.

87 8 4
                                    

Londres
16:24 p.m.
12/05/

       Saio da escola indo direto pra o metrô, prometi a minha tia que chegaria cedo em casa, o que é estranho, estou acostumada a aproveitar, entrar em bibliotecas, lojas, qualquer coisa que encontrasse no caminho, curtir o vento fresco e olhar pro céu, gostava quando ele estava cinzento, mas hoje estava ensolarado.
   Moramos em uma área perto de Streatham, então minha tia se preocupa bastante e diariamente com qualquer passo que eu der pra fora da porta do apartamento até a escola, logo essa agonia dela vai acabar, me formo daqui a três dias, sem grandes festas nem nada do tipo só o fim dessa etapa. Meus planos? Nada de faculdade por enquanto, nada de pressão, tenho um dinheiro o qual economizei por três anos, trabalhando meio período em lugares diferentes, vou me mudar em agosto,para o centro da grande Londres, já tenho um apartamento no qual planejo ficar, tenho como me manter por um tempo, mas logo que chegar vou procurar um emprego, minha irmã mais velha mora por lá, mas não quero que ela saiba que vou por enquanto por que provavelmente ela vai querer insistir em ajudar, mas dessa vez não, de agora em diante minha vida tem de ser algo só meu.
   Chego no meu prédio e vou até o quarto andar, entro por aquela porta que logo se tornaria nostálgica, comprimento minha tia:
   - Cheguei e com fome.
   Ela me olha da cozinha com uma cara de quem vai jogar aquela panela do que eu imagino pelo cheiro que seja frango na minha cara.
  - O Alan ligou mais cedo, disse que você está ignorando as mensagens dele.-  Diz desligando o fogo e pegando uma toalha na gaveta pra por na mesa.
  - E daí?- Respondo tentando demonstrar todo o meu desinteresse.
- Beck, ele não fez de propósito, vocês se conhecem a tanto tempo, vai deixar essa amizade acabar por uma bobeira dessas?
- Tenho meus motivos tia, acredite em mim, tu não sabe nem da metade, aliás, do que você tá sabendo?
- Que ele foi te ver na sua sala no meio da aula, ele disse que foi de dar um presente e você ficou com vergonha.
   Dou uma risada anasalada soltando o último prato na mesa e olhando pra ela.
- Ele me levou um buquê, na frente de todo mundo, um buquê tia.
   Ela não fala mais nada, até dá pra entender, ela não fazia ideia dessa paixão unilateral que ele tinha por mim, pra falar a verdade eu também não queria saber.
- Bom, então vou respeitar sua decisão, logo você vai se mudar, nem daria pra criar relacionamentos aqui.
   Minha tia é aquela pessoa totalmente contra relacionamento a distância, ela não tem boas memórias disso.
   Continuamos a conversar de coisas banais, falo um pouco sobre um bom apartamento que achei bem perto do centro com um bom preço, era pequeno, mas pra mim já estava ótimo. Ao terminarmos eu tirei a mesa e lavei a louça, então fui arrumar algumas coisas pra doação, pra viagem só poderia levar uma mala grande, uma média e uma mochila, eu pensava que não tinha muita coisa até ter que colocá-las naquela mala, teria que me desfazer de algumas roupas, alguns livros e outras coisas que tinha guardado, minha tia fez a questão de me ajudar com isso, digamos que estamos aproveitando todo temo oportuno para passar juntas, uma longa e melancólica despedida, até na semana passada ela me deu um colar com um B estampado,sempre admirei o colar dela com um lindo S de Samantha, um nome tão lindo e forte que combina com a personalidade dela, devo dizer que vovó escolheu bem, mas sempre que eu elogiava o colar dela nós começávamos uma conversa longa sobre como eu não gostava de meu nome, por isso sempre que se referem a mim usam meu apelido, dado a mim pela minha irmã quando eu ainda tinha 2 anos, então quando ela me deu o colar e vi que era a inicial do meu apelido não de meu nome, foi um memento um tanto emotivo.
  Esse próximo mês vai ser assim, com detalhes sentimentais, para passar dessa etapa de minha vida sem arrependimentos, eu espero.

Can I Ever fall In Love?Onde histórias criam vida. Descubra agora