Budapeste

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Despedidas são difíceis para mim, sempre foram

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Despedidas são difíceis para mim, sempre foram. Aquela sensação de que um ciclo está finalizando e que não há como parar o processo, me apavora desde sempre. Essa dificuldade às vezes me impede de começar coisas temendo que elas acabem antes que eu possa processar.

Enfim, Budapeste é assim, meio melancólico não? Mas é verdade. Não gosto quando as coisas acabam, por mais simplistas que sejam, como o final de um semestre, uma parte da temporada, ainda mais quando tantas coisas mudaram. Budapeste é a última corrida antes do início das férias de verão, em que passarei meus dias em uma viagem de ski com Max e Pam programada no começo da temporada, em que minha vida era totalmente diferente.

Não me leve a mal, não é que eu não esteja animada, mas tenho a má impressão de que toda essa coisa nova e frágil que tenho com Charles pode se prejudicar com tanto tempo longe — não que eu vá admitir isso em voz alta.

— Vai querer?

A voz de Max me captura de meus delírios, estou caminhando com ele e Daniel pelo traçado do circuito húngaro. É um dia quente, com céu azul e poucas nuvens, algumas pessoas passeiam por aí com bicicletas e um vento fraco faz os ralos campos verdes à nossa volta tremularem. Os dois normalmente analisam a pista, mesclando comentários profissionais com suas piadas bestas, mas hoje estão quietos, Max parece em outro planeta.

— Não estou bebendo cafeína, obrigada.

Ele dá de ombros, com a expressão horrorizada. Não deveria dizer isso, mas não sei como ele não teve um ataque do coração com tantos red bulls que ele consome. Uma brisa transpassa meu cabelo levando os fios ao meu rosto, isso arrepia minha pele junto com a sensação de que estou sendo observada, estaciono meus passos curtos e Max e Dani continuam seu caminho. Por cima do ombro encontro com os olhar fixo de Charles, ele me dá um meio sorriso e engulo em seco, como alguém consegue andar por aí sendo tão bonito? Como se não fosse nada demais. Minha respiração pesa no peito a cada centímetro que diminui entre nós, faz tanto tempo que o vejo que não lembrava do quanto estava maluca por ele e como sua presença me afeta de forma irritante.

– Max! — grito exasperada, o holandes dobra o pescoço para me enxergar e franze o cenho quando percebe minha ausência ao seu lado. — Que horas começa seu evento?

O piloto indica com os dedos que em 20 minutos, algo comemora em mim, significa que Leclerc tem esses minutos de folga. Faço um sinal positivo com o dedão e ele volta a se interessar por Daniel, graças a deus, estou prestes a fazer algo vergonhoso que não queria que nenhum dos dois testemunhasse. Encaro Charles novamente, ele está ao lado de seu próprio treinador que comenta várias coisas que parecem serem ignoradas pelo monegasco, gesticulo "10 minutos" para o piloto, ele entende na hora, um sorriso sardônico cruza seu rosto angelical parecendo um menino travesso. Ele aponta para a área dos motorhomes com a cabeça, espertinho, aceno em concordância e me dirijo a área das equipes.

Blinding  lights•Charles Leclerc  (HIATUS)Onde histórias criam vida. Descubra agora