Red River, junho de 1963
Um domingo quente de verão, o sol brilhava forte. O casal Scott descansava na varanda da nova casa em Red River. Ana e Robert haviam acabado de desempacotar sua última caixa, a mudança enfim havia terminado oficialmente.
Levaram um mês para que tudo fosse colocado no lugar. A nova casa da família enfim se tornava um lar. Enquanto os pais repousavam naquele fim de tarde não faziam ideaia de que naquele exato momento suas filhas Mary e Lizzy, em uma de suas aventuras, exploravam o porão da casa.Lizzy, a gêmea mais corajosa, descia as escadas tateando com as mãos a parede em busca do interruptor.
_Lizzy acho que isso não é uma boa ideia._ disse Mary tentando ,em vão, fazer com que a irmã desistisse daquilo.
_ Calma Mary, é só um porão. Não tem nada com que se preocupar, além do mais deve ter um monte de coisas legais lá embaixo.
_ Coisas legais tipo o que? Ratos e aranhas? Só se for. E se tiver alguma coisa lá com certeza já deve estar velho e mofado. Vamos lá pra cima Lizzy, mamãe fez limonada.
_ Deixa de ser chata, eu não te chamei pra vim, pode ir se quiser. Eu vou descer pra ver o que tem lá.
Lizzy desce mais três degraus de escada, seus olhos começam a habituar-se com a escuridão. A mão direita ainda tateando a parede em busca do....
_ Achei!!! _ um barulho de clic, a as luzes se acendem. _ Consegui. Você vem Mary?
As pernas de Mary vacilam por um segundo, ela realmente não queria saber o que tinha
lá em baixo, porém também não iria deixar a irmã descer lá sozinha._ Desço atrás de você.
Lizzy já estava no fim da escada quando Mary começa a descer o primeiro degrau. Seus passos vacilantes seguiam pela escada lentamente, viu a irmã sumir no porão pouco iluminado. Apesar de ainda ser tardezinha e o sol ainda não se pôr, o porão guardava a sua própria escuridão, escuridão essa que seria a mesma até se o sol estivesse a pino.
Com um passo de cada vez Mary desce as escada, um vento frio passa por entre seus pés. Talvez se Mary não estive tão nervosa teria percebido que aquele vento era um presságio.Ela escuta o barulho da irmã mexendo nas coisas lá em baixo, barulhos que parecem estantes sendo arrastadas e caixas sendo abertas.
_ Mary anda logo, vem ver o que eu achei.
Mary desce os últimos degraus rapidamente e enfim consegue ter uma visão completa do porão. Algumas prateleiras velhas com potes tão coberto de poeira que mal pode se ver o que tem em seu interior. No canto um sofá velho a muito já surrado, não se sabe se marrom era sua cor original ou se foi adquirida com a poeira que agora o cobria. Algumas prateleiras com pilhas de roupas velhas jornais e uma sorte de coisas que a muito já não eram mais usadas, enfeites estranhos e pedaços de coisas que talvez tenham sido abajures ou lustres. Era difícil identificar as coisas do porão com tão pouco luz. Porem Lizzy estava lá, puxando com dificuldade algo que parecia um baú.
_ Vamos ver o que tem dentro.
_ Acho melhor chamar a mãe e o pai primeiro.
_ Eles vão dar uma bronca isso sim. Nossa como isso é pesado, me ajude a puxar.
Mary então ajuda a irmã a puxar. As duas conseguem, com muita dificuldade, trazer o baú para o centro daquele cômodo empoeirado, o arrastar do móvel faz com que uma nuvem de poeira suba e tome conta de todo o local. Lizzy começa a tossir enquanto Mary tampa sua boca com a manga do vestido, seus olhos passeiam ao redor daquele cômodo. Não havia nenhuma ventilação ali. Um fio de claridade entrava pela pequena janela do canto superior fechada por tábuas de madeira pregadas. -alguém fechou esse lugar- pensou Mary - provavelmente não queria que ninguém entrasse ali.
_ Lizzy acho melhor não abrirmos esse troço.
Pediu com a voz trêmula._Deve ter um tesouro aqui.- Diz Lizzy empolgada, enquanto tira o excesso de poeira com um dos trapos que achou na estante. _Anda Mary me ajuda.
As irmãs juntas tentaram com força abrir o tal baú de tesouros.
Alguns puxões, solavancos, mais força e nada.
Examinando as laterais do baú Mary vê um pequeno cadeado._Está trancado.
_Droga!!! Pegue aquele pedaço de ferro ali. Vamos abrir.
_ Papai e mamãe vão brigar se a gente quebrar essa coisa.
_ Não vão nada, eles nem sabem que isso está aqui. Vai lá buscar um martelo na caixa de ferramentas do pai.
_ Ha não Lizzy...
_ Vai logo!!!! Antes que eles venham aqu....
_Meninaasss. Onde estão vocês??
O grito ecoou lá de cima. Era Ana a mãe das meninas que procurava pelas filhas.
_ Onde vocês estão? Vem jantar.
Jantar? A tarde já havia virado noite, e as meninas nem perceberam em meio a tanta "aventura".
_ Tá vendo. Você demorou muito.
_ Melhor a gente falar pra eles o que a gente achou aqui.
_ Nem pensar, eles nem sabem o que atém aqui em baixo. Se você contar vão proibir a gente de descer aqui. E eu quero ver o que tem nessa coisa.
Mary baixa os olhos, sabe que quando a irmã quer uma coisa ela é irredutível. Como a mais nova ela sempre é puxada para as aventuras da irmã.
_ Me ajuda a esconder o baú, depois quando o pai e a mãe não estiverem nós voltamos com o martelo. Anda vamos me ajuda!
Lizzy empurrou o baú pesado novamente pro canto, lançou em olhar repreensivo pra irmã que logo começou a empurrar também tomando o cuidado de não fazerem barulho.
_ Anda logo meninas! Desçam pra jantar.
Outro grito da mãe, pelo jeito achava que as filhas estavam no quarto no andar de cima.Alguns esforços depois o baú estava no canto, Lizzy jogou um lençol velho por cima e colocou uns jornais empoirados para camufla-lo na bagunça do cômodo caso os pais resolvessem descer até lá.
_ Nem um Pio sobre isso viu. Boca fechada. Vamos subir antes que a mãe venha nos procurar.
As meninas subiram para o jantar deixando para trás seu "baú de tesouros".

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A Entidade
HororTodos merecem um recomeço. Era nisso que acreditava a família Thompson quando na tentativa de fugir de sua vida destruída se mudaram para Red River. Mais nem sempre as coisas saem como o esperado não é mesmo. Em meio a um turbilhão de aconteciment...