Forty Seven •Noen•

957 85 15
                                    

E aconteceu.

Sobre o fino lençol estendido na areia. Entre risadas e murmúrios de amor, no por do sol de um fim de tarde calmo enquanto as ondas agitavam-se trazendo até nos um sopro gelado, contrastando com nossos corpos molhados e quentes.

Aos sôfregos e longos suspiros, pude a ver com outras olhos. Pois além de corpos, unimos coração.

Era muito mais que a parte carnal, quando sentimentos nos guiavam ao encontro um do outro, insaciáveis pelo toque, pelo arrepio, pela paixão.

Já era noite quando a levei para casa, ela me fez prometer que no dia seguinte a lembraria de levar seu quadro para casa, oque nos custou mais risadas e um longo papo na varanda de sua casa. Aliás, grande casa.

Assim que passei pela porta de minha residência, eram nítidos os sons de talheres batendo sobre pratos, risadas e uma específica risada diferente, a qual me era familiar porém distante, marcada.

Adentrei a sala de jantar tentando ignorar qualquer presença diferente a mesa. Independente de quem fosse, não me importava.
— Noen! O diretor me ligou, disse que você e Angel não estavam na escola a tarde. Onde vocês estavam? - O tom de minha mãe estava mais para um "Não importa que tenham matado aula, mas não façam mais isso!".

— Na praia. - Falei com pouco interesse.
—Até essas horas? Noen, já são oito horas da noite! - Ela falou um tanto incomodada. — Além do mais, nem notou que sua irmã favorita está aqui? - Ela riu e meus olhos se direcionaram á risada familiar porém caída no esquecimento. Estava a mesa Cristyna.
Eu já imagina que ela viria só pelos comentários dela em minhas fotos, como se de repente ela tivesse se lembrado que Nova York não é tudo e que em Malibu existe uma família para ela.

— Minha irmã favorita é a Annabel. - Falei simplista fazendo a mais nova rir e debochar de Cristy, que apenas sorriu e veio até mim me dando um abraço longo. Relaxei os ombros e coloquei a jaqueta do time sobre o porta casacos.

— Deixou Angelina em casa? - Meu pai se pronunciou pela primeira vez dês de que eu havia chegado, ele também parecia contente com o aparecimento nem tão repentino de Criatyna, que aliás, me devia boas explicações.

— Sim. E o seu carro está intacto. - Murmurei experimentando um pouco da comida de Annabel que reclamou.
— E oque vocês exatamente fizeram? - Por que de repente todo mundo parecia super interessado na minha vida amorosa? Na verdade, era a primeira vez que eu namorava, porém, eles nunca se incomodavam em perguntar.

— Ela me ajudou a pintar mais um quadro. - Me encostei na parede esperando o interrogatório terminar para que eu pudesse tomar banho.
— E vocês demoraram esse tempo todo só para pintar? - Dessa vez Cristy quem se pronunciou voltando ao seu lugar. Ela estava brincalhona, apenas esperando todos se desviarem para vir até mim e contar tudo oque aconteceu, afinal, nossos pais não sabiam que ela nunca mais havia gastado uma sequer palavra comigo após o tempo que passou em NY.

— Não. Terminei antes do por do sol. - Roubei mais um pouco da comida da pequena a fazendo cruzar os braços incomodada. Sentia meu corpo agitado para refletir sobre tudo oque havia acontecido. Ou talvez fosse apenas a popularidade súbita tentando me roubar de mim mesmo.

— E fizeram oque até essas horas? - Minha mãe parecia preocupada. Seu filho do meio não parecia mais ser tão tímido quanto era a alguns meses atrás.
— Escuta, eu tenho que tomar banho e ir dormir cedo por que amanhã tenho que treinar. Boa noite. - Subi as escadas enquanto ria dos gritos de minha mãe.

Após tomar um bom banho, encontrei Cristyna sentada sobre minha cama.
— Noen.....- Ela começou.
— Quando foi que lembrou que tem família? - Comecei a organizar minha escrivaninha e arrumar meus materiais para deixar no armário no dia seguinte.

— Me desculpe. A faculdade é exaustiva, Noen. Quis te ligar, mas nunca tive tempo. - Ela murmurou. Sentia seu olhar pesado sobre minhas costas.

— Você me abandonou aqui. Me deixou desorientado, começando o Ensino médio sem nenhuma orientação ou um boa sorte. Eu te enviava mensagens todos os dias. Implorei que viesse para a inauguração da galeria de arte amadora do colégio. Você nunca apareceu, nunca deu satisfação, nunca ligou, e do nada volta e exige que eu te perdoe por ter me largado aqui, tendo que lidar com tudo sozinho, cuidar da mamãe e da Annabel e ainda ter que lidar com a minha timidez. Você sempre disse faríamos tudo isso juntos, que voltaria para o natal, nas férias e no dia de ação de graças. Você nunca voltou. Três anos se passaram, Cristy, não três semanas. - Me virei para ela.

— Noen.....
— Não! Me escute. Eu aprendi a lidar com tudo sozinho. Não é mais uma dificuldade. Afinal, nunca precisei de você, então não tem que vir aqui e me pedir desculpas, por que eu não preciso delas como não preciso de você por perto. - Finalizei serrando o maxilar. Guardei aquilo por anos, e agora me sentia leve. Muito mais leve.

A garota abaixou a cabeça e soltou um longo suspiro. Me aproximei da porta esperando que ela saísse, porém, ela abriu um sorriso tímido nos lábios iniciando mais um assunto. — Angelina, hum? - Permaneci em silêncio esperando que ela entendesse que ela deveria ir.

— Okay. Boa noite, Noen.

>🌴<

Tão fofinhos.

Sou apaixonada em The Neighbourhood e nessa música....puts.

INSTAGRAM •Noen Eubanks•Onde histórias criam vida. Descubra agora