prefácio

396 28 2
                                    

Tenho pensado sobre solidão nos últimos tempos... e tudo por causa de um trabalho em equipe! Veja só: meu professor de Literatura nos incumbiu a tarefa de produzir um artigo a partir de um tema específico. Meus amigos e eu ficamos responsáveis por falar sobre a solidão do poeta Rainer Maria Rilke sob a perspectiva do Romantismo. Aliás, lhe aconselho a ler "Cartas A Um Jovem Poeta", material de nosso estudo.

Adentrando a mente do poeta e analisando seu posicionamento sobre tal sentimento, deparo-me com uma nova face da solidão. Sabemos que por muitas vezes ela vista como algo ruim e indejesado. Se você está só é porque não se encaixa, seja por não querer, seja por não conseguir. Estar só é estar triste, sem amigos, sem nada que dê sentido ao seu mundo, sem nada nem ninguém por quem lutar, abandonado... frequentemente a associamos à dor, perda, incapacidade, tristeza: todas as sensações pesarosas.

Mas... e se não for sempre assim? E se a solidão estivesse ligada a algo bom? E se a partir dela surgisse uma coisa boa e interessante e produtiva? Se tem algo que posso afirmar a você é que a solidão está muito longe de significar ausência de companhia. Você pode estar em uma multidão e sentir-se só, pode estar com quem ama e ter a mesma sensação. Dessa forma, ela teria um efeito mais avassalador, não acha?

A solidão é um processo. Ela é um meio (talvez a única maneira) de você se conhecer verdadeiramente. Rilke afirma que somente neste estado você começa a olhar para o seu interior, procura se investigar, buscar e tentar entender suas emoções, gostos e desejos. A solidão elimina as distrações externas e te instiga a se descobrir, desvendar e enfrentar seus medos, navegar por suas nuances. E isso, preste atenção, nada tem a ver com egocentrismo.

Então por que tanto medo de encará-la? Por que as pessoas têm tanto medo de tentar se encontrar? O que mais assusta? A busca ou o achado no fim? Aí está o problema. Enquanto não tivermos coragem de saber sobre nós, estaremos sujeitos à situações não tão agradáveis de dependência emocional e Deus sabe mais o quê!

Gosto de pensar na solidão como um estado de espírito, algo transitório. Quando necessário, não o temo. Quando dispensável, me entregou à parceria e companheirismo. O correto, como em tudo na vida, é ter equilíbrio, é saber o seu momento. Ter noção dos seus limites e de suas sensações, sejam elas boas ou ruins. E o que, acima de tudo, você pode tirar disso.

Então, este livro não é sobre solidão, mas sim sobre o que ela é capaz de gerar. Aqui eu trago uma coleção de poemas e textos que criei na aconchegante solidão do meu espírito, mesmo que o que eu retrate neles sejam instantes compartilhados. O fato é que terá de tudo por aqui: postarei algumas poesias no estilo slam* (se já leu pelo menos um livro da série "Slammed", da Colleen Hoover, saberá do que estou falando e de como interpretá-la), reflexões a cerca de alguns temas, talvez algumas frases... tudo autoral! Ou seja, minha alma estará em suas mãos mais uma vez. Cuide bem dela.

Com Amor,
R.J. **

___________________________________________

* É um termo usado para designar uma poesia performada. O poeta não só escreve, ele interpreta seu texto, conduzido pelo sentimento empregado.

** A propósito, sempre assinei meus textos como Igor, um de meus nomes de batismo. Decidi que meu nome de escritor é R.J., uma variação bem legal das minhas outras iniciais.

Resquícios de SolidãoOnde histórias criam vida. Descubra agora