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–  Arielle

   

    A rapariga de cabelos doirados esperava impacientemente pela pizza que encomendara há mais de trinta minutos. Tentava esquecer aquela sensação de fome que não a largava, mas parecia impossível.

    Quando ouviu a campainha a tocar, pulou (literalmente) do sofá e correu até à porta, tropeçando no chão de madeira de macio, devido ao facto de estar apenas com umas meias nos pés. Agarrou-se ao puxador da porta, e, com um longo suspiro, abriu-a, deparando-se com o que menos esperava ver neste preciso momento.

    O rapaz à sua frente esboçou um sorriso provocador, inclinando a cabeça ligeiramente para o lado. Entreabriu os lábios e passou a sua mão livre pelo cabelo aloirado que lhe pertencia, fazendo com que Arielle estremecesse.

    "Oh, tu és a tal rapariga do café" – ele proferiu, brincando com o piercing que nadava no canto esquerdo do seu lábio inferior.

    "Outra vez não..." – murmurou para si mesma, soltando um longo suspiro. Fitou o loiro rapaz à sua frente e forçou um sorriso.

    "Parece que nos continuamos a encontrar" – Luke deu um passo em frente – "Vais comer esta pizza sozinha?" – apontou para a caixa que ainda carregava nas mãos. A adolescente revirou os olhos, arrancando a mesma das suas palmas.

    "Sim. Porquê?" – falou num tom rude.

    "Por nada... Apenas pensei que podias realizar um acto de solidariedade" – ele disse, recebendo um grunhido de irritação e impaciência da rapariga – "Ainda não jantei"

    Se o pai de Arielle não lhe tivesse dado educação, ela teria fechado a porta na cara de Luke. Contudo, ele tinha um ar esfomeado, por isso, com um suspiro, a rapariga puxou-o para dentro de casa, fazendo com que ele arregalasse os olhos.

    "Oh... Obrigado" – Luke declarou, honestamente.

    "Não me faças arrepender disto" – levantou-lhe o seu dedo indicador, pousando a caixa de cartão na mesa circular ao meio da sala.

    "Não prometo nada" – o rapaz riu-se baixinho. Por mais que Arielle não quisesse admitir, ele era atraente. Com aquelas t-shirts impressionantemente bonitas e invejáveis, quem não pensaria isso? Ele tinha um bom gosto de música.

    "Queres coca-cola ou ice tea?" – Arielle inquiriu, dirigindo-se para o balcão da cozinha.

    "Ice tea. Odeio coca-cola" – respondeu Luke. A rapariga parou por momentos, um pouco estupefacta.

    "Eu também" – afirmou, retirando duas latas do frigorífico e atirando uma delas a Luke, que a apanhou.

    Um som ensurdecedor fez-se ouvir, seguido de gotas de chuva a cair no pátio lá fora repetidamente. Olhou para a janela e observou o tempo lá fora durante algum tempo, bocejando de seguida.

    "Trovoada" – ela disse, e o adolescente apenas franziu o sobrolho.

    "O quê?" – ele abriu a caixa que continha a milagrosa pizza. Arielle saltou para o sofá, enchutando a sua mão.

    "Eu é que abro" – declarou ela – "Daqui a pouco vamos ouvir trovoada, foi isso que quis dizer" – retirou uma fatia de pizza para ela, dando seguidamente uma a Luke – "Nem acredito que tenho um estranho em casa"

    "Prometo que não sou perigoso, apenas estúpido" – trincou a comida que Arielle lhe tinha dado, gemendo em satisfação.

    "Pelo menos sabes que és estúpido" – a adolescente encolheu os ombros.

    Os minutos que se passaram foram imprevisíveis. Luke e Arielle falaram abertamente, o que a impressionou. Afinal de contas, o rapaz nem era má companhia.


            *


    "Então... As mamas dela explodiram?" – Arielle perguntava, impressionada. Luke falava-lhe sobre experiências da sua agitada vida.

    "Bem... Não literalmente" – respondeu – "Mas sim, assim que as apertei, ouvi um som esquisito" – riu à memória – "Foi assim que percebi que eram falsas"

    "Que história comovente" – a rapariga proferiu, dando uma palmada nas costas do rapaz.

    "Eu sei, eu sei" – ele fingiu chorar, e ambos desataram às gargalhadas, mais uma vez.

    "Sinto que sou a única com uma vida chata e simples" – ela afirmou, comprimindo os lábios.

    "Aposto que isso não é verdade" – discordou Luke.

    "Trabalho numa pastelaria com a ajuda dos meus pais, desisti da escola, e passo metade do meu tempo livre a ver séries" – a adolescente disse, com um triste sorriso.

     "Porque não te aventuras?" – Luke questionou, brincando com os seus dedos.

    "Primeiro, não tenho ninguém com quem o fazer" – ajeitou-se no sofá – "Segundo, não sou rebelde, ao contrário de ti" – semicerrou os olhos.

    "Queres ser?" – o rapaz apenas lhe perguntou.

    "Como assim?" – Arielle levantou uma sobrancelha.

    "Vem" – levantou-se, estendendo-lhe a mão – "Em vez de passares a noite a ver séries, vamos fazer algo divertido" – a rapariga apoiou-se na palma dele, levantando-se também.

    "Preciso de estar no café às oito horas em ponto" – constatou.

    "Irás estar" – assegurou o rapaz – "Pronta para a melhor noite da tua vida?" – os seus lábios curvaram-se num sorriso genuíno. Arielle olhou para as suas mãos, entrelaçadas nas dele, e depois para os seus olhos azuis, deixando três pequenas palavras escaparem da sua boca:

    "Penso que sim"


Reckless ➤ Luke Hemmings [Dropped]Onde histórias criam vida. Descubra agora