Silverstone

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Eu não gosto das confusões, mas às vezes tenho impressão de que elas gostam de mim

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Eu não gosto das confusões, mas às vezes tenho impressão de que elas gostam de mim. Meus pés balançavam enquanto estava sentada na mureta, o vento do crepúsculo fazia com que meu vestido esvoaçasse, eu coloquei a mão acima da sobrancelha quando o farol de seu carro iluminou a rua ainda escura. Ele o estacionou de qualquer jeito, sem se preocupar muito com aquele ultrajante carro vermelho, saiu rápido como se estivesse prestes a perder alguma coisa muito importante. Charles se sentou ao meu lado em completo silêncio.

— Olha, Chloe, quero começar te falando que eu não estava flertando com aquela garota — disparou quebrando o silêncio, não o encaro nos olhos — Eu juro, tudo que disse antes sobre nós dois é pra valer.

Engulo em seco e pressiono meus lábios um contra o outro, uma onda de tristeza repentina está me invadindo. É tão difícil para mim acreditar nas pessoas, sempre foi, eu sei que busco motivos e desculpas para mim mesma, me agarrando em qualquer detalhe que possa validar minha escolha de não crer. Por isso, é muito aflitivo quando um cara legal como Charles aparece na minha vida.

— O que era aquilo, então?

Finalmente tomei coragem de ver seu rosto. O céu estava começando a clarear e entre nuvens um horizonte alaranjado começava a se formar, aquela luz iluminava o rosto de Leclerc o tornando ainda mais angelical do que o comum, ele apertou as sobrancelhas e seus olhos estavam baixos.

— Apenas conversando, ela me disse que era fã da Ferrari e acabei me entretendo no assunto. Escuta, eu sei que parece ridículo mas eu não estava flertando, apenas esperando você aparecer já que a coisa com a Pamella pareceu séria — explicou com certa urgência eu queria acreditar, queria mesmo — Por favor, acredite em mim. — completou, como se pudesse ler meus pensamentos.

Tentei desviar o olhar mas o piloto não permitiu, levou seu dedo a minha mandíbula me puxando para sua direção, me forçando a encarar aqueles malditos olhos. A cena é como um livro que eu já li milhões de vezes, não quero ser a babaca que o culpa pelo pecado de outras pessoas, mas aquela atitude me lembra Darren.

O imbecil era amigo do meu irmão, charmoso, mais velho e teoricamente sábio. Surfava ondas à tarde e trabalhava no escritório do meu irmão durante as manhãs, um dia achei que ia me casar com esse cara. Ele era quadrado, mas não de uma forma careta, e sim de que te faz ter vergonha das besteiras que você conversa com suas amigas com 18 anos. Infelizmente para mim, parece que sua dignidade se limitava a seus livros na biblioteca extensa em seu apartamento e seus ternos ridiculamente caros.

Mas Charles não é Daren, sei que não. Infelizmente isso não impede que eu tenha medo de praticamente tudo que envolve um relacionamento novamente. E quando algo assim acontece, fica ainda mais difícil para mim desvincular uma imagem da outra, resumindo, estou ferrada.

— Tudo bem, Charles, sério. Nunca prometemos exclusividade, você não me deve explicações.

Seu rosto desmorona e eu me seguro entre meus lábios. Sei que estou machucando-o  quando ajo de forma tão inconsequente e impessoal, fingindo que sou impassível, como se não fosse sobre a gente e sim sobre um casal qualquer que eu li em uma página de fofoca. Tenho plena consciência de que faço isso para rejeitá-lo e isso o magoa, mas a essa altura da minha vida essa se tornou minha resposta a momentos assim, é tão natural quanto respirar.

Blinding  lights•Charles Leclerc  (HIATUS)Onde histórias criam vida. Descubra agora