Hockenheim

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Hockenheim se comportava de forma estranha naquele dia

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Hockenheim se comportava de forma estranha naquele dia. É como se, no continente inteiro, todos se preparasem para o verão, enquanto a cidade alemã se mantinha presa ao frio congelante do inverno. Apesar de ser um dia de sol, céu límpido e azul, as temperaturas eram verdadeiramente incômodas, principalmente em meio a pista, ninguém te conta o quanto venta nesses autódromos. Me sentia dentro de uma turbina de avião caminhando no asfalto, Dani por outro lado não parecia se incomodar tanto, ele usava apenas um dos casaquinhos da equipe para se manter aquecido e parecia exageradamente confortável em seus óculos escuros.

— Estão prontos?

O diretor de filmagem era esquisito, como uma daquelas pessoas altas demais e magras demais para serem de verdade. Talvez fosse minha recém adquirida fobia de imprensa falando. O piloto me encarou de esguelha, um sorriso infantil cresceu no seu rosto, Ricciardo estava feliz demais com o fato de que eu tinha sido escolhida para participar daquela ação promocional, enquanto eu estava apavorada. Se chama Pirelli Hot Laps, basicamente escolhem celebridades ou funcionários das equipes para serem levados para dar umas voltas a 300 km/h com um dos pilotos, incrível e engraçado, até você ser sorteado naquele bendito papel.

— Não sei, não — murmurei para mim mesma, Ric piscou para mim.

Uma das funcionárias do marketing ajeitou meu microfone e então nos apresentamos para a câmera, foi bem desconfortável no começo, mas Daniel era naturalmente bom naquilo e me fez rir algumas vezes deixando tudo mais fácil de acompanhar. Depois da primeira tomada, tivemos que trocar nossas roupas comuns por macacões de corrida, meu estômago revirou algumas vezes, gosto de velocidade mas não a esse ponto.

— Promete não correr tanto, Dani?

Minha boca se dobrou em um beicinho na esperança de coagi-lo.

— Mas qual seria a graça nisso, Chloe? — retrucou se divertindo a minhas custas, Daniel colocou o capacete na minha cabeça e sorriu antes de dar um tapinha e entrar no carro. Me tremi um pouco entrando na Aston Martin escolhida para nossa aventura, uma coisa é andar nesses carros nas ruas comuns, o medo das consequências os impede de fazer o que sabem fazer: correr no limite. Mas aqui não há regras além do bom senso, que medo.

— Vou te matar se você correr demais— ameacei, afivelando os cintos em volta de mim. Daniel achou graça do meu desespero ao prendê-los.

— Só ajam naturalmente aí dentro, esqueçam das câmeras.

Esse foi o único conselho da produção antes de liberarem Ricciardo para acelerar. O som do motor essa ensurdecedor, martelando a potências nos meus ouvidos, achei que meu pescoço fosse quebrar assim que nos movimentamos e meus tîmpanos quase estouraram pela pressão na primeira curva, não conseguia enxergar o velocímetro mas estávamos rápidos demais e a sensação era eletrizante e pavorosa ao mesmo tempo. Gritei pela metade do percurso e Daniel achava alguma forma de tirar sarro disso enquanto dirigia, o que me fazia rir em meio aos gritos.

Blinding  lights•Charles Leclerc  (HIATUS)Onde histórias criam vida. Descubra agora