agora?
Passei por eles com a mais alta confiança que se manifestou em mim.
- Mas não é a nerdinha irmã do Jace?
- Alícia Backer!!!
- É verdade que você se tornou a nerd Suprema do colégio?
- Colégio não, da região.
- O tédio deve tá ultrapassando os limites.É, eles não mudam.
Olhei pra trás e abri um grande sorriso. - Calem-se P.E.R.D.E.D.O.R.E.S.
Eles não falaram mais nada e eu entrei na sala do treinador.
Eu odeio essa sala e tenho medo dele.
Estava ele sentado e de costas, na cadeira de rodas estava o Trevor Bexter.
Ninguém especial além de ser o sucessor do idiotismo do meu irmão.
Ele não me viu entrando porque estava muito concentrado no celular.
Sentei na cadeira depois de um oi que dei e um pedido pra sentar-se do professor.
- O que houve? - perguntei já nervosa e o Trevor olhou pra mim. Eu vi pela visão periférica.
Tem poucas coisas que me deixam nervosa. São as coisas em que sou muito ruim.
Eu sou ruim em muita coisa, mas tem coisas que eu sou muito, mas muito ruim mesmo. Uma delas é educação física.
- Alícia, todo mundo sabe o quanto você é inteligente e tudo o que você tá fazendo pelo nome da escola. Mas... Você é péssima na minha matéria.
Tá vendo aí.
- Eu tirei ótimas notas nas provas. - frizei tentando escapar do sermão.
Se sou muito ruim eu me esforço. E eu me esforcei pra fazer as provas de educação física. Quase fechei a nota.
- Na teoria. Estou falando de prática. A teoria só vale metade da nota. E você é péssima na prática.
Eu odeio a prática.
Trevor riu enquanto ouvia tudo. Olhei pra ele com um olhar matador e depois voltei pro professor, com minha cara normal.
- Eu não consigo professor. Cê sabe que eu sou péssima em esportes. Em tudo que exija desempenho do meu corpo. - me expliquei.
- Pois melhore. Infelizmente eu não posso fazer nada pra mudar isso. Mas...
Sempre existe a droga do mas. E nem sempre é uma alternativa boa.
- Mas... Você pode ajudar esse pobre rapaz a melhorar as notas dele nas outras disciplinas e eu posso melhorar sua nota de portifólio. O que não vai mudar nada na nota prática.
Eu olhei pra ele e ele olhou pra mim com os olhos arregalados.
- Ela? - ele apontou pra mim.
- Ele? - apontei pra ele.
- Sem chances. - falamos juntos.Mas de jeito nenhum. Eu sei o que é conviver com o Trevor. Ele só vivia na minha casa me insultando junto com o Jace.
- Só tô sugerindo. - ele levantou as mãos na defensiva. - Uma mão lava a outra. Mas vocês quem sabem. Era só isso, a reunião acabou.
Levantei da cadeira com minha bolsa e os nervos a flor da pele.
Como vou tirar boas notas se não consigo fazer nada de esporte?!
Não vai ser com a ajuda desse imbecil.
- Ô Ally, me ajuda aqui. - Trevor falou e olhei pra ele por cima do ombro, ele abriu um sorriso cínico.
- Se vira. - revirei os olhos e saí da sala.
- Você não pode dar as costas para um aleijado.
- Posso se o aleijado for você.
- Eu sou humano querida. - ele saiu da sala e veio atrás de mim.
- Sério?
- Me ajuda aqui por favor.
Olhei pra ele é no fundo, lá no fundo mesmo eu senti um pouco de pena, fui até ele, segurei atrás da cadeira de rodas e comecei a o empurrar.
- Pra onde você tá me levando? Minha sala é pro outro lado.
- Tô te levando pra uma escada. Pra te jogar de lá. - dei a curva e empurrei pra outro caminho. - Você é bem pesadinho, sabia?
Pesado até demais pra o que parece.
- Massa muscular, nerdzinha. - ele se gabou.
- Vai sumir toda se não fazer atividade física. - avisei.
- Igual a sua?
Chato demais o cara. Nem sabe agradecer por eu estar o empurrando. Devia jogar de cima da escada mesmo.
Parei na sala dele e soltei a cadeira de rodas.
- Pelo menos eu não tô ruim em todas as disciplinas. Você é burro e só passava porque era do time. - joguei tudo na sua cara e dei de ombros.
Mas ele não se deixou abalar. - Bye bye Ally, nos encontramos nas aulas de verão. - ele entrou na sala.
Debochado.
De jeito nenhum que eu vou fazer aulas de verão.
Vou conseguir entrar em alguma coisa de esporte de última hora.
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The New Bad Boy
Novela JuvenilHavia uma Alícia de quem todos falavam e tinha um Trevor de quem todos também falavam. Só que era sobre coisas diferentes. O mundo de Trevor é o futebol e o mundo de Alícia são os livros. Mas com o final do ano letivo, um vai precisar do outro, me...