Quando se estabelece uma relação entre dois seres humanos, você tem certos privilégios e direitos. Aziraphale queria usar desses privilégios.
Há coisas muito íntimas que você não pode pedir para alguém que você não tem uma relação mais aprofundada. Ele julgava já ter essa intimidade com Crowley. Então o fez.Três batidas, rápidas e apressadas, cheias de nervosismo. A porta se abre e mostra a bela carranca matinal de um ruivo que há recém acordará.
- Bom dia, meu vizinho angelical - a voz carregada de sono que poderia fazer qualquer um bocejar.
- Querido, é quase boa tarde!
- Bom dia é pro dia todo, enfim, a que devo a honra?
- Eu gostaria de te fazer um pedido, é algo bem particular... - a mente demoníaca a sua frente pensou em todo tipo de particularidades em 3 segundos.
- Então, pode pedir.
- Mas, antes, Crowley, eu tenho certeza que você não almoçou e nem tem planos de almoçar.
- Você tem um ponto.
- Gostaria de almoçar na minha casa? Depois que você estiver bem alimentado eu lhe peço o favor. - mesmo com a barriga vazia, sua mente teve forças o suficiente para imaginar a procedência do favor.
- É claro!A cozinha de Aziraphale poderia ser descrita como a cozinha de uma avó. Era aconchegante e você sabia que se entrasse lá ia comer algo, e não seria pouco. Durante a vida ele desenvolverá alguns dotes culinários, e geralmente os usava para conquistar pretendentes. Crowley seria seu único pretendente por um bom tempo, que esperava ser longo.
- Pode se servir. - o cozinheiro se senta a mesa olhando atentamente a cada expressão que seu convidado fazia. É pela expressão facial que você descobre se alguma pessoa gosta ou não de algo.
- Okay, chefe.Sinceramente, Crowley não tinha o costume de almoçar, nem de comer, mas tendo um cozinheiro particular ele até começou a fazer questão.
- Então, anjo da cozinha. - Aziraphale estava feliz pois a expressão facial de Crowley foi positiva. - O que você ia me pedir?- É um pouco embaraçoso...
- Que isso, fala aí. - na cabeça de Crowley, o anjo era um anjo de verdade, incluindo a inocência, então, em sua mente cheia de malícia pensou que se tratando de intimidade e deixando Aziraphale com vergonha, era claro que tinha algum teor sexual no pedido.
- Então, é realmente constrangedor...
- Se você quer transar é só pedir que eu fico pelado. - havia instintos em Crowley que ele não podia conter. Quando uma ideia tomava a sua mente ele não pensava em mais nada.
- Aí meu Deus! - a vermelhidão tomou conta de seu rosto e se arrependeu por ter demorado tanto a falar. - Não é isso, Crowley!
- Ah...- passou de um sorriso safado para um rosto decepcionado e abatido. Ele se decepcionava quando as suas ideias não davam certo.
- É que eu estou realmente precisando começar a praticar exercícios, e eu gostaria de saber se você poderia praticar comigo? – no momento AZiraphale queria deixar a questão do sexo para outro momento, tinha princípios.
Um silêncio pairou sobre a mesa. Crowley continuava tristonho porque não era íntimo sexualmente.- É que as pessoas sempre falam que fazer atividades físicas com alguém ajuda a nos motivar...
- Atividade física, é, isso... - ele realmente estava pra baixo naquele momento, preferia assim, melhor do que a vergonha que tomaria seu ser quando se tocasse da merda.
- Então, o que você me diz?
A comida rendeu a Crowley mais forças em seu espírito, que ele usou completamente para se recompor.
- Olha, não é por nada não, mas, eu não sou a melhor pessoa pra ter como parceiro de caminhadas. - ele odiava caminhadas pacíficas - E se você quer companhia pra ir na academia, nem nos teus sonhos mais bonitos.
- Óbvio que não! Justamente por isso estou te convidando, academia está fora de questão.Menos um ponto negativo no convite. Crowley não gostava mesmo de academias.
- Aziraphale, eu não posso te ajudar muito com isso. Eu sou a pessoa menos atlética que eu conheço.
- Bem, é por esse motivo que eu pedi para você. - e também porque não havia mais ninguém a sua disposição, e ficar mais tempo com seu amante/vizinho/demônio particular era algo adorável.
- Tá, eu não entendi agora.
- Se você fosse uma pessoa atlética, eu morreria de vergonha. Mas, graças a Deus, você não é.
- Então, você tá me usando para ser menos humilhante?
- Ao todo.
- Okay, então o que me sugere? Por favor, menos caminhadas. - caminhar e academia seriam torturas que Crowley usaria se fosse o diabo.
- Deixe-me pensar. - ele não esperava que o vizinho iria ceder. Não pensará em nada. Falou a primeira atividade que passou em sua cabeça. - Andar de bicicleta?
- Eu não ando de bike desde dos meus 10 anos.
- Bem pensado, eu não sei andar na verdade. - Aziraphale realmente não tinha ideia de que exercícios físicos os dois poderiam fazer.
- Duas cabeças são melhores que uma. - Crowley se levanta da mesa e começa sua encenação. - Somos duas pessoas. Sedentárias. O que a gente pode fazer?
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Ineffable Neighbors - Good Omens
RomanceNum universo alternativo onde não houve nenhum Armageddon, em que o maior apocalipse aconteceu na vida de Crowley e Aziraphale quando ambos se tornaram vizinhos. Inspirado na arte do @optcldrift (ig)