Between us

Surpreendida

Contei todos os detalhes do ocorrido para o Capitão Hawks, ele me informou que de fato tinha tido uma queda de energia no andar em que eu e Joalin estamos hospedadas e que foi um erro bobo de um funcionário que já foi devidamente repreendido e tirado de seu posto atual, foi rebaixado para outro área do navio e que isso não voltaria a acontecer, pediu perdão pelo infortúnio e queria saber se tinha alguma coisa que ele pudesse fazer por mim, agradeci a ele mas disse que não precisava se preocupar comigo, eu já estava me sentindo bem melhor. 

Após o jantar de boas vindas eu e Pepe fomos para o convés, estamos no verão da Europa, então o tempo está noite está perfeitamente agradável. Sentados em um dos bancos olhando para o mar azul infinito com a luz da lua a brilhar sobre a água me pego lembrando da noite da festa de casamento da Any e Josh em que só estava eu e Bailey sozinhos na praia, a água gelado batendo em nossos corpos, eu sentindo seu calor enquanto ele colocava sua mão sobre meu rosto, um momento que pareceu durar mil anos.

- No que está pensando? Você está tão calada, e você não é uma mulher que se cala facilmente. - Diz Pepe me analisando.

Me viro de modo que fico de frente pra ele, olho no fundo dos seus olhos tentando encontrar a mesma paixão de quando eramos apaixonados um pelo outro.

- Pepe, seja sincero, você ainda me ama? - Pergunto.

Ele abre um sorriso, sempre gostei desse sorriso.

- É claro! Eu estou aqui unicamente por você, pra te dizer o que você sempre esperou de mim e que eu fui um idiota por nunca ter feito isso antes. - Ele revira o bolso da calça tirando uma pequena caixinha de veludo abrindo logo em seguida enquanto estende para mim. É um anel grande de brilhante.

- Pepe, eu...

- Aceita se casar comigo Sabina? Não aceito não como resposta. Sei que esse sempre foi um dos seus sonhos e agora estou aqui para realiza-lo e te fazer feliz então por favor aceite.

Fico sem reação com esse pedido repentino, eu só queria saber se ele me amava e agora ele quer casar comigo, isso é tão inesperado. Pepe estar aqui depois de tantos anos sem vê-lo, o que eu esperava? talvez um ponto final em nossa história pra eu poder seguir em frente se ele dissesse que não me ama, mas ele quer continuar com nossa história, ele parece querer lutar por ela e no fundo eu também não quero desistir, por tudo que já vivemos, tudo que passamos juntos, nossos momentos felizes, e tristes de perda como nosso cachorro Shelby. Começo a me sentir um pouco enjoada, deve ser o balanço do barco juntando com a refeição que comi no jantar.

- Pepe, eu... eu não estou me sentindo muito bem agora, tudo bem pra você se conversarmos sobre isso uma outra hora? sei o quanto é importante isso pra você, também é importante pra mim mas mal estou conseguindo pensar, minha cabeça está girando, eu realmente preciso ir pra cama.

- Eu te acompanho. 

Se ele parece decepcionado, não demonstra pois se levanta e estende o braço para mim para que eu me apoie nele mas assim que me levanto desabo no chão, continuo consciente mas é como se eu estivesse bêbada e meu corpo não obedecesse aos comandos do meu cérebro.

- Está tudo bem, vai ficar tudo bem. - Sussurra ele em meu ouvido. - Fico feliz que tenha gostado do aroma daquelas flores que trouxe pra você hoje mais cedo, elas literalmente fazem a gente ficar caidinho, foram preparadas especialmente para minha noiva. É uma pena que você não me deu uma resposta concreta antes de tudo isso mas não tem problema.

Olho para ele incrédula, tento falar mas não consigo, tento me mexer mas também não consigo. Me pergunto o que aconteceu com o Pepe, porque ele está fazendo isso comigo, o que foi que eu fiz para ele me odiar tanto, afinal isso não é amor, que tipo de amor machuca? Ele me pega no colo.

- Precisava fazer isso logo no começo da viajem porque não ficaria estranho a noticia de sua desistência de seguir com o grupo nessa tour para se casar. Sorte que não estamos muito longe da costa e logo vai chegar nossa carona para sairmos daqui meu amor.

Não consigo conter as lagrimas que caem do meu rosto.

- Não precisa chorar, eu sei que você está emocionada com o pedido, eu também estou feliz...

Vejo desesperada Pepe me carregando pelo convés vazio, minha cabeça está apoiada em seu peito, devido a minha paralisia consigo mover apenas os olhos e tudo que vejo é seu peito subindo e descendo rapidamente enquanto me carrega a passos apressados, também dou uma olhada no horizonte azul escuro do oceano, tranquilo como se fosse a calmaria antes de um furacão. Todos deviam estar no jantar ainda bebendo e se divertindo, ninguém sabia o que estava acontecendo, nem poderiam imaginar que a poucos metros nos afastavam de um pedido de socorro. Acabo me sentindo extremamente frágil e incapaz, quero gritar, quero arranhar, quero chutar Pepe mas tudo que consigo fazer é chorar. 

Pepe para repentinamente me ajeitando em seu braços, minha cabeça cai para trás com esse movimento fazendo com que eu possa ter uma visão de seu rosto que parece ficar tenso seja lá para o que ele estivesse olhando.

- O que aconteceu com ela? Vocês precisam de ajuda? - Perguntou uma voz grave masculina. Eu não reconheci a voz, não devia ser alguém que eu conhece-se. Minha visão periférica não alcançava a localização onde o individuo se encontrava, olhei para Pepe, sua expressão demonstrava um certo nervosismo, parecia tenso, ele sorriu para o homem balançando a cabeça descontraído.

- A minha namorada passou mal, estou  levando ela para ala hospitalar do navio, se não se importa estou com pressa, ela não está se sentindo nada bem! - Respondeu Pepe já se movimentando. Ao passar por quem quer que fosse aquele sujeito, senti um perfume de rosas tão agradável que queria ter ficado só mais um pouco para poder sentir aquilo que poderia ser uma das minhas ultimas lembranças agradáveis. No desespero de pedir ajuda aquele homem misterioso, tentei mais uma vez me movimentar, mexer a boca, mas era só minha mente presa em um corpo inútil naquele momento. Não ouvi mais a voz do homem como também Pepe não olhou para trás, seja quem fosse, não poderia mais me ajudar, já era tarde demais. Meus olhos ficaram pesados, não conseguia mais focar o rosto de Pepe, estava cansada tanto fisicamente como mentalmente, tudo que eu queria era me entregar de vez ao sono, antes de apagar por completo pude ouvir o som de uma outra embarcação se aproximando, era o barco que viria nos buscar? Minha mente mergulhou na mais profunda escuridão.