e estava escuro enquanto ela corria. Longos cabelos castanhos ondulados esvoaçavam de maneira incômoda em seu rosto. Algo a estava perseguindo. Era possível sentir a presença, mas não ver o que quer que fosse. O medo profundo castigava seu peito e o rosnado tremulava seus joelhos. De onde vinha aquele som pavoroso? Encurralada em um beco, ela olhava para todos os lados sem saber de onde seu perseguidor vinha.
Naquela mesma noite, Jhon Wilbur estava tomando um café em seu escritório. Não havia muitas coisas para se fazer naquela cidade. Depois de organizar toda a papelada que deixara acumular, se aprontou para voltar ao seu apartamento. O tempo passou mais rápido do que ele pôde perceber, a Lua estava alta no céu e o frio fazia vapor sair de sua boca e nariz.
Depois de anos trabalhando como inspetor de polícia, desenvolvera uma habilidade muito útil. Ele conseguia sentir quando algo ruim estava para acontecer. Inútil! Era como ele, costumeiramente, se sentia após se mudar para o condado mais afastado daquele estado. Nada acontecia naquela cidade, pelo menos nada realmente importante a que requeresse atenção policial.
Ao chegar em casa, sentou-se em sua poltrona onde costumava ficar até o sono chegar. Às vezes demorava, mas nunca foi um incômodo, de modo que suas leituras noturnas eram uma das partes favoritas de seu dia. Ele apreciava a vida calma, sentia falta da vida agitada. Claramente não era uma pessoa muito constante.
No dia seguinte acordou disposto, aprontou-se e foi trabalhar. Chegando lá, Sônia, a telefonista da delegacia o avisou de que um policial da capital estava em sua sala. Ele apanhou uma xícara e de café e foi ao encontro do visitante.
— James, que bom vê-lo, meu velho amigo! — Jhon e James haviam entrado para a polícia juntos e se tornaram próximos.
— Haha, digo o mesmo! — James disse enquanto lhe dava um caloroso abraço.
— A que devo a visita?
— Infelizmente não estou aqui para matar a saudade, coisas ruins estão acontecendo.
— Ora, desembuche logo! O que poderia ser para te trazer aqui?
— Existe um vilarejo que fica a algumas horas daqui, bem próximo à capital, chama-se Betânia. Pessoas têm desaparecido por lá e, apesar dos esforços locais, não conseguem descobrir nada. Fui designado para o caso, mas sinto que isso pode ser maior do que está aparentando. Por esse motivo pedi que você me acompanhasse. Vim trazer o pedido pessoalmente.
— Quantas pessoas desapareceram? — Ele já sentia o arrepio que confirmava a suspeita de James.
— Oito, sem nenhum padrão aparente. Os relatórios do caso estão aqui se quiser ler antes de decidir se irá me acompanhar.
— Bem, eu...
— Eu sei que veio atrás de uma nova vida, mas eu aprendi a confiar nos seus instintos depois de todos esses anos. Preciso de você.
— Está bem. Partiremos amanhã pela manhã. Colocarei tudo em ordem aqui antes do fim do dia. Se não tiver se hospedado em algum hotel, pode ficar em minha casa.
Jhon delegou suas funções entre os oficiais. Não haviam muitas coisas a serem feitas e não se demorou em ler tudo sobre o novo caso apresentado. Oito pessoas entre quinze e sessenta anos, sem parentesco, sem semelhanças físicas, e nenhuma ligação exceto pelo lugar onde viviam. Não parecia haver um motivo para desaparecerem e nem para que alguém os raptassem. Sua mente estava focada em resolver o caso e já não havia mais como voltar atrás. Precisaria buscar as respostas até o fim.
Chegou em casa cedo e James já estava lá. Ele havia comprado um garrafa de vinho suave. Isso fez Jhon lembrar-se dos tempos em que os dois farreavam juntos, antes de serem admitidos na polícia. Fazia frio e ficaram muito tempo conversando sobre o caso e bebendo a beira da lareira.
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Fadas não contam histórias
FantasyE se você pudesse ver todas as coisas que uma árvore já viu? Quem sabe uma floresta? Eu posso contar. Eu vou contar. Os capítulos serão publicados semanalmente, geralmente nos fins de semana. (tenham paciência com a minha procrastinação, sofro de bl...