#8 red white and royal blue

249 39 34
                                    

Jimin

— Acho que eu amo ele também — Taehyung disse deitado sobre meus pés, enquanto estávamos assistindo The Notebook pela milionésima vez. O que poderia fazer? Era meu filme favorito.

"Pode-se comer panquecas a qualquer hora se quiser, Vamos lá?"

Taehyung e eu dissemos religiosamente, junto com o ator que fazia o pai do Noah o protagonista do filme. Era a nossa fala favorita. Tínhamos concordado que era uma maneira mais legal de dizer "você pode fazer o que quiser, desde que não limite a si mesmo" ou algo assim.

— Sério? Nem imaginava — respondi com sarcasmo. Taehyung era o único que não sabia que estava completamente apaixonado por Hoseok.

É sério Jimin e se eu pedisse ele em namoro? — de repente ele se virou para mim com os olhos arregalados. Sua cabeça tapava toda a tela da TV — Seria prematuro? Eu disse para ele que queria que as coisas fossem devagar mas eu estava errado. — ele admitiu. Tentei mover sua cabeça para o lado de modo que pudesse enxergar a televisão novamente e ver Allie gritando que era um pássaro, mas Tae não se mexeu nenhum centímetro de onde estava, insistentemente esperando pela minha resposta.

— Pede logo, todo mundo sabe que vocês dois querem isso — toquei na dobra entre seu braço e antebraço e ele rapidamente se moveu. Era o único lugar onde ele sentia cócegas, então era bastante sensível, aproveitei e peguei um travesseiro para prender sua cabeça entre as minha coxas, ele se debateu um pouco, mas pude voltar a ver meu filme de novo — Principalmente levando em consideração que ele se declarou para você semana passada, aposto que você ficou com cara de tonto. — ri imaginando a careta que Taehyung fazia quando estava confuso.

Din, Dôdô e o Mu estavam esparramados no assento ao nosso lado, sem fazer qualquer movimentação, meus gatos sempre participavam da nossa sessão de cinema e já não achavam estranho a maneira como Taehyung e eu ficávamos emaranhados. Com uma das mãos acariciei seus pêlos, enquanto mantinha Tae preso com a outra, eles apenas ronronaram baixinho.

— Você nem estava lá, como sabe que cara eu fiz? — sua voz saiu abafada por debaixo do travesseiro.

Fui pego de surpresa quando Taehyung mordeu meu joelho com força e libertei-o na velocidade da luz, fazendo uma careta de desgosto pois ficaram alguns resquícios de sua saliva na minha perna. Eu amava Taehyung mais que tudo, ele era meu irmão de alma e tudo mais, mas não ao ponto, de não achar seus fluidos nojentos, peguei a barra da sua camisa e usei ela para limpar a minha perna, ele arqueou a sobrancelha mas não protestou.

— E não foi? — falei já desistindo de prestar atenção no filme.

— Talvez eu tenha ficado um pouco sem reação, mas não quer dizer que... — imitei a sua expressão de confusão costumeira antes que ele terminasse a frase, claro que com um pouco mais de exagero, para provocá-lo, o que ele respondeu com um beliscão na minha coxa — Idiota

— Taehyung, Garoto gay — Yoongi chegou na sala de repente e ficamos em silêncio. Depois que paramos de nos falar ele nunca mais tinha conversado com a gente, como costumávamos fazer — O que estão fofocando?

Dôdô começou a rosnar, ele nunca tinha sido fã de Yoongi talvez eu devesse confiar mais nos instintos dos meus gatos.

— Nada — Tae respondeu, enquanto eu apenas o olhava surpreso. Aparentemente nossa trégua, para ele, incluía reatar nosso trio mais uma vez, eu não tinha pensado sobre isso ainda.

Dizem que criar uma língua independente a criptofasia é um fenômeno comum entre irmãos gêmeos. Taehyung e eu crescemos juntos, não éramos gêmeos, mas parecíamos quase como uma extensão um do outro, então tínhamos a nossa própria língua autônoma, nós dois podíamos manter diálogos extensos só com grunhidos e ambos sabíamos exatamente o que era dito um ao outro. Geralmente a usávamos quando não queríamos que alguém entendesse o que estávamos conversando ou quando estávamos muito entediados.

Cartas para ninguém ↝jikook←Onde histórias criam vida. Descubra agora