Capítulo 4

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Trevor


Sem dúvidas esse dia foi fora do comum. Não só porque ando de cadeira de rodas e vi o real lado dos meus "amigos", mas também vi que tô fudido em tudo.

Tive que voltar pra casa assim que a aula acabou, porque tinha que tomar um monte de remédio pro pé.

- Seu treinador ligou. - minha falou assim que saí do quarto.

Ela estava fazendo o café e meu pai havia acabado de chegar do trabalho.

Eles não estão se falando.

- Foi? - perguntei engolindo um comprimido.

Mas caramba também. O treinador não esperou 1 dia, já veio fazer a cabeça dos meus pais para me pressionar.

Mano, porque eu achei que meus pais seriam como os pais do Jace pra essa coisa de escola e esporte?

É óbvio que os meus são muito mais chatos.

- Ele disse sobre suas notas. Elas precisam melhorar ou você reprova. - contou balançando uma colher grande na minha direção. - Eu te disse, você não deve focar só no jogo meu filho. Olha o que aconteceu! agora você não vai poder mais jogar.

- Seu pé vai ficar melhor e logo você vai voltar. Eu quero ver minha estrela nos melhores times do mundo. - meu pai bateu no meu ombro orgulhoso. Minha mãe revirou os olhos.

No que eles puderem discordar um do outro, irão discordar.

- Se reprovar tá definitivamente fora do time. Não trate de estudar não que sua estrela não brilha sem notas boas. - ela falou pra mim debochada e saiu da cozinha.

Obviamente minha mãe é contra meu futuro no esporte e meu pai é a favor.

Eu tô com meu pai. Mas minha mãe tem razão, preciso estudar se quiser permanecer no meu sonho.

Voltei pro meu quarto provisório e deitei.

Tô dormindo no quarto de hóspedes, pois não precisa subir escadas. Mas é um quarto muito escuro e frio. Odeio ele.

Minha mãe trouxe as coisas que mais uso pra cá, pra não precisar ficar subindo toda hora. Isso inclue os livros.

Peguei uns livros e espalhei na mesa do quarto. Respirei fundo e comecei a ler os capítulos que o professor direcionou e eu tinha anotado no caderno.

Química não deu de jeito nenhum. Não entendo o significado dos símbolos. Não sei nada disso.

Passei pra literatura. Que confusão. Porque as pessoas são tão poéticas?

Depois de mais uma disciplina desisti. Eu me rendo a vizinha nerd. Preciso da Ally, porque se ela não conseguir me ensinar essas coisas, ninguém mais consegue.

Eu sei que ela guarda uma magoa enorme de mim desde que sempre concordei com o Jace, e eu já enterrei bem enterrada a queda que eu tinha por ela naquela época, então nem ligo pra o que ela pensa de mim. Ela é a nerd, é pra isso que serve, ajudar a quem precisa com o que ela aprendeu.

E também se ela se negar é só falar com a mãe dela, que vai fazer uma campanha para ela me ajudar 100% obrigatória.

Em último caso o pai dela, que também é meu camarada.

Não tem jeito. Ela vai ter que me ajudar.

Depois de um grande trabalho pra sair de casa, fui sozinho de cadeira de rodas até a casa dela, que é de frente com a minha. Toquei a campainha e quem atendeu foi a mãe dela.

- Trevor! Que visita boa! Como está o pé? - seus olhos foram direto pra meus pés.

- Melhorando. A Ally tá aí?

Ela estranhou. Eu nunca procuro por ela. Sempre pelo Jace.

- Tá. Ela tá no quintal. Entra. - ela abriu caminho e eu fui girando as rodas da cadeira até o quintal.

Ela tava de costas limpando as flores. Cantarolando.

- Eai? - pigarreei em seguida.

Ela olhou pra mim. - Que cê tá fazendo aqui? - perguntou incomodada.

- Cê tá mais do que acostumada a me ver aqui. - dei um sorrisinho descarado e ela revirou os olhos soprando uma mecha do cabelo que caía da tiara vermelha de corações brancos que estava presa a sua cabeça.

- Quando o meu irmão tá. Mas ele não tá aqui hoje.

Ela tinha razão quanto a crescer e ficar muito bonita.

Mas vou desconsiderar isso.

- Eu sei. Vim falar com você sobre aquela sugestão do treinador. - fui direto.

- O portifólio é pouca recompensa pra ensinar tudo o que você precisa aprender. - voltou a limpar as plantas.

Ela acha o que? Que eu sou analfabeto?

- Eu posso te ajudar a melhorar na prática. - sugeri como minha carta na manga. Qual garota vai recusar receber minha ajuda?

- Como? - ela olhou pra mim e depois pra o pé. - Você nem pode andar. - desdenhou.

- Quem precisa andar, pular, saltar é você. Eu posso te ensinar sentado.

Ainda quer ser a mais inteligente. 🤦

- Não sei não... - ela ficou pensativa.

Chata viu. Vou ter que apelar.

- Por favor Ally. Eu tentei estudar sozinho mas não consegui aprender nada. Eu sou muito burro, você sabe.

- Eu sei. Que bom que admite.

Ata.

- Então, vai me ajudar ou vamos passar o verão juntos no curso de verão?

Ela voltou a ficar pensativa.

- Eu nunca reprovei. Nunca. Então já que é preciso esse sacrifício pra continuar bem... - ela revirou os olhos. - Eu ajudo.

Ufa!!! Mas até pra aceitar uma ajudar ela tem que se gabar!

- Ótimo. - sorri aliviado. - Quando a gente começa?

- Hoje mesmo. - respondeu como se fosse óbvio.

- Tá bom... - aceitei.

The New Bad BoyOnde histórias criam vida. Descubra agora