My Badboy - Vhope

VINTE E CINCO

Kim Taehyung dormiu de domingo para segunda na casa de Jung Hoseok, o que resultou nos dois indo pra faculdade juntos. E o mais novo não negou, foi maravilhoso chegar de moto com o ruivo e sentir alguns olhares caírem sobre ti, principalmente por ficarem abraçadinhos em certos momentos.

-Tenho que ir, bebê, minha aula já vai começar. - Avisou Hobi, dando um selinho em seus lábios e um breve beijo na sua mão. -Tá combinado o almoço de hoje com o Jiminie?

-Sim! Pode deixar, eu já avisei ele. - Sorriu doce, retribuindo o selinho antes de cada um ir para uma sala diferente.

...

Sentaram numa das mesas de frente para as janelas, os três reunidos, conversando alto e rindo muito. Jeon não pôde ir por conta de uma entrevista de emprego, mas estava feliz que seus amigos e seu namorado estavam se divertido.

Conversa vai, conversa vem, até que acabam entrando sem querer no assunto de famílias, e Jimin é o primeiro a se pronunciar sobre.

-Sabe, eu nunca tive muito o que reclamar dos meus pais ou de algum parente meu, todos são muito tranquilos, até de mais. - Riu fraco. -Eu não consigo contar nos dedos o tanto de vezes que meus pais permaneceram em paz mesmo o caos acontecendo em volta deles.

-Que bom.. Eu já não posso dizer a mesma coisa sobre a minha.. - Tae respirou fundo, mexendo aleatoriamente com o canudo no seu milkshake de morango.

-Como assim? - Hobi estava intrigado para saber mais.

-Bom, não nos damos bem. Hoje em dia eles e meu irmão mais velho tentam se aproximar mas não consigo.. não dá. - Deu de ombros, encarava fixamente seu copo, não percebendo que os amigos lhe observavam atentos. -Aconteceu muita coisa no passado, muita coisa mesmo.. E hoje em dia tenho problema de ansiedade por conta deles.. As brigas que tive com meus pais e meu irmão, a implicância deles com o fato de eu ser gay, meu relacionamento abusivo e fajuto com Hani só piorou tudo, e quando achei que iria sair dessa porque me apaixonei por um "badboy", chamado Bon Hwa, ele se provou ser o pior cara que já conheci em toda a minha vida.

-O que ele fez? - O tom de Jimin era sério, preocupado.

-Ele fingia retribuir os sentimentos por mim, e quando me confessei pra ele, ele disse que tudo não passava de uma aposta entre ele e seus amigos, ele queria provar que eu era gay e que ele era tão sedutor que conseguia fazer eu me apaixonar por ele mesmo ele sendo hétero. - Revirou os olhos e suspirou triste com as lembranças ruins. -E aí, quando me afastei dele, ele ficou um tempo me ameaçando, dizendo que não era pra eu largar da Hani, porque ele não queria que a irmã postiça sofresse, que não era pra eu chegar perto e nem tentar algo com ninguém porque eu deveria continuar sendo "hétero". - Levantou o olhar, vendo seus amigos um tanto abismados e frustrados.

-O quê? Como assim?! Que babaca!! - Exclamou Hobi, tão perplexo com tudo o que escutara que não conseguia pensar em mais nada além de xingamentos para Bon Hwa.

-E qual o objetivo dele com isso?! - Park arqueou uma das sobrancelhas, seu rosto estava levemente vermelho, de raiva.

-Pelo o que percebi na época e o que deu para entender é porque: já que ele não pode se assumir e gostava um pouco de mim, ele não queria que eu fizesse o mesmo e fosse feliz. Bom, é o que consegui entender quando ele ainda falava comigo. - Tomou um gole do seu milkshake.

-Isso é ridículo! Só porque ele é infeliz não quer dizer que você também tem que ser!! - O moreno revirou os olhos.

