VENCEDOR EM MELHOR DRAMA NO CONCURSO RLD; 3º lugar em Melhor Sinopse no RLD; 2º lugar em Melhor Sinopse no Concurso WIB.
Ambientada na medieval e decadente cidade pequeno-burguesa de Tavancy, a trama acompanha as desventuras do recém chegado poeta G...
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Caro leitor, olá!
Acho importante situarmo-nos antes que possam abrir estas próximas "páginas". Imagino que muitos aqui compartilham do gosto pela literatura fantástica, por histórias de capa e espada, dragões, batalhas grandiosas e muito heroísmo. Bem... Aqui está "Bacanal Febril". O rotulei como "fantasia". E, de fato, nada aqui se mete à nossa realidade. A história se passa em Tavancy, cidade medieval pequeno-burguesa. Os soldados, de fato, empunham espadas de aço. Temos castelos e mansões muralhadas. E temos também batalhas. Sim. Parece empolgante?
Não sei se é. Se eu disser que "Bacanal Febril" for sobre heroísmo, estaria jogando-lhes um balde de água fria quando seguissem a leitura. Se eu disser que "Bacanal Febril" é fantasia clássica, estarei os decepcionando grandemente quando seguissem com a leitura. Teremos momentos de brilhantismo, momentos de proezas, momentos de batalha grandiosa. Mas tenho de dizer que isso tudo se dará em meio a uma porquice tremenda! A situação é tão lastimável que os corvos, famintos, descem dos céus e atacam os cidadãos, para tentar comer um misérrimo pedaço de carne que seja. Como se o mesmo não acontecesse entre as pessoas, também! É... A ilustração acima retrata exatamente esses momentos. Aliás, ilustrei toda "Bacanal Febril". Espero que gostem!
Enfim... Gostaria de deixar alguns pontos para que possam ter com vocês ao longo da leitura. Temos 3 personagens fundamentais: Caterine, O barão, e O poeta (Gil). Caterine é uma mulher da classe alta de Tavancy (o nome da cidade remete a um certo fantasiosismo medieval internacional e, assim como as características estruturais da cidade, lembra a cidade europeia e exterior que serviu de molde às cidades nacionais). É casada com um senhor industrial bastante rico e importante, membro das oligarquias que, medievalmente, possuem o nome de Corporações de Ofício ou Guildas. Caterine é a variante francesa do nome Catarina. Catarina deriva do grego, "katharós", que, por sua vez, significa "pura" e "casta". A variante francesa aqui presente remete justamente ao conrário, à luxúria e boemia da França do século XIX, lar de grandes cortesãs. O marido, por sua vez, se chama Charles, que significa "homem do povo" ou "homem forte, robusto". Charles, ao contrário do que o significado do nome prevê, é justamente a representação de um homem fraco e esguio, odiado pelo proletariado da cidade, sendo dono de uma grande corporação industrial e que, frustrado por não poder mais ter a juventude e a beleza que tivera na mocidade, nega a seus dependentes trabalhadores, uma condição digna de trabalho. Afinal, se ele não pode ter o que deseja, por quê miseráveis trabalhadores teriam?
Enfim... Este é um certo mundo de fantasia medieval em decadência que, retratando sujeira moral e física, expressa a selvageria, segregação e insegurança presentes nas cidades contemporâneas nacionais que são lideradas por indivíduos semelhantes ao casal aqui presente. É assim que creio que "Bacanal Febril" seja sobre sobre o fim da vida, em suas várias categorias. O fim da vida social de suas personagens, o fim de suas vidas sexuais, o fim da vida matrimonial e sobre o fim da vida individual.
E aí entra o poeta Gil. Novato na cidade, vai se deparar com as facetas e segredos de uma burguesia que se revela amargamente infeliz, superficial e completamente podre, e o fato dele o acabar descobrindo pode pôr em risco a reputação da classe dominante e, consequentemente, a vida do próprio rapaz. Ao envolver-se com figuras dessa classe, entretanto, a fim de denunciar sua vulgaridade, descobre que, no final das contas, anseia chegar também aos patamares mais elevados da sociedade. Será que, também ele não seria amargamente infeliz, superficial e podre? E os seus opostos, sequer existem? Felicidade, vivacidade, luz? O proletário pode tornar-se burguês? Arrisco dizer que isso tem tudo para acabar num sufocante, caótico e violento mar de lama! Além de que não acho que aqueles corvos, ali, assistirão a essa podridão toda, de bicos fechados.