Em meio a trinta guerreiros com um palpável e admirável destemor, Hoseok era quem mais se destacava com as suas habilidades surpreendentes de ataque e defesa. A sua beleza única, igualmente, prendia-me a atenção sem qualquer esforço.
Vê-lo manejar a espada com tanta facilidade, fazia semelhante tarefa parecer algo tão simples que, por vezes, eu não entendia o porquê de não ter força suficiente para carregar uma espada nas mãos.
A minha mãe outrora me dissera que deveria prezar a paz e ser uma pessoa tranquila, mas talvez eu me tivesse tornado sereno e imperturbável demais, porque nunca tive a aptidão para sustentar algo tão ocasionador de dramáticas vinganças e sanguinárias guerras.
Durante a minha paciente observação, o Rei colocou os pés no campo de treinamento com a sua característica postura prepotente — nariz empinado e braços atrás das costas — e, de imediato, todos os soldados se ajoelharam à sua frente, patenteando todo o respeito que tinham por aquela personalidade.
Todos menos Hoseok, que permaneceu em pé, impassível à chegada da mais alta figura da nação.
Isto posto, o nobre obediente, que sempre acompanhava o Rei, viu-se forçado a bater-lhe com a vara de madeira por trás das pernas, diretamente nas articulações dos seus joelhos, no intuito de compeli-lo a debruçar-se no solo arenoso.
Ver aquele homem indigno golpear-lhe com tanta força, incomodou-me. A atitude pacóvia da pessoa que eu mais admirava ali, no entanto, perturbou-me ainda mais. Jamais entenderia aquele brilho recheado de ódio nos olhos de Hoseok diante daquele sujeito poderoso, tal como não saberia o motivo pelo qual os seus punhos tremiam de ira e o porquê da sua preparação imediata para empunhar a espada.
O guerreiro Jung sempre revelava uma necessidade de autodefesa perante aquela presença. Apresentava-se ameaçado e parecia assustado com o Rei, atitude que me deixava a todo momento bastante curioso e, de certo modo, preocupado.
Revelei estar ali ao levantar-me da grama, deixando para trás a folha e o pincel sujo de tinta, e caminhar em direção a sua majestade, sempre com uma expressão contorcida em incômodo devido às vestes quentes demais para um tempo tão abafado. Quando o meu pai me viu, ergueu a sobrancelha grossa, manifestando a sua confusão e desconfiança pela minha comparência. Eu, porém, mostrei-me indiferente, com aquele olhar morto e fisionomia inatingível.
Hoseok sustentou um olhar entediado sobre mim e logo depois revirou os olhos nas órbitas pela minha demonstração inautêntica de personalidade. Eu podia ser a pessoa mais teatral dali, a maior farsa do reino, mas Hoseok sempre saberia quais eram as minhas ignorantes fraquezas e perceberia, instantaneamente, todas as calúnias que escapulissem pela minha boca.
De algum modo, era como se as mentiras fossem o meu amparo. E eu idem não me importava de viver sustentado por fábulas.
As palavras proferidas pelo Rei eram-me parcamente compreensíveis, não obstante ao meu estudo forçado sobre aqueles termos. Naquele momento, contudo, aparentava ser mais interessante observar o guerreiro do que escutar o discurso entediante do meu pai. Hoseok estava em tal intensidade bonito, com os olhos semicerrados e a boca semiaberta, devido à respiração irregular, que me deixava hipnotizado e ainda mais amoriscado.
Com essa demorada observação, pude constatar algumas diferenças. Em relação aos outros soldados, Hoseok não revelava os seus verdadeiros sentimentos e opiniões acerca do que exercia. O guerreiro não exteriorizava qualquer indício de paixão enquanto fitava a espada no chão arenoso e eu perguntei-me, mentalmente, o motivo de tanta apatia com algo em que ele era muitíssimo talentoso.
Hoseok, no entanto, nunca me revelou o porquê do desinteresse pela espada e do fel que sentia pelo Rei.
Mais tarde, segui-o para detrás do estábulo e sentei-me em frente ao pequeno balde de madeira, no qual ele lavava o rosto. O Guerreiro Jung parecia extremamente exausto, mas assim que me viu, sorriu como se não tivesse enfrentado um dia árduo de trabalho por baixo do sol escaldante do Estio. Foi como se toda a energia negativa que carregava no corpo tivesse sido substituída pela euforia.
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As quatro estações de Jung Hoseok | vhope
Fanfiction[CONCLUÍDA] Com o seu singular encanto, Jung Hoseok, o guerreiro de olhos medonhos, porém igualmente donos de uma amabilidade nobre, conquistou o virtuoso coração do artístico príncipe Kim TaeHyung, que inspirado pelos seus fascínios e beleza única...