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Sabina pov

Ficamos até tarde no nos estúdios e aproveitamos para tomar uns drinks e comer algumas guloseimas. Any e Josh já estavam bêbados. Lamar estava quase lá também. Fiquei confusa sobre Noah, ele olhava pra mim do mesmo jeito que olhou na casa dele, daquele mesmo jeito como se quisesse encontrar algo em mim.

— Se Joalin estivesse aqui, ela ia amar — Any disse toda empolgada e começou a chorar logo em seguida — Sinto falta da minha amiguinha.

Todos ficaram sérios de repente. Josh fez uma careta e jogou o copo na mesa, Noah coçou a nuca. Bailey que também estava conosco, ficou tenso e esfregou o rosto.

— Pra mim já deu, já to saindo — Bailey saiu o mais rápido que pôde, ninguém conseguiu se despedir direito.

— Aí, como a Joalin sumiu? — Perguntou Lamar, eu nem me atrevia a responder.

— Ela e o Bailey tinham um lance, mas ela ficou toda estanha com ele e se afastou. Ela viajou por um tempo e voltou toda feliz com a aura pura, mas a Joalin mudou drasticamente, não falava com a gente e tratava todos mau. Então sumiu. Os pais dela ficaram loucos, o pai dela que tinha câncer morreu, mas talvez nem tenha sido do câncer e sim de tristeza — Any contou a história mesmo estando bêbada — Antes da noite do sumiço dela, ela disse que estava em dúvida sobre uma coisa e estava com medo de ser julgada.

— Nossa.

Meus pelos ficaram arrepiados, falar da Joalin me deixava sem ar. Não consegui ajudar minha amiga quando ela mais precisou de mim, agora me sinto culpada com esse sumiço.

— Depois dessa eu vou pra casa — Lamar cambaleiou e seguiu seu caminho.

— Também já vou —  Me levanto, automaticamente Noah se levanta também.

— Pode me dar uma carona? Meu carro e minha moto estão na oficina.

Sorri, foi assim que tudo começou, com meu carro na oficina, uma cena erótica e uma linha cruzada.

Noah e eu seguimos até o carro, no meio do caminho paramos em baixo de um poste de luz dos cenários de Hollywood. Noah e eu permanecemos imóveis, parados em baixo do círculo de luz vindo do poste enquanto olhamos o nada. Eu olho para o poste, imaginando por que está brilhando sobre nós com a intensidade de um holofote.

— Faz parecer como se estivéssemos num palco — eu digo, ainda olhando pra luz.

— Em uma clássica cena da Broadway — Ele ri.

Nós viramos ao mesmo tempo em direção ao meu carro. Eu me pego usando a trégua na nossa conversa para construir uma cena muito  ruim na minha cabeça. Deus eu sou atriz, não cineasta.

Nós andamos em silêncio, e eu não posso ajudar, mas noto que suas mãos estão firmemente enfiadas nos bolsos da sua jaqueta, como se ele estivesse me protegendo delas. Ou talvez ele esteja as protegendo de mim.

Nós estamos somente a uma quadra do estacionamento quando ele diminui os passos, então para novamente. Naturalmente, eu paro de andar e me viro para ver o que prendeu sua atenção. Ele está olhando para o céu.

— Noah — eu digo, quando vou perguntar, me calo com as palavras de Noah.

— Eu senti um pingo de chuva — Ele diz.

Nós dois estamos olhando pro céu agora. As gotas começam a cair mais rápido, mas nós continuamos parados aqui com nossos rostos virados em direção ao céu. As gotas esporádicas se transformam em chuvisco, e então elas viram uma chuva completa, mas nenhum dos dois se move. Nenhum dos dois faz uma arrancada louca para o carro.

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