Capítulo um.

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"Vamos, garota, me diga."

Amberlee Smith

Amberlee joga a sua mochila para um canto qualquer de seu quarto de paredes amarelas. Ela estava cansada, os últimos dias foram estressantes, com horas e mais horas de estudos e revisões de diversas matérias, apenas para se preparar para a prova final. Embora estivesse pessimista quanto ao resultado da mesma, ela tentou enfiar em sua cabeça de que se daria bem, de que teria realmente passado e a partir de agora seria apenas a faculdade, apenas para dispersar as borboletas que voavam frenéticas em seu estômago. O seu estado nervoso só foi pior quando recebeu a notícia de que Richard Gullar, um amigo fiel de seus pais, faria uma festa em sua casa dentro de algumas horas e ela havia sido convidada. Isso deixou seus nervos em um estado crítico. Pensou em faltar do jantar, mas isso não seria possível, poderia desapontar seus pais. E, obviamente, tinha uma parte dentro dela que realmente queria ver o loiro.

Ela bufou ao sentir seus olhos arderem. Richard era um homem maduro, já tinha completado seus 35 anos, e certamente não tinha a vontade de ficar com uma criança inexperiente como ela. Ele sempre era educado, gentil, por educação, óbvio. Isso a machucava, afinal, se ele fosse sincero com os seus atos gentis, provavelmente seria por gostar dela como uma sobrina ou talvez uma irmã mais nova. E mesmo se ela nao fosse 17 anos mais nova que ele, certamente, o mesmo não haveria de querer ficar com uma garota gorda. Richard provavelmente preferia uma loira magra, "gostosa", como os homens geralmente se referem a esse biótipo.

Amberlee se ergueu bruscamente, quando se deu conta de que algumas lágrimas caíam sobre a sua bochecha rosada. Ela se levantou e caminhou até o banheiro para tomar uma ducha rápida, porque se não quisesse se atrasar para a festa, ela deveria começar a se arrumar neste exato momento. Sentiu a água quente cair sobre a sua pele, relaxando os seus músculos tensos.

Tomar banho era uma coisa que ela adorava fazer. Geralmente, tomava dois ou três no mesmo dia. Quando criança, fazia questão de se sujar apenas para os pais dar um segundo, terceiro e até quinto banho no mesmo dia. A sensação da água tocando o seu corpo, era a mais gostosa que ela, até então, já sentiu. Pensando nisso, ela começou a se perguntar se o toque de Richard era tão satisfatório assim, se suas mãos eram firmes e macias, tanto quanto aparentavam ser.

Balançou a cabeça freneticamente para dispersar seus pensamentos, e então saiu da água, cobrindo o seu corpo com um roupão verde. Como havia feito um coque em seu cabelo, não precisou seca-lo após sair do banho, e já partiu a procura de algo bonito para vestir naquela noite.

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Os saltos altos dela chocavam-se na trilha de pedras que levava para um coreto, no jardim do mais velho. Ela estava nervosa e cansada demais dessa sensação que assombrava o interior de seu corpo. Era realmente, algo extremamente incômodo ter que tomar cuidado com suas ações o tempo inteiro, porém, isso era algo necessário, uma vez que seria um escândalo se Richard soubesse dos seus sentimentos por ele. O medo da rejeição causava-lhe tremores e calafrios. Fazia com que ela se sentisse mal, se sentisse como uma criminosa. Mas como Amberlee poderia evitar? Desde o momento em que o viu em um jantar que comemorava a parceira de Richard, e seu pai, Bob, a garota sentia uma atração poderosa por ele. Algo que jamais sentiu. Talvez fosse maluquice, ou talvez fosse realmente uma paixão intensa. E se realmente fosse assim, ela não via como poderia se controlar por mais tempo.

- O que faz aqui sozinha? - Virou-se bruscamente ao ouvir a voz grossa e masculina, que assombrava seus melhores sonhos. Ela manteve seus olhos arregalados olhando para o homem, enquanto engolia seco, sem nenhuma ideia do que poderia falar. - Não deveria ficar aqui fora. Está frio, pode pegar um resfriado.

- Eu... - Respirou fundo. - Eu já estava entrando. - Ela caminhou apressadamente em direção a trilha feita de pedras, mas a mão de Richard em seu braço, impediu-a de continuar.

- Espere. - Franziu o cenho. - Você não está fugindo de mim, está?

- N-não. Claro que não. - Riu sem humor.

Sim. Ela estava fugindo dele. A simples ideia de estar sozinha com o loiro, deixava-a ansiosa. E se não conseguisse se controlar? E se o beija-se? Ou então escapasse por sua boca alguma informação comprometedora? Amberlee não podia arriscar.

- Entendo. - Ele a soltou de seu aperto, e colocou ambas as mãos no bolso frontal. Riu nasalado. - Mas não é como se eu não estivesse fugindo de você também.

- Não entendi. - Amberlee olhou para as costas largas do homem, surpresa com o que foi lhe dito. Caminhou em sua direção, encostando-se na madeira escura que rodeava todo o formato circular do coreto. Não sentia-se confiante o suficiente para olha-lo, portanto manteve o seu olhar para as suas mãos.

- Amberlee. - Chamou a atenção da garota, fazendo-a movimentar o pescoço para olha-lo. O tom de sua voz saiu como se quisesse repreende-la por não entender a sua sutil revelação. - Me admira o fato de não ter percebido a maneira como eu fico perto de você.

- E como você fica perto de mim? - Seu corpo virou-se totalmente. A respiração de Amberlee se desregulou conforme o mesmo aproximava o seu corpo do dele.

- Tentado. Curioso. - Ela se arrepiou quando sentiu a mão macia tocar o lado esquerdo do seu corpo. - Mas não espero que você entenda. É inocente demais para isso.

- Não sou tão inocente assim. - Respondeu rapidamente, sentindo-se um pouco ofendida.

- Então deve compreender o que eu sinto. E arrisco dizer que deve sentir o mesmo. - A garota desviou o seu olhar do dele. Suas bochechas estavam coradas, por ele ter descoberto o seu segredo.

- Talvez eu sinta, mas não faria diferença alguma. - Seus olhos marejados surpreenderam Richard que cambaleou para trás, como se tivesse levado um soco em seu rosto. - Com licença, eu preciso voltar para a festa. Meus pais devem estar me procurando.

- Não. Você não sairá daqui até me explicar  - Ele preensou o corpo macio dela em uma das vigas, olhando no fundo de seus os olhos escuros. - Porque não faria diferença alguma? - Diante do silêncio da garota, ele se irritou e se permitiu perguntar-lhe mais uma vez, talvez, de maneira menos educada. - Vamos, garota, me diga. Porque não faria diferença?

- Porque eu sou feia. Sou gorda. E você deve me achar uma idiota por saber o que eu sinto por você. - Sua voz saiu pesada por conta da vontade imensa de chorar que invadiu seu corpo naquele momento.

- Ora essa! - Exclamou tão surpreso, quanto furioso, pelo o que ouviu como resposta.

E no instante seguinte, Amberlee tinha os seus lábios presos nos de Richard. Ela se surpreendeu com o ato e por isso os seus lábios não se renderam imediatamente ao ato.

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CAPÍTULO NÃO REFORMULADO;😙

MEU CAVALEIRO - 1° LIVRO DA SÉRIE APPERANCE Onde histórias criam vida. Descubra agora