Capítulo V - Coração confuso

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Capítulo V –Coração confuso

De facto, todas aquelasrecordações do passado ainda estavam demasiado frescas na mente deLan Sizhui, porém, o que o menino não esperava realmente era quesua mente se tornasse ainda mais confusa diante da presença alheia.Era como se aquela noite invadisse seus sentidos uma vez mais, comose aquele tempo afastados não tivesse sequer acontecido. Era como seos lábios alheios ainda estivessem sobre os seus, e isso sem dúvidaera algo que deixava o chinês completamente confuso. Ele não sabiao que se estava passando consigo, e muito mais conseguia entenderaquelas reações todas que parecia ter diante de Wen Ning. Eraestranho, sem dúvida que era, contudo, o jovem Lan nada poderiafazer além de tentar entender o que de facto estava acontecendoconsigo, e em especial, com seu coração.

Durante o que lheparecera longos minutos, Sizhui manteve seu olhar preso ao olhar quetanto lhe trazia paz, como confusão. Era incrível o jeito bagunçadoque ele parecia ficar diante do mais velho. Uma paz incrível pareciainvadir seu coração, bem como seu corpo. Porém, por outro lado,uma confusão enorme parecia encher sua mente, tal como seu coração.Era incrível como um simples gesto poderia mudar sua mente, seussentimentos. Contudo, o Lan queria acreditar que aquela sua confusãotoda iria terminar, ou pelo menos, diminuir um pouco. Ele precisavaque aquilo parasse, afinal quando seus pais fossem de viagem, eleiria ficar a cargo de Wen Ning, e tudo teria que ficar resolvido. Oupelo menos, uma parte de tudo aquilo.

- Sizhui? - A voz de LanJingyi se fez presente em seus ouvidos após alguns segundos perdidonaquele doce olhar de Wen Ning. O mais baixo voltou suas íris âmbarna direção do seu companheiro de clã, e esboçou um sorriso dócilpara o mesmo.

- Sim, Jingyi? -Replicou o moreno enquanto mantinha aquele sorriso presente em seuslábios, afinal aquela era a sua dita imagem de marca. Erapraticamente habitual ver o jovem Lan sorrir daquele jeito dócilpara todo mundo. Talvez algo que ele haveria herdado de seu tio, LanXichen.

Enquanto esperava poruma resposta do outro, Sizhui voltou seu olhar para o mais velho quehaveria atraído sua atenção, e para seu espanto ele vira o mesmolhe lançar um olhar ligeiramente triste, contudo existia algo alique o moreno não conseguia decifrar. Algo que o fez se arrepiar porcompleto, afinal ele nunca haveria visto o outro lhe olhar daquelejeito. O Lan soltou um breve suspiro, e voltou sua atenção para seumelhor amigo tentando assim não pensar demasiado no que se estavapassando entre si e Wen Ning, que na verdade ele nem sequer sabia oque era de facto.

- Só queria perguntarse você está bem. - Respondeu Lan Jingyi enquanto dava ligeiramentede ombros. Sizhiu o olhou confuso não conseguindo entender o motivopelo qual o outro poderia estar preocupado consigo. - Ah, é só que,bem, você parecia um pouco distante e me deu a leve sensação quealgo se estava passando.

Sem dúvida que seumelhor amigo estava certo, afinal algo estava se passando consigo.Porém, o mais agoniante no meio de tudo aquilo era que o jovem Lannão conseguia uma explicação lógica e óbvia para tudo aquilo.Ele não conseguia entender o que se passava consigo, nem muito menoster coragem para falar sobre o que haveria se passado outrora entresi e o Wen. Tudo lhe parecia demasiado estranho, especialmente ofacto do mais velho gostar de si. Na verdade, Sizhui se achava poucomerecedor da atenção que recebia do outro. Ele sempre haveriaachado que Wen Ning era uma espécie de ídolo para si, algo bemdiferente do que ele parecia possuir pelos seus pais. Óbvio que oLan admirava Wei Wuxian e Lan Wangji, contudo sua admiração pelooutro era completamente diferente, afinal ele não se sentiamerecedor da amizade do outro para consigo, muito menos da admiraçãoque ele parecia possuir por si. Talvez, na verdade, o chinês tivesseuma ligeira baixa auto-estima, ou apenas via o Ning como alguémdemasiado especial, impossível de estar ao seu alcance.

Era mais que óbvio queo jovem Lan jamais iria admitir tais coisas, afinal ele sabia queseus pais, bem como seu melhor amigo e o Ning jamais iriam concordarconsigo. Contudo, ele não conseguia deixar de pensar daquele jeito.Era quase como se fosse pecado se ele pensasse que era merecedor dealgo proveniente de Wen Ning. Idiotice, de facto, era.

