Minha prisão é ter notado que da minha infância pouco sobrou
E o que sobrou tá longe demais pra saciarLembrar do meu passado é como tocar um quatro quebrado
Sei que vou me cortarLembrar do meu passado
Me assusta
como num vídeo salvo na memória
E vejo que todos os integrantes foram levados embora cedo demais
tragicamente demais
rápido demaisE eu em todas as vezes
perdi a chance de me despedir
Se existem dois eus dentro de mim
Os dois são escandalosamente abomináveisA vida é doída
Tudo aqui dentro dói
Se torna caos
Explode
Morre
Tudo morre aqui dentro
Menos a vida
A única que deveriaA vida é um fardo que eu não queria carregar
E se ela é tão doída pq eu tenho que carregar?
Todos que querem ficar
por terem muito a perder
Vão
E eu que não tenho nada?Só eu me restou
E eu sou tão pouco
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Inseguranças e afins
PoesiaTenho o peso do mundo sobre minhas costas transformo-o em poesias mas nunca me parece o suficiente e nunca me parece o bastante, não existe um começo um meio ou um fim só existe como eu #1 poemas (01/12/2021)