Entrei no meu quarto e, como se estivesse magnetizado, fui atraído até aquela grande Bíblia negra.
Era a única Bíblia em nossa casa. Mamãe e papai nem tinham uma. Eu não tinha ideia de onde tinha
vindo, mas era minha desde que me lembro.
As páginas mal tinham sido abertas desde nossa chegada ao Canadá, mas agora eu orava:
“Senhor, precisa me mostrar o que aconteceu comigo hoje.” Abri a Escritura e comecei a devorar
como um faminto que tivesse recebido um pedaço de pão.
O Espírito Santo tornou-se meu professor. Não sabia na época, mas foi exatamente o que, de
forma milagrosa, começou a acontecer. Vejam, os jovens na reunião de oração não disseram:
“Agora, isso é o que diz a Bíblia.” Não me disseram nada. Na verdade, nem tinham ideia do que
tinha acontecido durante as últimas vinte e quatro horas. E, é claro, não contei nada a meus pais.
Comecei lendo os Evangelhos. Peguei-me dizendo em voz alta: “Jesus, entre em meu coração. Por
favor, Senhor Jesus, entre em meu coração.”
Em toda a Escritura, vi o plano de salvação se mostrando para mim. Era como se nunca tivesse
lido a Bíblia antes. Oh, meu amigo, ela estava viva. As palavras borbulhavam de uma fonte e eu
bebia livremente.
Finalmente, às três ou quatro da manhã, com uma paz silenciosa que nunca tinha conhecido antes,
adormeci.
No dia seguinte, na escola, procurei aqueles “fanáticos” e disse: “Ei, gostaria que me levassem
até sua igreja.” Eles me contaram sobre um culto semanal do qual participavam e se ofereceram para
me levar, uns dois dias depois.
Naquela quinta à noite, acabei nas “Catacumbas”. Era assim que eles chamavam a igreja. O
culto era como aquela reunião de oração matinal na escola — as pessoas ficavam com as
mãos levantadas, louvando ao Senhor. Dessa vez, no entanto, eu os acompanhei.
“Jeová Jireh, meu provedor, sua graça é suficiente para mim”, eles cantavam sem parar. Gostei
daquela música desde a primeira vez que a ouvi e adorei ainda mais quando descobri que tinha sido
escrita pela mulher do pastor, Merla Watson. Seu marido, Merv, era o pastor desse incomum rebanho.
As Catacumbas não eram uma igreja típica. As pessoas que frequentavam eram simplesmente uma
multidão exuberante de cristãos que se encontrava toda noite de quinta na Catedral de São Paulo, uma
igreja anglicana no centro de Toronto.
Eram os dias do “Movimento de Jesus”, quando os chamados “hippies” eram salvos mais
rapidamente do que conseguiam cortar o cabelo. Pensando nisso, eu mesmo não via a cadeira de um
barbeiro há muito tempo.
Olhei ao redor. O lugar estava cheio de jovens como eu. Deviam ter visto aquilo. Estavam
pulando, dançando e alegremente fazendo barulho para o Senhor. Era difícil para mim acreditar que
um lugar como aquele realmente existisse. Mas de alguma forma, a partir daquela primeira noite,
senti que pertencia ao grupo.
“Suba ali”
No término da reunião, Merv Watson disse: “Deem um passo à frente todos aqueles que quiserem
fazer uma confissão pública de nosso pecado. Vamos orar com vocês enquanto pedem que Cristo
entre em seus corações.”
Comecei a tremer. Mas pensei: Não acho que eu deva fazer isso porque já estou salvo. Eu sabia que o
Senhor havia tomado conta da minha vida às cinco para as oito da manhã de segunda-feira. E já era quinta.
Você adivinhou. Segundos depois eu me peguei caminhando por aquele corredor o mais rápido
que conseguia. Não sei bem porque estava fazendo isso. Mas algo dentro de mim estava mandando:
“Vá até lá.”
Foi naquele momento, em um culto carismático, em uma igreja anglicana, que esse bom católico
de um lar ortodoxo grego fez uma confissão pública de sua aceitação de Cristo. “Jesus”, eu disse,
“estou pedindo que seja o Senhor da minha vida.”
A Terra Santa não podia se comparar com isso. Era muito melhor estar onde Jesus estava, do que
onde ele costumava estar.
Aquela noite, quando cheguei em casa, estava tão preenchido com a presença do Senhor que
decidi contar a minha mãe o que tinha acontecido. (Não tive coragem de contar a meu pai.)