- Eu estou bem, Jingyi,sério. Não precisa se preocupar. - Sizhui finalmente respondeutentando manter o sorriso presente em seus lábios, porém pareciapraticamente impossível sorrir quando seu coração parecia latejara toda batida que dava. Era como se cada golfada de ar lhe doesse efizesse querer gritar. O moreno soltou um longo suspiro enquantobaixava brevemente o seu rosto, acabando por fintar os próprios pés.- Devo só estar nervoso pelos meus pais. - O jovem Lan nunca forabom em mentir, contudo ele esperava fielmente que aquela sua mentirapegasse.

- Hum... - Jingyicomeçou por murmurar apenas enquanto voltava seu olhar para o rostodo mais velho. O garoto arqueou ligeiramente sua sobrancelha enquantoobservava atentamente as atitudes de Lan Sizhui. - Você não meparece nada bem mesmo. Porém, acho que se você não quer falarsobre isso mais vale deixar quieto. - Concluiu enquanto davabrevemente de ombros e sorria amavelmente para o amigo. Sizhuiagradeceu assentindo delicadamente com a sua cabeça e retribuindo osorriso. - Mas...Você não se safa de dançar comigo uma música.

- Ah não, isso não,Jingyi! - O jovem Lan tentou dissuadir o outro enquanto um biquinhosurgia em seus lábios, e seu olhar se tornava completamente manhoso.

- Nem pense, Sizhui.Esse seu jeito manhoso comigo não pega, não. - Retorquiu o maisalto enquanto soltava uma risada alta, o que fora suficiente para tero olhar ameaçador de Lan Wangji sobre si. - Desculpe, Hanguang- Jun.

Ver Lan Jingyi seretrair diante do olhar ameaçador de seu pai fora o suficiente parafazer com que uma risada quisesse se soltar por entre os lábios deSizhui, contudo o chinês segurou a mesma colocando uma de suas mãossobre sua boca. Ele voltou seu olhar para o melhor amigo e balançoua cabeça negativamente, enquanto o sorriso formado em seus lábiosdemonstrava claramente que o estava zoando por tal facto. Eraengraçado como seu amigo ficava com medo de seu pai, como se LanWangji fosse capaz de lhe fazer alguma espécie de maldade. Naverdade, Wangji era um dos melhores cultivadores daquela época,contudo ele jamais seria capaz de fazer algo com alguém de seu clã.Ou pelo menos, era isso que os factos pareciam demonstrar. Lan Zhansempre fora fiel aos seus, e sempre fizera de tudo para os defender.E de facto, Jingyi era um dos seus, por isso não haveria qualquerrazão para o mais novo ter medo de si.

- Posso saber o que sepassa aqui? - A voz de Wen Ning se fez presente em seus ouvidos, elogo Sizhui voltou seu olhar para aquele delicado rosto. Ele piscouseus olhos completamente incrédulo pela atitude do mais velho,especialmente porque ele nunca haveria repreendido suas brincadeiras.

- Ahm...Jingyi apenasestava me falando que eu deveria dançar com ele depois. - O jovemLan respondeu num tom de voz que suave ligeiramente baixo, seu olharcompletamente triste. Ele deu delicadamente de ombros enquanto olhavapara algo que não fosse o mais velho, afinal ele não se sentiacapaz de lidar com toda aquela confusão que ia dentro de si.

- Você deveria apenasdançar com seus pais ou seus tios, Lan Sizhui. - Replicou o maisvelho com uma voz dura, coisa que acabou por fazer com que o chinêstremesse ligeiramente. Sizhui voltou seu olhar para aquele delicadorosto, e arqueou uma de suas sobrancelhas.

- Acho que uma dançacom meu melhor amigo não faz diferença. - Sizhui dissera apenas nãoquerendo manter por muito tempo aquela conversa, afinal sua menteainda se encontrava uma verdadeira confusão, e tudo aquilo apenasservia para o deixar ainda mais confuso.

- Como queira Sizhui. -Concluiu Ning enquanto dava de ombros. O olhar dele se encontravacompletamente triste, e sem dúvida que isso acabou por partir umpouco mais o coração do jovem Lan.

 Porém, apesar de suavontade ser a de mencionar algo para o mais alto, Sizhui simplesmentenão conseguia falar nada. Sua voz parecia estar travada, e tudo queele conseguiu foi falar um mero "ok". De facto, tudo aquilo eraestranho e confuso, e assustava um pouco o chinês. Era como se asrespostas de tudo aquilo estivessem longe e acabassem por machucá-lode certa forma. Ou quem sabe, machucar aquele que ele jamais desejavamachucar em toda a sua vida.

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