Na estação de trem, Dana se apresenta. Um festival musical, campos irlandeses, amores e desentendimentos.
Dana vive uma vida monótona vendendo passagens de trem na cidade de Mullingar. Em meio a um namoro cômodo, a adaptação a um novo país e a vonta...
— Você é bem cara de pau, ein, James? — Comenta Lewis ao parar um pouco a minha frente, encostado na coluna, enquanto aguardamos o trem chegar.
— Eu definitivamente só fui educado, Lewis — Ri e dei um soquinho de leve em seu braço. Ele finge que dói e faz uma expressão rápida e falsa de dor, logo depois dando uma risada.
— Tá bom, tá bom — Ele diz bem humorado e o trem chega. Dou uma olhada para o balcão da venda de tickets.
Não é como se eu realmente estivesse dando em cima dela, mas ela chama atenção. Está usando um sobretudo vermelho, tem um cabelo loiro liso que passa os ombros uns dois palmos e agora está rindo com a amiga. Espero que não de nós. Entramos no trem e nos sentamos.
O caminho para Dublin é sempre algo que gosto. É realmente engraçado o fato de que quando eu estou de férias o primeiro lugar que eu penso em vir é para Mullingar. A maioria dos outros trabalhos levam as pessoas a quererem sair correndo das suas cidades monótonas quando estão de férias, porém, esse é o meu lugar e eu sinto muita saudade quando passo meses longe da minha família. Antes já foi mais difícil, admito. Tendo agora minha carreira solo e com, convenhamos, muito mais calma de vida, posso aproveitar melhor a vida e ver minha família com maior frequência. Agora, nessas férias logo após a turnê Flicker, tenho a sensação de que posso finalmente aproveitar a calma da cidade, a companhia da minha família e o sentimento de casa.
— Você acha que a Julia já vai estar lá ou vamos ter que esperar ela? — Falo virando o olhar para Lewis que estava quase tirando uma soneca com a boca aberta e dou uma gargalhada. Na mesma hora ele acorda um pouco assustado e eu repito a pergunta. Lewis é peça rara no quesito ser idiota e fazer todos rirem.
— Acho que ela já estará lá. — Lewis diz e eu concordo, me virando novamente para a janela.
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Julia chega e nos cumprimenta educadamente com um aceno para cada, sentando-se do lado de Lewis, que está na minha frente.
— Ansiosa para o Lowlo, Julie? — Lewis fala de forma carinhosa o apelido de Julia ao chamar o garçom para entregar o cardápio. Julia escolheu um restaurante movimentado no meio do centro da cidade.
— Na verdade, estou nervosa com o fato de que vou cantar no mesmo palco que John Mayer e o pior é que eu vou tocar depois dele, o que quer dizer que todos já vão ter ido embora naquela hora.
— Não fala assim, Ju, acho que você não percebe que também tem muitos fãs. — Falo pegando um cardápio e sorrindo educadamente para o garçom. Esse cardápio até que tem comidas boas. Aponto para um prato no menu mostrando para o garçom para não precisar cortar a conversa no meio.
— É, até que tenho, mas depois de John Mayer? Fica difícill... — Ela fala dando uma olhada no cardápio. — Quero a salada com creamcheese, por favor!
— Eu quero esse macarrão. — Lewis fala pegando os cardápios das nossas mãos e entregando todos para o garçom, que, logo após anotar tudo, vai em direção a cozinha.
— Mas, enfim, acredito que esse festival será incrível. Estava querendo ir a um show do Mayer há um bom tempo, vocês sabem o quanto eu gosto! — Falo animado.
— Como se você nunca tivesse ido em um... — Lewis fala levantando uma sobrancelha. Dou de ombros e Julia continua a conversa.
O festival, que vai ser em Cork, tem tudo para ser um daqueles alternativos que acontecem em lugares aleatórios e são incríveis. Na verdade, tive certa vontade de tocar lá, mas após anunciar minhas férias vi que era minha melhor alternativa.
O festival tem dois dias, mas é óbvio que o primeiro é o mais esperado. O segundo terá bons artistas, mas... ainda não decidi se vou nesse também.
— Você acredita que o Niall deu em cima de uma garota que trabalha vendendo tickets na estação, Julia? Esse cara não presta! — Lewis fala rindo e Julia ri também.
— Não fala assim, Lewi, parece que ele é um galinha desse jeito! — Julia dá uma garfada em sua salada e balança a cabeça com um sorriso no rosto.
— Exato! Eu só fui educado, Julie! — Falo me defendendo. Talvez o Lewis não esteja tão errado assim, eu até que dei em cima da garota, mas o que tem de errado? Primeiro que eu estou de férias e quero aproveitar, segundo que eu só vou vê-la novamente na estação e não foi nada demais. Ele fica tirando com a minha cara só pra provocar, sabe que eu vou ficar com vergonha. Melhores amigos servem pra que mais se não pra fazer passar vergonha, não é mesmo?
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Terminamos o almoço e então nos direcionamos para a rua. Não demora muito até que Julia toque no assunto. Entendo a preocupação como amiga, mas é realmente chato falar sobre e eu prefiro ficar quieto sobre as coisas que me incomodam.
— Então, Ni... Você falou com a Hailee nesses tempos? — Julia pergunta de forma educada, dando uma olhada rápida para Lewi para buscar aprovação pela pergunta, mas de forma apreensiva instala um olhar preocupado. Me sento na mureta em frente ao restaurante e respiro fundo.
— Na verdade, não. Já faz alguns bons meses, né? E eu sei que até pouco tempo eu ainda estava imerso nessa dor de corno, mas agora já estou bem, mesmo! Acho que foi o melhor, ela lá e eu aqui. Ao menos isso me rendeu boas músicas, acho que resulta em um álbum novo. — Falo e dou uma risada. Tente tirar o melhor proveito possível das suas dores, já diria a minha mãe.
— Certo... Então, fico aliviada! Podemos ir pro festival sem ter a chance de você ficar podre de bêbado em um canto chorando pela ex. — Julia também ri e Lewi revira os olhos, provavelmente lembrando da vez em que me carregou nos ombros por um desses vexames.
De qualquer forma, é passado. Temos um festival esse final de semana e há tempos que não fico ansioso assim. Vai ser incrível e, sim, eu vou aproveitar pra caralho.
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18 de maio de 2019.
— O que é isso? — Joguei o copo no chão. — Hello, eu, Dana, estou aqui! — Falo abanando as duas mãos tentando fazer com que me enxerguem. Mas que porr...
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Eu DUVIDO você o que acontece no dia 16 que deixa a Dana assim! Uma hora eu conto kkkkkk beijos (ai que vergonha)
