Capítulo 4

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A noite pareceu uma eternidade, foi a noite mais longa que eu vivi, os trovões não cessavam, como também a chuva que seguia implacável. Quando amanheceu, levantei, tomei banho e fui tratar de nosso desjejum. Quando as crianças chegaram a cozinha, eu já estava tomando café, indiquei que se sentassem e disse:

- Bom dia, crianças! Quero que tomem café e fiquem lá no salão com Abigail. Vou precisar ir na cidade vizinha e volto a noitinha.

- Mas, a senhora volta hoje não é? Não quero ficar nessa casa sozinha. Respondeu Laura.

- Não se preocupe, estarei aqui no jantar, até lá quero que fiquem no salão, e não saiam de lá até que eu volte. Agora tomem o café, vou deixar vocês no salão. Disse.

Pouco tempo depois juntaram-se a nós o padre, cristal e mamãe. A conversa foi tranquila, porém padre Guilherme parecia preocupado. O foco de Cristal, no entanto era observar o meu comportamento. Quando nos levantamos para sair minha mãe disse:

- Aonde vão? Preciso que levem Cristal para conhecer a escola.

- Hoje não dá mamãe, os garotos vão dar uma ajuda a Abigail no salão, pois preciso resolver uns assuntos fora da cidade. Respondi imediatamente.

- Algum problema Alice? Perguntou Cristal.

- Não, preciso comprar produtos para o salão, na realidade trazer novidades para minhas clientes... Com a chegada de vocês não tive tempo para isso. Respondi.

Cristal ficou desconfiada com minha viagem repentina, e eu teria que realmente fazer compras para o salão a fim de sustentar a farsa. Terminei de tomar meu café em silêncio, e Laura ficou o tempo inteiro olhando para mim, discretamente fiz sinal para que ela subisse. Assim que terminei meu café disse:

- Devo estar de volta no jantar, ou amanhã pela manhã, vai depender do meu cansaço. Se você não quiser cozinhar mamãe me avise que mando Abigail providenciar pizza para as crianças. Padre Guilherme, peço desculpas por não estar aqui para o jantar.

- Ora Alice não se preocupe, Cristal pode perfeitamente fazer o jantar para nós, será uma maneira de retribuir todo carinho que está tendo conosco, não é Cristal? Perguntou ele dirigindo-se a esposa.

- Alice fique tranquila, cuidarei da casa e das crianças como se fossem minhas. Respondeu Cristal sorrindo.

Me despedi e fui para meu quarto pegar minha sacola, Laura entrou logo em seguida e disse:

- Mamãe não quero ficar aqui. Porque não podemos ir com você?

-Talvez a viagem seja cansativa e entediante. Respondi.

- Nada pode ser pior do que ficar nesta casa com Cristal e com a vovó. Você sempre me leva quando vai fazer compras, o que mudou? Não vai as compras não é?? perguntou ela.

- Está bem, avise a seus amigos que se ajeitem rápido, vamos sair em quinze minutos. E, Laura nenhuma palavra sobre nossa conversa. Disse.

Laura saiu e fiquei uns minutos pensando no que eu ia fazer... peguei o endereço do meu amigo Joaquim, que também era padre, ia conversar com ele sobre o que estava acontecendo. Quando desci os garotos já estavam prontos apenas me aguardando, e Cristal olhava para mim interrogativamente.

- Vai levar as crianças?? Perguntou.

Minha mãe que tinha acabado de entrar na sala disse:

- Que invenção é essa Alice? Levar esses moleques com você?

- Ora mamãe, Laura sempre me acompanhou nas compras do salão, porque não iria agora? E outra coisa eles não são moleques, são crianças... Pelo amor de Deus, seja mais humilde, como pode estar com o nome de Deus na boca o tempo inteiro se no seu coração não há o amor de Deus?? Respondi com outra pergunta.

O DEMÔNIO EM TERRACOTAOnde histórias criam vida. Descubra agora