“Mamãe, tenho de compartilhar algo com você”, sussurrei.
“Fui salvo!”
No primeiro instante, seu queixo caiu. Ela olhou e falou secamente:
“Salvo, do quê?”
“Confie em mim”, falei. “Você vai entender.”
Na manhã de sexta, e durante todo o dia — na escola, no quiosque, onde eu fosse —, uma
imagem ficava piscando na minha frente. Eu me via pregando. Era impensável, mas não conseguia
apagar a imagem. Via multidões de pessoas. E lá estava eu, vestindo terno, meu cabelo aparado e
arrumado, pregando vigorosamente.
Naquele dia, encontrei Bob, meu amigo “esquisito” que tinha enfeitado as paredes do quiosque
com as Escrituras. Contei um pouco do que tinha acontecido naquela semana. E lhe disse que me via
pregando.
— Bob — falei —, foi assim o dia todo. Não consigo me livrar da imagem que me mostra falando
em enormes cultos ao ar livre, em estádios, em igrejas, em teatros. — Começando a gaguejar, lhe
disse: — Vejo pessoas até onde a vista alcança! Devo estar ficando louco! O que você acha que isso
significa?
— Só pode ser uma coisa — ele me contou. — Deus o está preparando para um grande
ministério. Acho isso maravilhoso.
Não recebi esse tipo de encorajamento em casa.
É claro, eu realmente não conseguia contar a eles o Que o Senhor estava fazendo comigosituação era terrível.
Humilhação e vergonha
Toda minha família começou a me perturbar e ridicularizar. Foi horrível. Eu esperava isso do meu
pai, mas não da minha mãe. Durante meu crescimento, ela tinha mostrado tanto carinho. Da mesma
forma, meus irmãos e irmãs. Mas naquele momento eles me tratavam com desprezo — como um
intruso que não pertencia àquele lugar.
“Tradição! Tradição!”
diz a canção no musical Um violinista no telhado. Se um oriental quebra a
tradição, comete um pecado imperdoável. Duvido que o Ocidente consiga entender isso seriamente.
Traz humilhação para sua família. E isso não pode ser perdoado.
A família me disse:
“Benny, você está arruinando o nome da nossa família.”
Eles imploraram para
que eu não desonrasse a reputação deles. Meu pai tinha sido prefeito — e ele me lembrava disso.
O "nome”
da família estava em jogo.
Por favor, entendam-me quando digo isso, mas os ortodoxos gregos, e as pessoas de outras
“altas” ordens da igreja oriental são, talvez, os mais difíceis para se aproximarem de um
cristianismo “pessoal”.Quando me tornei um cristão renascido, foi algo vergonhoso para eles. Por quê? Porque acreditam
que são os verdadeiros cristãos. E possuem a documentação histórica para provar. São cristãos há
mais tempo que quaisquer outros.
Mas aqui está o problema e eu cresci com ele. Sua fé é grande em forma, ritual e dogma, mas
pequena em unção de Deus. Falta o poder. E, como resultado, eles praticamente não possuem
nenhuma compreensão do que significa ouvir ao Senhor ou ser “guiado pelo Espírito”.
Ficou óbvio que, se eu quisesse permanecer em minha própria casa, deveria parar de falar sobre
Cristo.
No entanto, nada poderia apagar o fogo da minha nova fé. Eu era como uma brasa ardente que
nunca parava de queimar.
De manhã cedo, minha grande Bíblia estava aberta. O Espírito Santo continuava a revelar a
Palavra. Mas isso não era suficiente. Cada noite que eu conseguia “fugir” de casa, ia para um culto
na igreja, para o grupo de jovens ou para reunião de oração. E nas noites de quinta-feira, estava de
volta às Catacumbas.
Nunca consegui apagar da minha memória o dia em que mencionei “Jesus” em nossa casa. Meu
pai veio até mim e me deu um tapa na cara. Senti a dor. Não, dessa vez não era a pedra de Jerusalém.
Era um tipo diferente de dor. Mas eu a sentia por minha família. Amava-os tanto e agonizava por sua
salvação.
Na verdade, era minha culpa. Meu pai tinha me avisado: “Mencione o nome de Jesus mais uma
vez e vai se arrepender.” Ele resmungou com ódio quando ameaçou me expulsar de casa.
Comecei a contar para minha irmã mais nova, Mary, sobre o Senhor. De alguma forma, meu
pai descobriu e sua raiva explodiu de novo. Ele me proibiu de conversar com ela sobre coisas
espirituais.
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Bom Dia Espirito Santo
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