Intimidação

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  Mais uma vez o crime ocorre e sem punição ele continua, e vai se alastrando por todo continente, cada dia que passa mais pessoas como Loren são levadas, e sabe lá o que fazem com esses seres, que apenas tiveram que existir para incomodar o reino, até quando? quanto tempo iremos suportar tanta dor, tanto sofrimento, tanta tortura, eu preciso de respostas, não consigo mais segurar esse fogo dentro de mim.

Levanto da minha cama, após ficar o dia todo deitada, desolada, e sem rumo. Levaram ela e eu não fiz nada, mais uma vez eu consenti com esse sistema asqueroso, que eu tanto critico, as lágrimas se vão e memórias do passado vem como um soco em meu estômago me fazendo novamente voltar no tempo e perceber que nossas vidas não importam para eles, entretanto para mim cada vida é importante, Loren era um ser totalmente diferente do resto, ela ajudava todos que podia e da melhor forma possível, mesmo com seu coração quebrado após o reino assassinar toda sua família ela continuava  acreditando e tendo esperança. Que um dia o desejo da minha jovem irmâzinha se torne real e todos possam usufruir do direito de existir, sejam eles quem forem, todos nós merecemos viver! 

- Lux, me perdoe, eu juro que fiz aquilo para te proteger, você sabe muito bem que eu não sou uma pessoa ruim, eu só não queria que você fosse levada junto da Loren, eu a adorava, porém se aconteceu é porque deveria ter acontecido, então eu só te peço que não tenha raiva de mim - Juana fala com pesar em sua voz, ela sabia que se eu fosse atrás da minha amiga, eu seria pega e morta assim como Loren 

- Não tinha que ter acontecido, não deveria ser dessa forma, não podemos redirecionar a culpa do reino de Ugren para o universo, tenho certeza que o universo jamais iria separar os seres por raça, cor, ou qualquer que seja o recorte, ele jamais nos dividiria, sua vontade é que todos nós possamos viver em harmonia e de forma igualitária! - grito mostrando toda minha indignação, sentindo um misto de pena e raiva pela minha avó, eu poderia sim ter salvo minha amiga, eu tenho meus poderes e sei como usa-los, porém entendo o lado dela em querer me proteger 

- Eu não costumo pensar dessa maneira, porém, de um tempo para cá, você me mostrou ser uma pessoa muito inteligente e madura, você me mostrou o que realmente está acontecendo a nossa volta, foi capaz de perceber todo esse mau que cada dia se torna maior e mais aterrorizante, por isso vejo que está quase pronta... - ela trava e põe a mão no pescoço para tentar disfarçar o que havia dito

- Pronta para o que? Juana, lembro-me de quando você me disse que não haveria mais mentiras  ou segredos entre nós, o que está escondendo? 

- Minha querida, peço para que tenha paciência, no momento certo você irá entender, não cabe a mim esta missão de te contar, o seu destino irá te revelar o caminho certo a se seguir e então naquele momento você irá entender e já estará pronta! - diz ela antes de sair do quarto e fechar a porta, ela não queria que eu saísse de casa, estava com medo de que me pegassem assim como fizeram com Loren e outras várias moradoras de Atago.

Eu não consigo mais ficar dentro de casa, as paredes parecem que aos poucos vão se tornando cada vez mais próximas de mim e a qualquer momento irão me encurralar, não irei permitir que eu enlouqueça sem ao menos tentar algo! abro a grande janela do meu quarto que dá vista para o meu refúgio, a floresta, pego minha varinha e boto debaixo do meu manto e pulo a caminho da floresta que irá recolher toda minha mágoa, irá me entender e irá me fazer respirar novamente. Corro entre as árvores deixando meus pés livres para sentir toda energia que a terra passava para mim, permito que meu cabelo flutue pelo ar me dando uma falsa sensação de liberdade, no fundo eu sabia que não poderia estar fazendo aquilo, deixo as folhas das árvores secarem as minhas lágrimas que desciam pelo meu rosto de forma desesperada e descontrolada, lembrando dos momentos que vivi junto a Loren naquele bosque, correndo e pegando frutas e ervas, se aventurando em meio aquela floresta que todos queriam nos deixar longe, mas naquele momento eu só queria chorar, achei um local onde as árvores não nasceram, e a grama era mais curta que o resto do bosque, sentei-me naquele circulo onde os poucos raios solares que restavam daquele dia nublado e triste, tinha a sensação de que aquele local era uma espécie de ambiente sagrado, me sentia em casa, me sentia segura. repouso meu corpo cansado naquela grama confortável e sinto toda energia fluir da grama até minhas mãos e das minhas mãos para o meu braço e assim tomando conta de todo meu corpo de forma gradual e prazerosa, me permito relaxar por um instante e quando sinto- me totalmente entregue àquela energia que me dominava, ouço um som que para um ouvido de alguém normal, seria praticamente inaudível, desperto daquele transe que havia entrado, e sigo aquele sussurro que me chamava.

Salvação: O resgateOnde histórias criam vida. Descubra agora