CAPÍTULO VII

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DISCUSSÃO

UMA SEMANA DEPOIS... Lucca havia me mandado mensagem que sairia mais cedo do escritório, e ia direto para o meu apartamento. Esta noite ele faria um jantar para nós, pelo que soube, finalmente havia conseguido solucionar um caso bem complicado, e queria comemorar.

No momento em que recebi a mensagem, estava encaixotando alguns objetos de decoração, e usava meu pijama de ursinho, foi então que lembrei que tinha que ir ao mercado comprar algumas coisas.

Coloquei um jeans, calcei uma sapatilha, e vesti um casaco quentinho por cima da minha blusinha de pijama, caminhei em direção a saída do apartamento, cuidando para não tropeçar nas diversas caixas que estavam espalhadas pelo chão. Eu respondi a mensagem do Lucca avisando que estava indo ao mercado, e que se chegasse antes de mim poderia ficar à vontade.

Quando estava colocando as coisas no porta malas, começou uma garoa fininha, foi então que me apresei e entrei no carro, sentindo minha roupa úmida. Mandei mensagem avisando o Lucca que talvez pegasse um pouco de trânsito, coloquei uma música alta e comecei a dirigir em direção ao apartamento. A chuva havia aumentado, e estava um caos, enquanto estava parada naquela imensidão de carros liguei para o Lucca.

(ligação)

📱Emma: Oi amor, conseguiu chegar?

📱Lucca: To quase amor, mais uns minutinhos e chego no seu apartamento. E você, está aonde?

📱Emma: Parada no trânsito, acho que ainda vou demorar, se quiser improvisar nossa janta, estou morrendo de fome – disse rindo.

📱Lucca: Eu vejo o que você tem na dispensa e dou meu jeitinho, amor.

📱Emma: Obrigada amor, prometo te recompensar depois... – respondi em tom 'sexy'.

📱Lucca: Eu vou cobrar! Vou desligar, acabei de chegar na garagem e o sinal aqui não é muito bom, até depois amor.

📱Emma: Até amor, ahhhhh se puder me fazer um favor, veja se tem algo na minha caixa de correio? Obrigada amorrrrrr, beijo. – Desliguei antes que ele pudesse responder e continuei ali, esperando aquela imensa fila de carros se mover.

Quando abri a porta do apartamento senti um cheiro delicioso, e vi uma pequena bagunça na bancada. Tinha massa de tomate, cebolas picadas e alguns temperos, Lucca estava de costas, super concentrado na panela a sua frente, e não percebeu que eu havia chegado.

Me aproximei, e o abracei, Lucca virou-se em minha direção colando nossos lábios em um beijo calmo, ficamos ali até sentir o cheiro de queimado, rapidamente ele desligou o fogo e começamos a rir. Em meio a fumaça que havia ficado no ar, avisei que iria para o banho.

Ao entrar no meu quarto, havia uma caixa de tamanho médio em cima da minha cama, e estava com meu nome nela, imaginei que pudesse ser alguma maquiagem ou até mesmo algo que eu tivesse comprado pela internet, mas para minha surpresa, eram os documentos referentes a minha mudança, haviam alguns papéis dentro da caixa, um deles o documento de locação da minha futura residência em Londres, junto com a chave.

Fiquei tão empolgada com todas as documentações prontas, que acabei esquecendo que Lucca não sabia sobre a mudança para Londres e deixei todos os papéis espalhados na cama. Enquanto a água quente caia sobre minha pele, ouvi a porta do banheiro abrir e vi o Lucca me olhar de um jeito divertido, ele então falou:

- Amor, o jantar está pronto, vou arrumar a mesa e te espero...

Neste momento, eu estava com o corpo todo ensaboado, e cantarolava de felicidade, apenas concordei com a cabeça, tratando de enxaguar meu corpo, assim que finalizei meu banho, desliguei o chuveiro e me enrolei na toalha. Quando estava saindo do banheiro vi Lucca sentado na minha cama, com os papéis na mão, sua expressão estava seria e foi então que lembrei da mentira que eu havia contado. Sem ao menos esperar qualquer reação dele eu comecei a me explicar:

- Amor, olha pra mim... eu sinto muito, mas deixa eu te explicar. – Minha voz estava embargada e sentia meu coração acelerado.

- Estou esperando, Emma. – Sua voz estava carregada de ódio, e seu olhar era indecifrável.

- Eu não sabia como te contar sobre Londres... amor, deixa eu...

- SÉRIO EMMA?! ENTÃO VOCÊ APENAS PREFERIU ACEITAR MEU PEDIDO DE CASAMENTO, VOCÊ IA ME CONTAR QUANDO? QUANDO ESTIVESSE DENTRO DO AVIÃO? OU MELHOR, QUANDO ESTIVESSE NA SUA NOVA RESIDENCIA EM LONDRES? – Lucca gritava e não me dava chances de explicar o motivo pelo qual havia mentido.

Neste momento as lágrimas escorriam pelo meu rosto sem que eu pudesse controlar, sentia meu corpo tremer, e o desespero estava tomando conta de mim. Lucca nunca havia gritado comigo e tudo aquilo era culpa minha, de fato. Eu deveria ter contado sobre Londres, talvez ter aceitado o pedido de casamento foi um grande erro, e enquanto meus pensamentos estavam confusos e agitados, vi que ele levantou e caminhou em direção a sala.

Fui correndo em sua direção, apenas enrolada na toalha, e tentei segurar seu braço, enquanto sentia as lágrimas molharem ainda mais o meu rosto, e em meio ao meu desespero eu pedi para que ele me deixasse explicar. Queria ter realmente uma explicação para a atitude que eu havia tomado, e em um movimento brusco, Lucca tirou seu braço das minhas mãos, caminhou até o balcão onde estava seu celular e sua chave, e saiu do meu apartamento batendo a porta.

Eu havia errado, sim! Mas Lucca não permitiu que eu pudesse explicar o motivo pelo qual eu havia omitido a mudança para Londres. Eu estava chorando, e só então percebi que estava somente de toalha, voltei ao meu quarto e vi os papéis espalhados pela cama, e fui em direção ao closet, coloquei um conjunto de moletom e peguei meu celular. Liguei diversas vezes para o Lucca, e ele recusou todas as minhas ligações.

Voltei a cozinha e vi a mesa arrumada, e a fome havia passado. Em meio ao choro e aos soluços liguei para Isa, naquele momento eu precisava da minha melhor amiga:

(ligação)

📱Isa: Oi sua vaca, como está?

📱Emma: Amiga... – Não consegui terminar a frase e comecei a chorar novamente, Isa provavelmente não estava entendendo nada, e eu falei entre um soluço e outro. – Eu e o Lucca, nós... ele descobriu...

📱Isa: Amiga eu já chego ai! Não ouse sair deste apartamento. Me espera!

A ligação não durou nem dois minutos e continuei chorando. Mandei mensagem para o celular do Lucca e ele não estava online, provavelmente tinha ido para sua casa, e a última pessoa que ele queria ver hoje com certeza era eu. Minha vontade era de pegar meu carro e ir até lá, mas não estava em condições de dirigir, então fiz aquilo que Isa havia me pedido, e a esperei chegar em meio as lágrimas que continuavam escorrendo por todo meu rosto.

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