Montreal

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Para alguém nascido em um continente muito quente, como eu, o frio de Montreal é quase como um castigo

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Para alguém nascido em um continente muito quente, como eu, o frio de Montreal é quase como um castigo. Posso morar em Londres há algum tempo, mas certas coisas nunca se tornaram normais para mim, ter o rosto queimado pela temperatura baixíssima é uma delas, assim como os dedos roxos se não usar luvas e ter que conferir sempre se os bancos não estão congelados antes de sentar. Treinar no frio de temperatura abaixo de zero, então? Tarefa quase impossível.

— Podemos tomar chocolate quente depois das minhas voltas? — Max perguntou com a balaclava em mãos, esperando minha resposta com os olhos azuis brilhantes de empolgação. Sou responsável por mantê-lo na linha em relação a comida, faz parte dos meus aprendizados na pós graduação, mas não posso negar que a ideia de um chocolate quente fumegante é muito interessante.

— Tudo bem dessa vez, só porque estou congelando os ossos.

Verstappen sorriu arteiro sabendo que tinha me convencido, então vestiu o resto do equipamento e se instalou no cockpit saindo com pressa para a pista. Me recostei na parede da garagem admirando o carro azul marinho voando nas retas e curvas, aquele ano estava sendo excepcional até ali. Max estava cada vez mais maduro dentro da pista e podia sentir que não demoraria para que ele conquistasse seu primeiro título, era um sonho, mas estava perto.

— O que se passa nessa cabecinha bonita? — Daniel provocou, se ajustando exatamente ao meu lado. Sorri para ele quando percebi o quanto também estava encapuzado, Ricciardo também era das terras ensolaradas da Austrália.

— Nada demais, só estou divagando — contei e ele assentiu satisfeito com a resposta, também divagava muito, principalmente com fones no ouvido. Daniel ama música, tipo de uma forma assimétrica com a realidade. — Não vai dar mais voltas hoje?

Ele negou, o treino livre era importante mas não o suficiente para desgastar tanto os pilotos e o carro para isso, decisão inteligente.

— Soube que teve um encontro semana passada — admitiu chutando um pedaço de borracha no chão e mordi o interior da bochecha um pouco nervosa. Não conversamos sobre nosso... bem, beijo, mas tinha suposto que significava que iríamos apenas ignorar aquilo, sendo sincera, nem pensei nele a noite toda em que estive com Charles e isso me fez sentir um pouco culpada. — Não precisa se apavorar, só estou zoando com você. Somos amigos, não é?

Acho que o desespero estava em todo meu rosto, mas respirei aliviada depois de Dani dizer isso. Graças a Deus, não precisava de uma conversa constrangedora.

— Não me assusta assim, Daniel Ricciardo — confrontei batendo em seu braço, ele riu se divertindo dos resquícios de angústia na minha voz.

— Não posso evitar, loirinha. Já te disse que te irritar faz meu dia melhor — o piloto afirmou brincalhão.

Revirei os olhos, mas não pude responder mais nada, o australiano foi convocado pela equipe para analisar alguns dados da pista com eles em seu momento de folga, azar dele. Verstappen provavelmente ainda demoraria um pouco ali dentro, decidi que poderia dar minhas voltas também. Adoro a fã zone em dias vazios, os produtos ficam quase todos disponíveis, gosto de julgar os que acho feios e bonitos, é uma coisa que costumo fazer com Pamella quando ela está junto, mas dessa vez sou apenas eu e alguns grupos de família, corajosos o suficiente para sair no frio canadense apenas para assistir aos treinos livres.

Blinding  lights•Charles Leclerc  (HIATUS)Onde histórias criam vida. Descubra agora