Capítulo 5

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Nunca fui o tipo de pessoa que se prepara para ir viajar, nunca. O tempo na maioria das vezes era muito curto, haviam tantas outras tarefas que considerava prioritárias e sem contar que meu senso para organizar malas é terrível, logo Mariana quem sempre me ajudava com essas, mas dessa vez sem a presença dela eu tive que me virar nos 30 (1).

Além de conversar com Georgina e de saber que que o hemisfério norte estava em pleno inverno, pela primeira vez apelei para as pesquisas na internet para saber como exatamente como estava o clima e assim, conseguir em uma única mala a quantidade e as roupas certas e, claro, os remédios que provavelmente iria precisar dado a imunidade um pouco baixa que adquiri nos últimos meses.

Nenhuma das dezenas de pesquisas que fiz no google tinham mentido, nenhuma informação descrita em qualquer um dos sites era exagerada, o inverno de Chicago realmente não estava para brincadeira, a noite era insanamente fria e os letreiros espalhados pelas avenidas marcavam 2º C (35,6º F), mas o celular apontava a sensação térmica de -1º C (26,6º F). Já havia visitado muitos lugares pelo mundo, mas nenhuma cidade era tão gélida quanto essa, nem New York e olha que em New York faz um frio do caralho.

Em compensação Chicago era incrivelmente linda, meus olhos que antes estavam caídos dominados pelo sono agora já estavam bem despertos, cheios de curiosidade, atraídos por qualquer detalhe e tentavam captar o máximo de imagens possíveis daquele lugar. Cada canto, cada esquina, cada prédios eram admiráveis. E apesar do clima e de ser relativamente tarde da noite, o movimento nas ruas ainda não tinham cessado, havia bares e restaurantes abertos e grupos de pessoas com garrafas de bebida nas mãos gritando e dançando.

Após chegar no hotel, fazer o check-in e subir para o quarto, percebi que Georgina ainda não tinha chegado pela organização do ambiente, caso contrário, teria roupas espalhadas por todo canto possível, tv ligada ou música alta com a sua voz tentando acompanhar totalmente fora do ritmo e o telefone tocando com reclamações de outros hóspedes. Porém, tudo estava limpo, tranquilo e estranho porque nossos voos tinham a mesma duração, mas tenho certeza de que o dela estava previsto para decolar uma hora antes do meu.

Peguei o celular o conectando ao wi-fi do hotel, que logo disparou em incontáveis mensagens, mas decidi procurar primeiro o nome da minha amiga. Oito mensagens, a última enviada há meia hora. Abro a conversa.

"santo deus, é hoje hein"

"sério, não tô me aguentando. Finalmente vamos nos reencontrar"

"vai ser incrível"

"vamos curtir demais, ficar muito loucas"

"e causar com aquela cidade"

"amiga, deu merda"

E dois áudios.

"Danna, amiga! Eu sei que combinamos isso já há alguns dias e prometi te levar para passear, mas não vou conseguir ir até Chicago te encontrar esse final de semana. Houve alguns imprevistos no estúdio e as gravações de várias cenas foram atrasadas. A internet aqui está horrível, mas espero que esse áudio chegue o quanto antes. Você me perdoa?"

"Mas, enfim, não quero que perca a viagem. As palestras de interpretação estarão localizadas na parte norte do hotel, escolha uma, aproveite ao máximo e me conte tudo quando vier pra cá. Beijos, te amo!"

Não era como se eu pudesse ficar brava com ela, era questão de trabalho e após anos nesse meio eu tinha noção da loucura que era um set e que essas coisas não estavam no seu controle. Mas puta merda, já não estava mais acostumada, para tudo que fazia eu tinha alguém do meu lado, desaprendi a desfrutar e contemplar a minha própria companhia e tudo que eu menos queria agora era estar sozinha.

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