Capítulo 14 • Carrots

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Salto no tempo: 1 dia para tudo acabar

Gilbert Blythe

  Tudo estava bem, aliás, Anne estava bem, estava sorrindo e se divertindo mais que o normal e eu estava amando vê-la assim, seu sorriso aparecia mais seguidamente e as suas risadas ecoavam pela casa ou por onde ela estivesse.

  — Por que está sorrindo Blythe? — Anne chega e senta ao meu lado no sofá.

  — Por nada. — Respondo ainda sorrindo mas agora prestando atenção em seu olhar, aqueles olhos da cor do oceano que me prendiam a cada vez que eu os encontrava.

  — Ok Gilbert, me conta, desde quando você ri pro vento? — Mais uma vez ela abre um sorriso, e eu apenas assenti com a cabeça ainda perdido em toda sua beleza. — Tá bom, entendi.

  Esses últimos meses foram intensos, eu decidi ficar até o fim aqui com ela e só depois voltar pra Avonlea, mas alguma coisa lá dentro me fazia acreditar que ela desistiria dessa ideia maluca e que continuaria seguindo em frente... comigo, eu fiz esse tempo valer a pena tanto para mim quanto para ela.

  Fizemos literalmente tudo juntos, eu a levei um fim de semana para ver Marilla e Mathew, e a primera coisa que eles disseram foi "Nossa sobrinha está tão grande", eles falavam isso quando eu mostrava fotos a algum tempo atrás antes de eu vir parar aqui em Nova Iorque, essas são as lembranças que mais me fazem pensar em como tudo pode mudar.

  Estar com Anne se tornou algo incrível e fácil, ela aproveitou cada segundo comigo e eu com ela, agora estávamos no sofá olhando TV e conversando como se nada estivesse por vir. Mas eu não conseguia, não conseguia ficar mais tempo sem perguntar sobre o assunto.

  — Anne, quanto tempo temos? — Uma pergunta normal, mas eu sabia que ela entenderia a quê eu estava me referindo.

  — Gil, vai ficar tudo bem tá bom? Você vai ficar bem, eu de alguma forma estarei sempre com você. — Uma de suas mãos estava apoiada em minha perna, e a outra em meu rosto. Aquilo me fez perder a última gota de esperança que eu tinha dentro de mim. — Eu te amo.

  Meus olhos estavam marejados e eu quase não conseguia mais controlar a vontade de sair dali chorando, como pude ser tão idiota em acreditar que ela mudaria de ideia?

  — Por que você precisa fazer isso? Por que não pensa nas pessoas? — Meu tom de voz se elevou por um segundo mas logo eu abaixei me sentindo quebrado. — Por que não pensa em mim?

  — Gilbert, se soubesse o quanto eu pensei em vocês e no quanto eu me sinto mal, não estaria me fazendo esses perguntas. — Nitidamente ela estava mal com tudo oque estava acontecendo, mas eu estava tão focado em ter explicações que acabei esquecendo de escutá-la. — Por que você não pensa em mim?

  — Você quer que eu pense em você? Anne, eu passei pelo menos os últimos 7 anos apaixonado e pensando em você, isso se não foi mais, pra você agora simplesmente tomar essa decisão idiota? — Que merda! Eu sabia que estava apenas piorado as coisas, mas parece que eu não controlava mais as palavras que deixavam minha boca.

  — Você acha que continuar sofrendo é bom? Acha que eu tenho que viver triste? Acha idiota acordar todo dia desejando que seja o último e se sentir insuficiente cada segundo dele? Você devia parar de pensar só nos seus sentimentos e começar a pensar nos outros, você não é formado em psicologia porque queria ajudar os outros? Deveria ao menos tentar entender o meu lado. — Anne começou a chorar e sua voz estava começando a falhar em uma mistura de raiva e tristeza.

Última Carta ❀ ShirbetOnde histórias criam vida. Descubra agora