CAPÍTULO 2 - Eu não sou um assassino, coronel

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A viatura percorrera a South Avenue a quilômetros por hora, antes de estacionar próxima ao meio-fio em frente ao Cassino Il Donatti.

O coronel Shepherd e o inspetor Kyle desceram do veículo. O inspetor trazia consigo uma caderneta e um lápis para realizar as anotações do interrogatório. Subiram um pequeno lance de escadas e empurraram a porta giratória do estabelecimento, entrando.

Seguiram por um longo corredor escuro e acarpetado em cor vinho – tanto o chão como as paredes eram revestidos. Ao final, depararam-se com dois seguranças, que lhes solicitaram identificação.

O coronel e o inspetor apresentaram-lhe o distintivo.

Sem objetar, os seguranças lhe concederam passagem.

Ao entrarem no local, se depararam com mais um corredor, que se estendia alguns metros à frente e se dobrava para a esquerda. Os oficiais seguiram o caminho e logo se encontravam frente a um palco, onde strippers desfilavam e começavam a ficar seminuas para jovens e homens de meia-idade bem aparentados e empoderados.

Uma das garotas, que era ruiva, começou a dançar e os movimentos suaves de seu corpo faziam com que sua saia frouxa deslizasse em suas pernas até alcançar os pés. Ela pegou a peça de roupa e lançou em direção aos homens que assistiam. Ouviu-se o tumulto dos homens competindo pela peça da qual a jovem mulher acabara de se livrar.

Os oficiais observaram a cena de forma apática e se apressaram a procurar pelos donos do estabelecimento e seus amigos. Contornaram o palco em que as garotas se exibiam e chegaram à porta de uma salinha, guarnecida por mais um segurança.

O coronel Shepherd repetiu o procedimento que já era padrão, erguendo no ar o distintivo, e explicando-lhe a situação. Mais uma vez, foi-lhes permitida a entrada.

Um grupo de quatro pessoas, entre elas homens e mulheres, conversava a um canto e jogava cartas.

- Coronel Shepherd e inspetor Kyle – disse o coronel, anunciando sua entrada. – Viemos tratar a respeito da morte de Joey Donatti.

Todos olharam com espanto para os agentes.

Como nenhum dos presentes os convidaram a se sentar, Kyle teve a iniciativa de puxar uma cadeira e se espremer entre os membros do grupo, ao que Shepherd imitara.

- Muito bem – dizia o coronel –, segundo informações que levantamos, os senhores eram conhecidos de longa data do rapaz assassinado, estou certo?

Todos assentiram.

- Frederico Bianchini é meio-irmão da vítima; René Vincent, amigo de confiança da família e que ajuda a manter este estabelecimento; Laurel Walsh é esposa da vítima; Clair Walsh é irmã de Laurel e cunhada da vítima – disse o coronel, lendo suas anotações.

Frederico retirou da boca o charuto e exalou a fumaça. Depois, descansou-o no cinzeiro.

- Ainda não entendi o que os senhores querem conosco – disse Frederico Bianchini, seu olhar oscilando entre o coronel e o inspetor.

- Veja bem – disse o inspetor –, encontramos Donatti em um galpão. Seu crânio havia sido perfurado com uma furadeira, que se enterrou bem no meio de seu ouvido. Não acreditamos que o objetou simplesmente ganhou vida e resolveu contar ao seu irmão um segredinho, bem próximo de seu cangote – explicou o inspetor, de modo sarcástico.

- E daí?

- E daí que vocês são os principais suspeitos de dar cabo do homem – disse o coronel Shepherd friamente.

- Eu não sou um assassino, coronel – rebateu Bianchini. – Nenhum de nós o é, posso lhe garantir.

- Isso é o que iremos descobrir. Gostaríamos de conversar com cada um de vocês em particular.

Todos olharam aturdidos para os agentes. Viram a determinação no olhar dos oficiais e sabiam que, de uma forma ou de outra, chegariam à solução do caso.

Um Crime em ChicagoOnde histórias criam vida. Descubra agora