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Sabina pov

Quando sai daquele lugar, foi como um alívio. Respirei o ar puro de fora (não tão puro porque a Califórnia é poluída). Aquele vento no meu rosto, uma brisa leve de uma noite de verão, era tudo que eu precisava, de um cigarro talvez, mas não fumo.

Perdi toda minha elegância da noite e sentei no chão, o objetivo era pegar um táxi, mas meu celular estava descarregado e não passou nenhum. Mas em algum certo momento, foi como se Deus literalmente pegasse no meu ombro, e eu senti e gritei, gritei muito.

— Ei, calma — A voz de Noah me faz parar, coloquei a mão no peito e respirei fundo.

— Pensei que era minha hora de partir.

Noah riu como se eu fosse um palhaço (se bem que eu estava falando umas besteiras bem absurdas)

— O que você está fazendo aqui? — Perguntei — Devia estar lá dentro e tirar umas fotos pra colocar no seu currículo.

Eu estava olhando para Noah, mas virei a cara, voltando a olhar para a estrada. Noah se sentou ao meu lado.

— Eu não me importo com meu currículo — Disse ele.

— Mas deixou Joalin porque se importou com ele.

— Foi por isso que eu deixei de me importar.

Fiquei em silêncio, qualquer argumento seria inútil, então fiquei calada e rezei em silêncio pra chagar um táxi logo, mas ele não veio. Fiquei sentada com Noah por uns 15 minutos, e em nenhum momento dissemos uma palavra.

— Não vai vir um táxi se você não pedir — Disse ele por fim, quebrando o silêncio — Mas se serve de consolo, posso te dar uma carona.

— Você não precisa voltar lá pra dentro? Isso deve ser importante pra você.

— Não tanto quanto de deixar sozinha correndo um perigo desse — Ele se levantou e puxou minha mão — Vem, eu volto depois.

Meu coração estava a mil. Eu devia recusar a oferta da carona, mas eu ia ficar ali até o amanhecer, e tenho certeza que Noah não ia sair do meu lado. Então entrei no carro e controlei minha respiração como pude.

— Mudei de apartamento — Disparou Noah.

— Sério?

— Uma garota do andar de cima foi abusada pelo meu vizinho que morava do meu lado — Um calafrio percorreu minha espinha — Sofya ficou tão apavorada com a notícia, que fui obrigado a ficar em casa o tempo todo com ela. Depois do que aconteceu, várias garotas alegaram que foram vítimas de assédio. Mudei de apartamento o mais rápido que consegui.

Lembro das vezes que já fui assediada nos estúdios de filmes e séries. Lembro de ser tocada em cenas e não poder reclamar. Eles não tinham cuidado onde tocar. Eu tinha um amor enorme por Sofya, e eu ficaria muito mal se acontecesse algo do tipo com ela. As lágrimas de angústia e dor começaram a escorrer pelo meu rosto. Coisas piores podiam acontecer com outras atrizes, com outras mulheres, e eu estava aqui, parada sem fazer nada, nem mesmo denunciei os assédios.

— Você tá bem? — Noah perguntou, me olhando de relance.

— Não. Assuntos de assédio mexem comigo — Limpei as lágrimas — Quando eu era adolescente, meu pai fazia questão de ir ao teatro comigo, ficar comigo nos bastidores de alguma peça, e eu sempre reclamei, mas ele nunca me liberou pra ir sozinha. Quando eu cresci, eu vi o porque. Eles falam coisas horríveis pra você e tocam sem permissão. Nunca aconteceu algo pior comigo porque eu sempre estava com um grupo maior, nunca ficava sozinha, eu tinha muito medo de ser pega e...

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