CAPÍTULO X

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FIM

Acordei, embriagada e com minha cabeça pesada. Senti um cheiro forte de tequila, e conforme a claridade invadiu meus olhos, eles arderam, e aos poucos foram se acostumando com a luz que entrava pela janela da sala. Eu havia dormido no chão, e a Isa estava deitada no sofá, segurando uma garrafa vazia. Conforme forcei meu corpo a levantar, lembrei o que havia acontecido na noite anterior! Senti meu estomago embrulhar, e cutuquei Isadora, que estava apagada.

Após alguns cutucões, finalmente ela acordou e resmungou algo, estávamos de ressaca, e então o motivo pelo qual isso havia acontecido invadiu novamente meus pensamentos. Senti um enjoo e fui a passos lentos até meu quarto, arranquei minha roupa e tomei um banho demorado e deixei algumas lágrimas escaparem. Quando sai, Isadora andava de um lado ao outro e sua expressão não era amigável. Ela falava no telefone, e pelo que puder ouvir havia acontecido algo na agência.

Fui até meu closet e coloquei uma roupa confortável e voltei até onde Isa estava, ela havia terminado a ligação e então falou:

- Emma, preciso ir para a agência, você vai ficar bem?

- Sim! Aos poucos tudo vai se ajeitar, fique tranquila, vou organizar algumas coisas da mudança e ir almoçar com minha mãe, preciso desabafar com ela.

Isadora veio em minha direção e me abraçou, ficamos abraçadas alguns minutos, e então seu celular tocou novamente, ela se despediu e saiu do apartamento apressada. Fui até a sala, e peguei meu telefone que ainda estava desligado, e quando o liguei havia diversas mensagens, a maioria delas era do Lucca. Não queria pensar nele. Não mais!

Deixei o aparelho na bancada e comecei organizar as bagunças da noite anterior, assim que terminei fui em direção ao meu quarto e comecei encaixotar algumas coisas, e então ouvi meu interfone, levantei e fui até ele.

- Oi?

- Senhorita Emma, Lucca está aqui na portaria, posso liberar sua entrada?

Senti um enjoo forte, e respirei fundo antes de responder à pergunta:

- Sim, pode liberar.

Meus olhos já estavam marejados, e minhas mãos suavam. Uma hora ou outra teria que encarar Lucca e resolver toda essa situação! Quando a campainha tocou, por um breve momento pensei que tinha feito uma boa escolha, mas ao abrir a porta, me deparei com um Lucca desconhecido. Ele estava com os cabelos despenteados, usava moletom e cheirava bebida, seus olhos estavam vermelhos, como se tivesse chorado a noite toda. Ficamos ali apenas observando a péssima aparência de ambos, quando ele finalmente falou:

- Emma, posso entrar? Precisamos conversar.

Me afastei, dando passagem para Lucca, que caminhou em direção ao balcão, sentando-se em uma das cadeiras. Queria ouvir que tudo aquilo havia sido um pesadelo, mas eu sabia que não era, e apenas esperei que ele começasse a falar.

- Emma, tentei falar com você ontem, eu... na verdade, não sei como começar.

- Só fale a verdade Lucca, mereço isso.

- Sinto muito Emma! Nunca foi minha intenção magoar você, sei o que fiz, e me arrependo.

- Lucca, eu sei que errei em ter mentido sobre a mudança. Mas isso não te dá o direito de me trair!

- Emma, não foi algo proposital, mas agora já aconteceu, e não posso voltar no tempo.

- Exato! Não dá para voltar no tempo, mas você pode demitir ela, pois a relação já não é profissional.

Vejo que ele mexe no cabelo, e pensa por alguns minutos, e então fala:

- Emma, não tem lógica eu demitir a Rebecca, como minha secretária ela é excelente profissional!

- Tão profissional! – Meus olhos estavam cheios de lágrimas e eu não ia chorar perto dele, então continuei e fui direta ao ponto, - Ela foi tão profissional, que quando teve oportunidade de te chupar, ela não pensou em carreira, ou até mesmo no relacionamento que você tinha. Certo?

- Não vamos misturar as coisas, aquilo foi um erro! – Neste momento Lucca se levanta, e começa a caminhar de um lado para outro, - Não posso prejudicar a Rebecca, por um erro meu. E na verdade, parte disso é culpa sua.

- CULPA MINHA? EU MANDEI VOCÊ IR CORRENDO LÁ PRA SUA SECRETÁRIA TE CHUPAR? VAI SE FUDER LUCCA. – Meu corpo tremia, e eu sabia que a qualquer momento as lágrimas iam começar a rolar, mas não de tristeza, e sim de ódio! Lucca estava sendo um completo babaca.

- Por favor, não vamos perder o respeito! – Ele não me olhava, e então gritou em minha direção, - PORRA, VOCÊ MENTIU PRA MIM! CARALHO, EU NÃO QUERIA TER FEITO ISSO, EU SOU HOMEM E ELA ATINGIU SEU OBJETIVO. EMMA, EU TE AMO!

- LUCCA FRACHELLI, SAI DO MEU APARTAMENTO, AGORA! – Eu sentia as lágrimas molhando meu rosto, e então vi os olhos de Lucca cheios de lágrimas, ele quis dizer algo, mas por fim não teve coragem. Eu não conhecia aquele homem que estava parado na minha cozinha, não podia ser o meu Lucca, e então apenas conclui. - Acabou Lucca! Vai embora, por favor.

Lucca olhou para mim e não disse absolutamente nada, havia lágrimas em seu rosto, ele então tirou o anel que estava guardado em seu bolso, colocando-o em cima do balcão. Me olhou, e sua boca se mexeu, como se fosse dizer algo, mas não disse. Apenas saiu, fechando a porta em seguida.

Fiquei ali, parada e chorando por um longo período!

Fui tirada do transe ao ouvir batidas na porta, quando abri vi minha mãe, ela estava segurando uns papéis e sua bolsa, ao ver minha mãe ali, eu a abracei tão forte, que por um momento pensei que a havia machucado! Suas mãos pousaram em minhas costas e fui envolvida por um abraço cheio de amor, e preocupação.

Minha mãe ao entrar no meu apartamento observou o anel no balcão, avisou que havia visto o carro de Lucca estacionado em frente ao prédio, e me perguntou o que havia acontecido. Contei absolutamente tudo! Ela me ouviu com atenção e ficamos a tarde toda conversando, seus conselhos eram os melhores, e segundo ela, deveria dar tempo ao tempo, que neste momento meu foco tinha que ser no meu sucesso profissional, e que se fosse para o Lucca ser meu, o destino faria com que as coisas acontecessem no momento certo.

Naquele momento eu não queria ver o Lucca, nem mesmo pintado de ouro.

Só queria viver minha vida e aproveitar minhas últimas semanas em Curitiba, e quando fosse para Londres tudo seria diferente!

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