Nós, os pedantes

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A chuva embate contra o plástico no telhado
Escuto o barulho na cantina
Que ar de presídio que isto tem
Quando não há nem luz do dia

Sou cárcer de quem desprezo
De quem me trata como a formiga no carreiro
Ou melhor
A formiga que está a entrar para o carreiro

Entra a formiga contra a própria vontade
Para servir à colónia e à majestade
Que graçiosamente não sabe o seu nome
Mas sabe chamar por ela quando necessita

A formiga segue a jornada
Batalha diariamente
Poderia, algum dia, pensar em sair?
Talvez, se o Sol lhe cega-se os sonhos
Mas como a formiga-rainha não quer que a pequena saiba ler
Esta nunca conhecerá nada além de serventia e amargura

Mas, dizem por aí que qualquer formiga pode virar rainha
Mas, deixe-me segredar-lhe, é mentira
Só vira rainha quem é filha do rei
Ou amigo íntimo
Mas a ilusão perpetua-se pelo tempo
E as formigas continuam no carreiro
Uma festa suja, com certeza
Mas para alguém é obviamente melhor
Do que deixar a formiga passear livremente

Emoldurar os DefeitosOnde histórias criam vida. Descubra agora