A Presa E O Caçador

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Liz

Tudo é escuro e frio, o mundo a minha volta gira descontroladamente e eu caio no chão, batendo meus joelhos contra o piso duro.

De repente tudo se ilumina e estou em um grande salão dourado iluminado por um enorme Lustre de cristal.

O lugar misterioso tem janelas arqueadas tão altas que quase tocam o teto azul, que possui vários desenhos de homens guerreando, bebendo e festejando, tudo em um estilo bem barroco, com tons de azul, dourado e branco.

Também noto uma espécie de trono feito de estalactites e estalagmites de cristais que está majestosamente posicionado na extremidade do salão.

Posso ver a neve caindo lá fora, através dos vidros, assim como começo a escutar uma música lenta e ritmada ao longe, me parece uma mistura de flauta e violino.

De repente alguém tromba em mim me fazendo andar alguns passos para trás. Olho ao redor e o salão está cheio de pessoas vestidas de maneiras distintas: vejo mulheres com vestidos no estilo grego, onde o busto é marcado precisamente e longo no comprimento, mas com aberturas nas laterais, também vejo algumas vestidas com delicados corpetes que amarram na frente, com mangas longas e bufantes no estilo medieval.

Alguns homens vestem vestidos amarrados no meio por cordas, outros algum tipo de armadura leve, e também tem aqueles que usam capas e roupas pomposas.

Todas as pessoas no salão estão felizes, algumas dançam e outras conversam entre si.

Noto ao fundo um homem com trajes totalmente negros e uma túnica azul com detalhes dourados, sentado no trono. Seus cabelos negros reluzem com a luz, e a grande coroa em sua cabeça parece lhe encaixar bem.

Seus olhos verdes gélidos e felinos me lembram os de Dominic, e ele me encara perplexo.

— O que faz aqui? - Ele se levanta do trono e vem raivoso em minha direção.

Estou prestes a ter um infarto, quando ouço uma voz soar atrás de mim.

— Olá Aron, seu humor está melhor essa noite?

Todo o salão fica em silêncio e as pessoas se afastam dos dois, como se eles queimassem.

Observo a mulher que antes estava atrás de mim, e meu queixo cai.

Ela veste um deslumbrante vestido verde ébano, com tecidos esvoaçantes que balançam por todo lado, como se o ar não os deixassem parar imóveis. Seus olhos são azuis, como o mar calmo e seus lábios rosados como iogurte de morango e uma marca de nascença em forma de estrela repousa bem abaixo dos seus olhos, uma incrívelmente parecida com a que tenho atrás da orelha. Os cabelos longos e dourados me dão a impressão de serem um tanto florescentes, mas o que me espanta é o tanto que ela se parece com minha mãe.

— Retire-se daqui, Cecyl! Ou precisa de ajuda para achar a saída? - O homem de coroa dá mais alguns passos em direção a mulher, que não move um músculo do lugar.

— Vim saber se considerou minha proposta, meu caro amigo.

— Eu não sou seu amigo, e você já teve minha resposta, ela continua sendo não.

— Nossa união seria vantajosa para o reino, Aron, você não pensa no povo?

O que o cara tem na cabeça? Essa é com certeza a mulher mais encantadora que eu já vi na vida.

— Eu nunca me casaria com gente da sua laia, feiticeira! - O homem cospe nos pés da moça que apenas observa o gesto. - Eu sou superior a você de tantas formas que seria desonroso sujeitar minha linhagem a isso.

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