Yeonjun
Abri a geladeira pegando uma garrafa de água e a virando na boca conseguindo tomar quase todo líquido que nela continha, a deixei em cima da bancada e olhei para o garoto que observava alguns dos quadros espalhados pela sala, esses que havia comprado para a decoração do apartamento.
Fui atrás de algo para comer, a comida daquele hospital não era lá uma das melhores, e encontrando um pacote de torradas, bem, aquela hora bastava, me sentei no sofá e coloquei uma das torradas na boca fitando o tapete.
- Não é bom estar no conforto do seu lar? - olhei para o dono da voz que naquele momento estava a minha frente, apenas assenti a sua pergunta - é muito bom sentir essa sensação. Retornar para o lugar que te agrada.
- Como está as suas costas? - troquei de assunto sabendo onde ele queria chegar - tinha me informado sobre a sua situação no hospital.
- Sabe que desde que eu tive alta eu não faço a mínima idéia? Só sinto um pouco de dor pela manhã quando acordo - ele falava se sentando ao meu lado - você pode fazer esse favor para mim Hyung?
- Hm? Que favor? - perguntei sem entender.
- Pode olhar as minhas costas? - ao final de seu pedido ele se virou.
- Para que?
- Por favor! Eu só quero saber como está - suspirei diante de seu pedido, coloquei o pacote ao meu lado e peguei com cuidado na barra de sua camisa, quando pude ver onde havia sido o local do baque me assustei com a mistura das cores que ali estavam, roxo, vermelho, amarelo, verde....
- Isso... isso está horrível! Horrível! Por que diabos você tinha que estar lá criança? Olha o estrago que te causei! - soltei a sua camisa me levantando exaltado - Caramba, não acredito que tens a coragem de dizer que sente dor só pelas manhãs.
- Calma, te asseguro que sem esforço não dói, é sério, não precisa ficar preocupado, aconteceu o que tinha que acontecer e pronto! Ninguém tem culpa de nada - ele falou se pondo a minha frente de novo e colocando as mãos em meus ombros, seu olhar tentava transmitir algum tipo de confiança, então de repente ele me abraçou, fiquei sem reação imediata, mas aquilo começou a ficar desconfortável para mim, o dei uma leve empurrada.
- Não faça isso outra vez garoto, não te conheço, você só ainda está aqui por um resquício de culpa da minha parte - falei meio ríspido - vou trocar de roupa para te dar isso aqui - falei pegando na camisa que estava em meu corpo e a soltando logo em seguida - quem sabe assim você desaparece daqui mais rápido.
Me virei indo para o meu quarto sem dar chance para que ele protestasse ou falasse algo.
Bati a porta em puro nervosismo, receber afeto era tão estranho e desconfortável para mim que quase doía.
Aquele garoto estava só fantasiando que poderia ser um herói só para provar a si próprio que poderia fazer uma pessoa amar viver, seria bonito se fosse completamente verdadeiro. Esse era o sentimento mais detestável por mim, o sentimento de estar sendo usado.
Peguei qualquer peça de roupa que achei pela frente e as vesti dobrando logo em seguida as do garoto, peguei uma sacola de papel que tinha achado jogada pelo cômodo e as coloquei dentro, abri a porta indo direto para a sala, mas me surpreendi ao não ver ninguém por ali, olhei diretamente para a bancada podendo ver uma nota ali, a peguei na mão começando a ler.
" Desculpe por ter usado isso aqui sem permissão, mas foi necessário. Fui embora sim, e por um bom motivo ( pelo menos para mim ).
Volto para pegar as minhas roupas amanhã, só não as taque pela varanda, por favor! "- Droga - soltei em voz alta, não acreditava que o pirralho era bem articulado, mas muito inocente em confiar em mim achando que eu não iria fazer nenhuma atrocidade com suas roupas. No entanto, eu era meio louco, mas as roupas não tinham culpa da ingenuidade do moleque. Voltei para meu quarto apagando a luz assim que passei pela porta, deixei a sacola em cima da cômoda e me joguei na cama, vários pontinhos brilhantes podiam ser vistos, imitando estrelas, amava elas.
Soobin
Sai do apartamento na malandragem, mas me roendo por dentro, não era nem por causa das roupas, não ligava tanto para elas. Mas esperava que Yeonjun me recebesse no outro dia, e se possível com minhas roupas inteiras. A julgar pela sua reação pós abraço ele não gostava mesmo ou era algo ligado a algum acontecimento. Fazia a mínima idéia qual dos dois.
Yeonjun era um espírito visivelmente conturbado, mas dentro de mim havia esperança de que ele poderia ser mudado. Precisava lutar por si, alguém precisava fazer isso, por mais que não soubesse direito por onde começar.E foi tendo varias idéias em minha opinião falhas que assim que havia chegado em casa fui direto fazer pesquisas de coisas que alegravam as pessoas no geral. Achei algo como " 100 pequenos prazeres da vida ", bem besta, mas não era uma má ideia, talvez se ele percebesse que há coisas na vida que ele ainda não fez ou até mesmo perceber que a vida não é tão ruim assim mudaria de decisão, então foi apostando nessa idéia um tanto brega e clichê que anotei algumas poucas coisas para aqueles restantes vinte e um dias, logicamente não iria dar para fazer as cem, o tempo era o problema, e foi essa condição que me fez pensar mil vezes antes de colocar um " a fazer " na listinha.
Do nada havia sentido um fungar ao meu lado me fazendo olhar e sorrir ao ver meu cachorrinho, começei a conversar consigo enquanto o fazia carinho. Yeonjun aparentava não ter ninguém além dele mesmo, a julgar que ninguém o visitara no hospital, a minha mãe quase que teve um acesso de loucura quando ficou sabendo da história, meus amigos.. bem, haviam ido só falar besteiras para me animar.
O mais velho era um grande mistério para mim que estava acostumado com pessoas padrãozinhas. Isso foi o que verdadeiramente me instigara, além de claro a forma inusitada com que nos conhecemos.
![](https://img.wattpad.com/cover/213965819-288-k899237.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
For three weeks, for you
FanfictionYeonjun já havia dito para si mesmo que aquela seria a sua última vez olhando para o imenso céu estrelado, esse que observava sempre que era possível de sua varanda, estava decidido que não aguentaria ter que ir se deitar para depois acordar e ter q...