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16:30p.m.
Londres
15/12/

Sou o tipo de pessoa que gosta de passar o tempo de forma confortável, as vezes em casa, as vezes no cinema, as vezes numa biblioteca ou até mesmo numa lanchonete, o importante é eu estar bem e confortável, e naquele momento em particular eu estava me sentindo exatamente assim.

Aproveitamos que o dia estava bonito e decidimos ficar ao ar livre, preparamos alguns lanches antes de sair e nos dirigimos a praça que tinha ali perto, a mesma em que fui com Hope da última vez, gosto daquele lugar. Estávamos nos três fazendo perguntas uma sobre a outra, percebi que tinha várias coisas sobre elas e até sobre mim mesma que eu não sabia, pelo simples fato de nunca ter perguntado, acho que vou fazer isso com mais frequência.

Conversa vai conversa vem vamos nos conhecendo melhor.

   - Ser o mais novo sempre será vantajoso -  Lili fala sorrindo- Sei que somos mais mimados e amo isso.

   - Mas não é justo pro mais velho.- Hope reclama.

   - Mas assim, sabendo que os mais velhos também tem suas vantagens - Complemento - A autoridade pra maioria das coisas é do mais velho, e quando os pais não estão perto eles são a autoridade.

   - Isso aí, nesses momentos não tem mimo não, só sofrimento - Lili dá uma risada leve com um olhar meio nostálgico.

   - Aliás, quantos irmãos você tem? Que você é mais nova eu já sabia, mas também é a única coisa que sei sobre sua "vida familiar". - Faço aspas com os dedos, por que minha cabeça não conseguiu pensar em um termo menos formal, mas não queria deixar a conversa pesada.

   - Bom, eu tenho um irmão mais velho.
Esperamos ela completar mas ela parou ali.
  - Só isso? - Hope questiona- Tipo, nada de: " ele era um chato, brigávamos direto" ou " até hoje ele continua um bobão" sei lá, alguma coisa depreciativa?

  - Na verdade não, nós, ficamos por um bom tempo sem poder nos ver direito, nos víamos uma vez  cada quinze dias, depois ele se afastou. Mas quando morávamos com James, ele era bem protetor. 

  - James?- Pergunto intrigada, ela estava deixando muitas lacunas naquela reposta, mas não queria ser muito invasiva.

  - O marido da minha mãe.

  - Seu..pai?- Hope questiona tão intrigada quanto eu.

  - Nunca chamei ele disse, nem nunca vou chamar, mas sim, foi aquele cara que nós "fez" - Lili faz uma pausa sentado mais confortável na toalha que mais cedo havíamos espalhado na grama - Mas então, quantos irmão você tem Beck?

Eu percebi, ela tava fugindo daquilo, não estava nem tentando disfarçar, mas se aquilo era tão ruim pra ela, não vou insistir, mas ainda quero entender essa história completa.

   - Uma irmã mais velha, mantenho contato, ela mora aqui, mas recentemente teve de fazer uma viagem a negócios pra Cuba e não sei quando volta.

   - Essa folgada da Megan, nem pra convidar a irmã e a amiga da irmã pra ir junto- Hope fala com uma careta.

   - Aliás como se chama seu irmão? - Tento mais uma vez.

   - Christopher.

  Okay  foi a última tentativa, ela é boa nisso.

   - A minha irmã mais nova se acham Ellen aquela pirralha.

  Hope joga aquela informações de forma animada, tentando melhorar o clima, o que funciona, nós três rimos de forma descontraída dispersando os pensamentos e voltando a nós concentrar naquele momento ali, em nós três sem passado nem nada, as simples e mesmo assim tão intrigantes Lili, Hope e Beck de agora, a superfície que as três mostravam uma pra outra, mas de forma sincera.

Ficamos ali por um bom tempo, até termos de voltar pegar as coisas da Hope, ela teria que voltar pra casa hoje, Lili foi logo depois da saída de Hope, disse que tinha que ver como estava a casa, se seu primo não tinha invadido seu quarto denovo.

E assim fiquei ali naquele domingo a noite, mas minha cabeça estava a mil, sabia que não seria bom ficar em casa sozinha.

Olhei pro relógio de pulso marrom que eu tinha ganhado do um amigo de infância, uma pessoa muito importante pra mim, marcava que já eram 20:40 p.m. acabei aproveitando dar uma viajada nas memórias, olhando pro relógio de couro marrom claro meio gasto pelos anos de uso, no lado direito estava grifado Mark, porque era sempre tão doloroso lembrar, eu não quero, não agora, está tudo bem, não quero ficar pra baixo.

Decidida a fazer isso peguei meu celular e fones e saio pelas ruas não tão escuras com um clima um pouco mais frio depois de caminhar por umas três quadras quase correndo, eu paro e respiro, eu não posso correr de meus próprios pensamentos, as vezes só resta parar e organizar tudo dentro de mim, me concentro em caminhar de vagar e me distrair com as vitrines iluminando as calçadas, funciona até, essa caminhada vai durar até umas horas, eu sei que me distrair não vai resolver nada, mas é mais fácil e confortável, vou me contentar com isso por agora.

Can I Ever fall In Love?Onde histórias criam vida. Descubra agora