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A verdade é sufocante, mas ao mesmo tempo, libertadora. E o medo de se libertar é tão grande que te algema e amordaça, mas te da a escolha de se soltar, basta querer ser livre.

Passo pela porta de minha casa já vendo meus pais no sofá, assistindo algum programa onde os participantes tem que acertar o preço de produtos, já era rotina vê-los fazendo isso. Um casamento em decadência, mas eles ainda assim tentam se amar. Espero nunca acabar assim.

- Onde esteve? - minha mãe questiona e apenas suspiro, dando de ombros.

- Sua mãe lhe fez uma pergunta Castiel. Use palavras para responder. - meu pai adverte e eu reviro os olhos.

- Estava com Dean, andando de bicicleta. - me direciono a escada para ir ao meu quarto, mas sou interrompido.

- Não sei se ele é boa companhia para você filho, conheço bem o tipo dele. - nunca a voz de minha mãe fora tão irritante de ser ouvida, tento contar até 10, mas paro no 7.

- E conhece o meu? - pergunto.

- Claro, você é um menino direito, comportado, inteligente demais para se envolver com esse garoto. - meu pai apenas observava tudo em silêncio, vendo o péssimo rumo que aquilo estava tomando.

- Realmente você não me conhece. - suspiro - Se não saberia, que eu não sou o modelo de filho que acha que sou, não me tornei tudo aquilo que você queria. Acha que sim, mas não sou, sempre quis que eu fosse o contrario de Gabe, e nunca admitiu que é por seu puro preconceito. - ela nunca admitiria, mas todos nós sabíamos que ele não engolia o fato de meu irmão namorar Sam.

- Não ouse... - começa mas a interrompo.

Segurei essas palavras por tanto tempo, ela iria me escutar.

- Se me conhecesse, saberia que nenhuma de suas regras serviram de nada para mim. Eu conversei sim com estranhos e assim conheci pessoas maravilhosas, experimentei coisas, tive experiencias e os ultimos dias foram melhores que todo o resto da minha vida. - passei as mãos pelo meu rosto tentando me controlar. - Se me conhecesse saberia que sou gay, e que realmente sou inteligente o bastante para me envolver com alguém do "tipo" do Dean, do tipo que me ama.

Então subo as escadas, deixando os dois extremamente quietos e pensativos. Ao chegar em meu quarto fecho a porta e respiro fundo.

Me sentia livre.

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Meu celular vibra em meu bolso e o pego, logo vendo a notificação de mensagem.

"O que acha de ir a um lugar?"

Sorrio e respondo um "vamos".

"Me encontre na porta da minha casa"

Mordo os lábios e apenas coloco o celular no bolso, vou em direção a janela e com facilidade consigo a pular e chegar em meu quintal.

Pela janela da sala conseguia ver minha mãe andando de um lado para o outro dentro de casa. Não estava com cabeça para ouvir mais nada hoje, precisava me aliviar.

- Vamos? - Dean pergunta ao me ver, concordo e logo ele me puxa para seu carro, dando partida e saindo pela rua.

O clima era bom, o vento em meu rosto causava uma sensação boa enquanto o carro de Dean corria pela estrada rodeada de árvores. Se algum dia eu me recordar deste momento - e com certeza eu vou - a sensação de paz surgirá de imediato, pois é exatamente isso que eu sou sentindo.

Meu braço se estica para fora da janela e sinto o ar passar pelos meus dedos, quase como se fosse palpável. Sorrio e fecho os olhos apenas curtindo o simples momento, posso sentir os olhos de Dean em mim, assim como seu sorriso.

do not talk with strangers ××× destielOnde histórias criam vida. Descubra agora