-E como assim irmã postiça? Essa família está cheia de pessoas abusivas pelo visto. - Comentou Jung.

-O pai da Hani e a mãe de Bon são divorciados, eles se casaram recentemente, alguns dias antes de eu sair de casa e vim pra faculdade. Então eles são irmãos agora, mas não sei se dão bem, acredito que não. - Explicou, vendo Hobi tomar mais suco e xingar baixinho os irmãos, o que fez Tae rir fraco. -Enfim, por conta disso tudo que ocorreu no passo, eu acabei precisando de psicólogos e medicamentos para ansiedade, e hoje em dia estou em tratamento.

-Você vai melhorar.. - Segurou a mão do colega de quarto, sorrindo confortante. -Eu sei que vai.

-Você é tão fofo.. - Sorriu quadrado, vendo Jimin dar o sorriso e o risinho mais fofo do mundo.

O ruivo ficou em silêncio por alguns segundos, Taehyung tinha sido tão sincero, e Jimin também, nada mais justo do que fazer o mesmo com eles, resolvendo falar um pouco mais sobre sua família.

-Eu também não me dou bem com meus pais e minha irmã mais velha. Meus pais tem dinheiro, e sempre quiseram me mimar, queriam que eu fosse o menino certinho e perfeito, e isso me incomodava muito, sempre querendo controlar tudo o que eu fazia ou vestia, como agia, falava, tudo. E minha irmã é puxa-saco deles, sempre fazendo e agindo de acordo com o que eles querem, mas ela sabe que eu sei que isso não passa de uma máscara para a sua maldade. - Comeu mais algumas batatas fritas, mesmo se sentindo cheio, prestando atenção no prato e na batata que mergulhava no ketchup e maionese. -Foi por isso que eu sai de casa cedo, não queria depender do dinheiro deles, então fui morar com Yoongi hyung, que é mais velho que eu e pôde me dar estabilidade em todos os sentidos.. meu melhor amigo e que me ajudou a ser quem eu sou hoje em dia. 

-Ele é uma pessoa tão doce, eu realmente entendo o porquê de serem tão próximos. - O ficante sorriu admirado com o quão pura era aquela amizade.

-Mas eles não te procuram? - Indagou Jimin. -Quer dizer, eles devem entrar em contato de vez em quando, não é?

-Mais ou menos.. Eles criaram uma conta no banco pra mim e me obrigaram a ficar com o cartão, e todo mês eles depositam uma quantia alta de dinheiro, acho que numa forma de tentar me subornar, mas eles não vão conseguir. - Sorriu fraco. -Tudo o que tenho hoje em dia eu batalhei, comprei com o meu dinheiro, e qualquer ajuda financeira que pedi ao Min já foi paga, eu nunca gastei um centavo que eles me deram, não depois de já ter saído de casa e parado de falar com frequência com eles.

-Você é muito forte e batalhador, e eu admiro isso em ti. - Elogiou Park. -Eu me sinto meio esquisito e mal por ser praticamente o único aqui presente que tem uma história feliz com a família. - Riu fraco, sem jeito.

-Não se sinta assim, sinta-se orgulhoso pela sua família te amar e estar do seu lado. - Disse Hobi, fazendo o garoto sorrir e se sentir confortável de novo.

-Sim e antes de mudarmos de assunto, quero agradecer por esse papo sincero que tivemos.. foi realmente muito bom. - Comentou Tae, sorrindo meio triste. -É como se eu tivesse tirado um peso de minhas costas..

-Não precisa agradecer, bebê, 'tamo aqui pra isso. - O menor segurou sua mão, lhe chamando atenção.

-Sim, saiba que estaremos aqui pro que precisar. - Hobi segurou a sua outra mão, dando um beijo nela e na sua bochecha.

-Obrigado.. Muito obrigado.. Estarei aqui também se precisarem.. - Sorriu sincero, tímido e com o coração quentinho por se sentir amado.