Renascença
Prólogo
Full moon, o lugar ao qual denomino como a minha "casa", ou melhor, o lugar onde nasci, um clube de strippers, mas não é uma casa noturna qualquer. Ele é o lugar que abriga os nobres vampiros, os primeiros da cadeia alimentar, nos observando como verdadeiras presas mantidas em cativeiro, os seus gados, como alguns amam pronunciar. Suspiro, olhando-me mais uma vez no espelho, prendendo minha gargantilha de couro. Deleito-me olhando o objeto de couro pela milésima vez, passando levemente meus dedos pela argola de metal presa à ela. Levanto-me, ajeitando a mecha rebelde de meu cabelo e mais uma vez subo naquele palco para ser servido como o prato principal da noite.As luzes apagadas evidenciavam o local erótico e promíscuo que é essa casa noturna. Subo lentamente no palco, notando os diversos olhares dos magnatas. Vermelhos como sangue, esse é o olhar deles, o olhar imponente com tamanha posse e dominância. Nunca odiei tanto esse olhar, esse olhar controlador, esse olhar que me queima de um jeito ruim. Tirado de meus devaneios, a música começa a tocar, fazendo-me dançar conforme a melodia lenta e erótica, marcado pela letra e pela batida lenta e forte e, para inflar o meu ego, retiro a minha camiseta preta, mostrando meu peito nu e pálido, tocando minha pele e lambendo meus lábios, afinal sempre amei o meu exibicionismo e em como consigo puxar a atenção de todos com apenas uma mera peça jogada aos verdadeiros gados, os vampiros, sedentos pelo sangue de suas cadelinhas preferidas que com apenas um olhar lhes dão a patinha e latem.
Deito-me no chão, ajoelhando, enquanto passo a mão entre as minhas bandas, inclino meu rosto para trás e suspiro deleitoso quando ouço gritos fervorosos de meus meros e sedentos espectadores. Ondulo minhas costas, ficando totalmente exposto de quatro enquanto rebolo conforme a música. Levanto-me e começo a desafivelar meu cinto, ainda rebolando, e coloco-o na minha argola da gargantilha, prendendo-a enquanto desabotoo minha calça de couro sufocando minha bunda mediana. Quando enfim me livro da peça, jogo na plateia e caminho lentamente para o pole dance, me esfregando nele enquanto me agacho, arrancando mais suspiros sedentos e esperançosos.
Levanto-me e olho para a plateia com a melodia quase se encerrando e me prendo em um olhar diferente, azuis. Fico estático, não tirando os olhos daquela figura, até que por fim as luzes se apagam, anunciando que o show terminou. Bufo, procurando por aqueles olhos e não os encontro, pego o dinheiro que jogaram enquanto fazia a dança e saio de cena desejando um "boa sorte" ao meu precioso e único amigo Jung Hoseok. Retornando para o meu pequeno quarto, suspiro nervoso e resolvo tomar um banho, já que eu sou o único da casa que não pode ser tocado por vampiro algum por não ser o padrão que eles queiram e também porque o senhor Chae quer me vender totalmente imaculado e virgem.
Mas ele errou, minha mente já havia sido corrompida há muitos anos, vivendo em um lugar que cheira a sexo brutal, whisky, sangue e dinheiro vivo, mesmo que ainda sim confesso ter bastante inocência sobre tudo ao meu redor. Não sei como é o mundo afora, minha escolaridade, pouco me foi ensinado sobre, apenas o básico para saber me comportar perante algum nobre, mas ainda não sei sobre diversas coisas, coisas que são essenciais para mim e eu cresci. Tendo 19 anos, não sei o que é viver, não sei quem eu sou.
Retiro as últimas peças que me restam e tomo a minha ducha. Enquanto olho para a água indo direto para o ralo, pergunto-me se algum dia poderei ser livre, mas temo o mundo afora. O senhor Chae — dono da casa, meu chefe — diz que lá fora é perigoso, humanos são escravos de vampiros, mortes, roubos e que o melhor lugar para mim é aqui na casa. Foi por esse motivo que passei a odiar vampiros, eles só vêem a gente como um mero objeto, servindo para alimentar a concupiscência deles. Desligo o chuveiro e me seco, coloco uma roupa leve mas ainda sim bonita, afinal não posso dormir ainda e tampouco colocar um pijama e ficar confortável na minha cama. Sento-me na cama, lendo um dos poucos livros que tenho e que posso ler, nas gravuras eu pouco sei dos seus significados mas, ainda sim, amo ler — é o único refúgio que encontro nesse inferno pessoal. Tiro-me dos meus devaneios quando o senhor Chae entra no meu quarto e mostra suas presas.
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Renascença | kth + myg
FanfictionRiu baixinho, quase como um sussurro provocante demais, indo até mim sem perder sua postura firme e imponente e, pela primeira vez, senti-me domado. - Não entenda mal, meu bem, mas amo meninos malcriados como você. Taegi | bdsm