Capítulo 4 • Green Eyes

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Anne Shirley

Ótimo, agora Diana e Josie nunca mais me deixariam em paz, mas quer saber eu não me importava mais. Talvez até fosse bom ter Gilbert por perto para me ajudar a passar pelas coisas que por hora não estavam nada fáceis de enfrentar.

Vim para a cozinha e me sentei na mesa, eu ainda estava com sono e tudo o que eu queria no momento era dormir então abaixei a cabeça na mesa e fiquei ali, mas antes que eu conseguisse adormecer ouvi os três vindo rindo em minha direção, o que me fez levantar a cabeça tentando entender o motivo de tanta alegria.

- Anne, não seria mais fácil dormir na cama? Ou no sofá? - Josie diz ainda rindo e me fazendo revirar os olhos.

- Não seria mais fácil me deixarem em paz? - Eu não sei o que deu em mim, não sei por quê eu fui tão grossa mas eu saí indo de volta ao meu quarto.

Coloquei meus fones de ouvido e dei play na música Love Story - Taylor Swift e tentei ao máximo me acalmar, lembrei da minha mãe, se ela estivesse aqui com certeza saberia o que me dizer, sinto saudades dela, muita coisa mudou desde que ela morreu, por isso não gosto de mudanças não tenho boas experiências.

"Mudanças enchem meus bolsos com a moeda da incerteza" afinal pra que trocar o certo pelo duvidoso? Não tem lógica, se uma coisa está boa você não muda ela.

Eu chorei, chorei lembrando dela, lembrando de nossos momentos e de tudo mais, olhei para o lado e em minha escrivaninha havia uma pequena caixinha onde estava guardado uma carta, nela dizia:

> Meu amor <

Anne, minha filha, meu bem mais precioso, se você está lendo isso, eu infelizmente não estou mais aqui, mas mesmo sem estar presente eu cuidarei sempre de você e estarei sempre olhando por você.

Sei que está rodeada de pessoas que a amam e que a ajudarão a enfrentar tudo da melhor forma possível...
Quero que se lembre sempre de que eu a amo e amarei para toda eternidade, o seu famoso "para sempre e mais um dia".

Gostaria muito de ver quem você se tornou, escutar sua voz me contando como foi o seu dia com cada detalhe, ver seu olhar brilhar cada vez que fala do seu "melhor amigo" ( o qual eu sei que não é só seu melhor amigo) Gilbert Blythe, poder ouvir todas as suas idéias, sonhos e tudo mais, lembre-se de ser para sempre essa Anne, você se tornará alguém incrível.

Ps: Te amo muito "Forever and day"


Aquela carta era tudo o que eu tinha dela, era a única coisa concreta.

Porquê? Quando exatamente eu deixei de ser feliz? Eu tentei não chorar mas foi impossível, as lágrimas escorriam pelo meu rosto e eu não conseguia contê-las até que vi Gilbert abrir a porta.

- Cenourinha? Você decidiu ler aquela carta que sua mãe deixou pra você de novo, não é? - Ele pergunta. Gilbert foi quem me entregou a carta quando minha mãe morreu, ele ficou um mês morando comigo e me ajudando a não esquecer quem eu era antes de tudo isso. O que não adiantou muito.

- Sim, cada vez fica mais difícil. - digo guardando a carta de volta em seu lugar e sentando na ponta da cama.

- Anne, você não quer sair? Quero te levar pra um lugar para esfriar a cabeça. - Seu pedido era tentador e mesmo que eu estivesse sem vontade de sair, eu precisava daquilo.

- Claro olhos verdes. - Falo enquanto secava as lágrimas em meu rosto e tentava abrir um sorriso, o mais sincero possível.

Estava um pouco frio então coloquei uma roupa um pouco mais quente que um pijama e levei um casaco não muito grosso.

Fomos até o carro e Gilbert fez todo um mistério, estava claro que ele não iria me contar para onde estávamos indo, porque eu já havia perguntado de mil formas diferentes e nada dele me dar nem ao menos uma pequena pista, mas mesmo assim eu não parei, gostava de ver ele sorrir cada vez que eu fazia a mesma pergunta.

Paramos em uma cafeteria, afinal nenhum de nós havia comido algo. Sentamos em uma das mesinhas e eu pedi apenas um café.

- Ei, olha pra cá. - Gilbert me diz fazendo eu levar minha atenção a ele que estava com o celular na mão apontando para mim.

- Gilbert, para de tirar foto! - Digo rindo enquanto tento pegar o celular da mão dele. Era a quarta vez que ele fazia isso, e a quarta que eu caía e a quarta foto minha em seu celular.

- Você está tão linda. - Ele parecia analisar cada detalhe meu com atenção. - Uma cenoura tão linda! - ele ri e eu dou um tapa fraco em seu braço.

- Ei! Parou? - Tento segurar a minha risada mas é quase impossível.

Tomamos um café e passeamos um pouco mais antes de voltarmos para casa, tudo era perfeito, eu e ele conversamos sobre tudo um pouco enquanto olhávamos os outros estabelecimentos ao nosso redor.

- Anne, espere um pouco aqui, só vou nessa loja comprar uma coisa e já volto. - Ele entrou em uma lojinha pequena muito bonita e logo voltou, mas com as mãos vazias.

- Não encontrou o que queria? - Pergunto daquele meu jeito curiosa em saber o que ele havia comprado.

- Não, mas acho que nem vou comprar mais. Quer dizer, eu procurei em todas as lojas e não achei, então deixa pra lá.

Fomos até onde tínhamos deixado o carro que por sinal estava um tanto quanto longe da cafeteria, entramos e fomos até em casa cantando músicas aleatórias que passavam na rádio. Parecíamos dois retardados sem nada pra fazer.

Última Carta ❀ ShirbetOnde histórias criam vida. Descubra agora