Capítulo 5 - Era verão em Haruni

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 e Thomas estava empolgado. O calor fazia bem a suas longas orelhas e aumentava sua disposição. A corrida do campanário de Fréya estava chegando e neste ano ele estava determinado a ganhar. Tinha apenas treze anos mas em sua cabeça já se sentia um adulto. Sentia que podia desbravar o mundo inteiro.

Desceu as escadas correndo veloz como uma flecha, escorregou por debaixo da mesa da cozinha e saltou porta a fora desejando um bom dia à sua mãe. Ela o repreendeu para que não corresse daquele jeito, como sempre. Esse era o jeito que ele levava a vida, correndo como se o mundo dependesse disso.

Nunca se demorava em seus afazeres, tudo era uma corrida contra o tempo. E isso o fazia muito bem, ele tinha muita energia. Até mesmo seus pensamentos voavam, e as vezes ele nem conseguia entender. As outras crianças caçoavam dele, mas ele nunca ligou, não havia espaço em seu coração para se preocupar com isso.

Nem mesmo o fato de nunca ter conhecido seu pai o incomodava, sua mãe dizia que ele tinha muita força e que não precisava de ninguém. Um cuidava do outro e assim seguiam.

Correu pelo campo até chegar na casa dos Hamber. Felipe, um dos filhos mais novos, era o melhor amigo de Thomas e havia prometido ajudá-lo a treinar. Chegando lá saltou por cima da cerca como se seu corpo não tivesse peso algum. Parou pouco antes da porta e recuperou seu fôlego em um instante.

— Bom dia, Tom! — Disse a senhora Hamber ao abrir a porta. Ela era firme, precisa e gentil.

— Bom dia, o Felipe já levantou?

— Eu lhe darei um prêmio se conseguir tirar aquele preguiçoso da cama. — Desafiou-o sinalizando para que entrasse. Ele correu até o quarto do amigo no andar de cima. Entrou silenciosamente no quarto, um passo de cada vez. Felipe estava dormindo de bruços com um braço arrastando no chão. Tom se aproximou e berrou enquanto abria as cortinas: — Acorde! Seu preguiçoso! É hoje o solstício.

Ele saltou de susto com o berro, de maneira desajeitada, quase caindo da cama. — Não faça isso, Tom, eu poderia ter morrido. — Ele reclamou com os olhos esbugalhados.

— Você tem um coração bem forte, pode aguentar um susto às vezes. — Respondeu jogando uma camiseta para que ele vestisse. — Você tem que me ajudar a treinar.

— Eu sei, eu sei.

Era difícil acompanhar o ritmo de Thomas, mas Felipe gostava de tentar, mesmo que tivesse bem menos disposição. Ele era quem tinha as ideias mais engenhosas enquanto Thomas o ajudava a sair da enrascadas em que se metiam. Haruni começava a parecer pequena para aqueles dois.

Desceram as escadas e quando se dirigiam à porta, a senhora Hamber, que trabalhava em algo na bancada da cozinha, lançou uma maçã de costas por cima da cabeça. Thomas a pegou e mordeu sem parar de andar. — Seu prêmio. — Ela disse ainda de costas.

— Obrigado, senhora Hamber!

— Como assim prêmio? Perguntou Felipe confusamente intrigado.

— Depois eu lhe conto... — Respondeu soltando uma risada maliciosa.

Porta fora e os pés de Thomas precisavam correr novamente. Saíram sem demora e logo chegaram ao rio Renard, que contornava a cidade. Felipe havia pensado em um circuito de obstáculos para ajudar no treino. Quando eram bem mais novos, encontraram uma casa na árvore perto das margens, que se tornou o esconderijo da dupla.

Saltaram de rocha em rocha através das correntezas do rio, como de costume. Algumas árvores depois da margem e lá estava a casinha circular com telhado pontudo. Uma escada de cordas pendia pela lateral. Dentro eles tinham vários objetos que colecionavam de suas aventuras e também alguns papéis que Felipe usava para planejar as próximas.

— E então, meu caro, como planejas me ajudar a vencer?

— Primeiro você tem que parecer mais velho, meu senhor! Ano passado não te deixaram participar, lembra?

— Mas esse ano é diferente, eu já tenho até bigode! — Falou apontando para uma leve penugem acima dos lábios.

— Você está brincando? Não tem nada aí!

— Não me insulte! Eu já sou um elfo adulto!

— Me desculpe, senhor adulto, mas acho que seu bigode esqueceu de se juntar a nós nesta manhã.

Ambos começaram a rir e se estapear.

— Vamos, Felipe! Eu não posso perder tempo! O que iremos fazer?

— Está bem, está bem. Nada de construir obstáculos dessa vez, eu tive uma ideia, mas você não vai gostar...

Os pelos da nuca de Thomas de eriçaram.

— A curiosidade está prestes a me fazer explodir! Desembucha!

— Meu pai recebeu o velho Jensen lá em casa ontem. Eles estavam conversando sobre a lenda do bosque da Lua. Tu já ouviu falar dela?

— E quem não ouviu? A mamãe sempre me disse pra ficar longe de lá, pois nada de ruim que eu encontrasse lá seria pior que o que ela faria comigo, haha.

— Pois bem, parece que tem alguma coisa acontecendo lá, e está deixando o velho Jensen bem preocupado.

— Aonde está pretendendo chegar?

— Eu quero descobrir o que tem lá, se conseguirmos ir e voltar, ninguém estará mais preparado para enfrentar a corrida.

— Deixe de besteira, não tem nada lá, são apenas histórias que o velho Jensen inventa. Vamos acabar perdendo tempo.

— Você está é com medo! Vamos, Tom, onde está seu espírito de aventura?

— Eu não tenho medo de nada! Eu irei, mas se eu perder, você será o culpado.

— Perfeito! Mas antes, tem mais uma coisa que eu preciso te contar...

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⏰ Última atualização: Jul 25, 2020 ⏰

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