📢AVISO: O texto em itálico pode conter conteúdo sensível.
Olá Alguém,
Sou eu de novo... ainda não sei exatamente como dizer isso, me disseram que a melhor forma de começar é sempre pelo começo, então acho que é assim que vou fazer. Antes de meu avô morrer, tudo era diferente, acho que as coisas estão como estão agora porque assim como na teoria do caos, uma coisa foi levando a outra e bem... nada está realmente bem. Continuo escrevendo essas cartas porque é a maneira desesperada que encontrei de manter meu avô vivo e de fazer as coisas voltarem a ser como antes, mas é claro que nunca funcionou...
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Jungkook
Certa vez estudei sobre um pintor, o qual apelidaram de pintor da felicidade, seu nome era Pierre Bonnard. Toda sua obra era muito pessoal e dificilmente podia ser classificada, já que ele preferiu ficar às margens das correntes que dominavam a época para se dedicar a representar seu cotidiano. Mas o que realmente me chamava atenção sobre sobre ele, era que no fim da sua vida ele disse "Aquele canta, nem sempre é feliz" e essa frase ficou em minha cabeça.
Suas pinturas eram um reflexo disso.
Em uma análise superficial ficava visível uma aparente simplicidade e harmonia alegre em suas obras, mas fazendo uma análise minuciosa ficava bastante perceptível sua complexidade e como era cheia de matizes. Me apeguei a essas informações, porque aquela definição de felicidade soava agridoce, como se não pudesse existir uma felicidade plena, e eu acreditava nisso, acreditava de verdade...
Mas isso foi antes de Jimin.
Não havia outra palavra que pudesse me descrever melhor depois que nos beijamos pela primeira vez, só me senti... pleno.
Meu pai tinha me dispensado por uma semana inteira no trabalho, pois eles estavam fazendo um remanejamento na equipe. Sabia que era irracional, mas queria passar cada segundo com Jimin, já era o terceiro dia que ia direto da escola para a casa dele, pensei que pudesse estar incomodando, mas a vontade de estar ao seu lado se sobrepunha a qualquer outra coisa. Geralmente passávamos a maior parte do tempo conversando, mas também nos beijávamos muito, quero dizer, muito mesmo, já que isso tinha se tornado um vício mútuo.
No entanto, naquele dia em especial, havia uma aura de calmaria no ar. Jimin ligou os piscas-piscas que tinha guardado em um baú no canto do quarto e colocou algumas músicas para tocar. Nós nos deitamos no carpete no chão e passamos bons minutos deitados de frente um para o outro apenas nos olhando.
Sei que não é possível, mas tive certeza de que ele era perfeito, mesmo nas suas imperfeições. Meu corpo reagia, fazendo com que eu me sentisse leve e tivesse a sensação de que haviam algumas correntes elétricas passando pelas minhas veias, então entendi que todas as descrições dos livros eram reais e não apenas meras explicações figurativas. Era esquisito, mas era gostoso também, um esquisito gostoso.
Enquanto o observava acredito ter desenvolvido um certo tipo de obsessão pelos dois arquinhos que formavam seu nariz fino. A curva deles parecia tão perfeitamente desenhada que tive que resistir ao impulso de mordê-lo, então comecei a rir daquele pensamento.
— O que foi ele? — ele perguntou rindo.
— Senti vontade de morder seu nariz — confessei.
— Tudo bem isso é um pouco estranho, mas não é como se não tivesse tido ideias parecidas nesses vinte minutos que passamos nos encarando — ele riu — Você tem noção do quanto você é bonito?
— Fazer o que eu nasci assim... — fechei os olhos enquanto fazia uma expressão de falsa modéstia e ouvi a sua risada.
Ele se aproximou e colocou metade do seu corpo sobre o meu. Meu coração disparou um segundo depois, por mais que naquele momento a gente já tivesse estado tão próximos quanto naquele momento, várias vezes antes, eu sempre reagia como se fosse a primeira vez. Senti minha face esquentar enquanto olhava para seu rosto iluminado pelo pisca pisca azul neón e não tinha outra palavra que pudesse descrevê-lo melhor além de etéreo.
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Cartas para ninguém ↝jikook←
Fanfic[CONCLUÍDA] Jeon Jungkook sempre foi viciado em histórias de outras pessoas. Ele amava ler e frequentava a biblioteca quase abandonada de sua cidade. Era amigo do bibliotecário, Jung Hoseok, então se sentia confortável para escolher ler todo tipo de...