BUCHEON, COREIA DO SUL
03 DE JULHO DE 2019
06:30 PMJulho estava começando. O calor sufocante do verão me fazia suar, mesmo que eu estivesse usando roupas frescas. Esse clima era o que eu menos sentia falta da minha terra natal. Já tinha me esquecido de como a Coreia do Sul era abafada nesse período - um ano morando nos Estados Unidos, tentando sobreviver na New York University, foi o suficiente para me desacostumar.
Havia passado algumas semanas das merecidas férias de verão em Nova York fazendo um curso de verão da minha universidade, tentando agregar mais horas ao meu currículo. Se não fosse por isso - e por Dale ter me oferecido um lugar para ficar e diminuído bastante os custos -, já teria voltado no final de Maio, comemorando o fim do sofrimento e ignorando completamente que eu estaria de volta no final de agosto.
Mas também, aproveitei demais o tempo livre depois dos meus exames finais. E apesar de saber que sentiria falta das noites em que saíamos juntos ou apenas nos jogávamos no sofá com os brownies suspeitos e garrafas de cerveja, nada comparava a animação que eu sentia só por voltar minha cidadezinha, que ficava até bem próximo de Seul, eu senti que nada a minha volta tinha mudado. A onda de nostalgia me atingiu em cheio enquanto andava pelas ruas movimentadas e era atingida com memórias. Afinal, vivia nessa cidade desde meus sete anos, era impossível não me lembrar de algo das minhas duas décadas de vida.
Cheguei ao meu lar perto do centro da cidade, um impetuoso prédio de vinte andares, com apartamentos maiores que o padrão. Com o coração batendo mais rápido do que nunca, subi até o nosso andar e digitei o código da fechadura eletrônica que tínhamos.
A casa estava silenciosa, o que era esperado: as férias de verão ainda não haviam começado para os estudantes adolescentes coreanos e com certeza, a essa altura, minhas irmãs deveriam estar chegar tarde, passando o máximo de tempo na escola para mandar bem nas provas finais. Naquela hora da noite, só uma pessoa deveria estar em casa e eu a encontrei na cozinha, que quando me viu, entrou completamente em choque.
Pelo roupão e o rosto coberto por uma máscara de tratamento, tinha certeza de que minha mãe, Park Minseo, tinha acabado de chegar em casa. Ela era o tipo de pessoa que não deixava para antes de dormir, limpava sua maquiagem e fazia seu skincare logo depois da jornada de trabalho. Aí, vestia seu pijama e usava suas pantufas de coelhinho para afundar no sofá e assistir a um drama.
- Jina! - minha mãe exclamou, se levantando e correndo na minha direção. A mulher a beira dos seus quarenta anos parecia uma modelo até mesmo desse jeito. Ela me abraçou apertado, tentando saciar a saudade de quase um ano. - Por que não contou que estava voltando?
- Queria fazer uma surpresa. - dei de ombros. - Ai, eu estava com tanta saudade de você e das minhas irmãs.
- Aigoo*, meu amor, você não faz ideia de como fez falta. - seus olhos estavam marejados. Ela estava querendo chorar, que manteiga derretida!
(* Palavra coreana usada para expressar dor, cansaço, surpresa ou espanto, como se fosse "ai meu Deus")
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UNNIE 언니 - Combata O Ódio Com Amor
Romance"Talvez amanhã eu acorde sem você, vamos garantir que a noite não acabe" Quando Park Jina volta dos Estados Unidos para passar suas férias da faculdade na Coreia do Sul, tudo que encontra é o seu lar de cabeça para baixo. O motivo foi sua irmã, Dami...